“Sempre vi nele um rapaz muito equilibrado, com uma maturidade supra daquilo que a idade representava, um foco muito evidente”, recorda o velho treinador do Barreirense António Paulo Ferreira, também professor na Faculdade de Motricidade Humana.
Pela qualidade e visão de jogo que reconhecia nele, António não estranhou os voos mais altos de Neemias, mas confessa que, para ele, a chegada à NBA foi inesperada: “naquela profundeza não se antecipava a possibilidade de ele poder um dia nascer numa liga uma vez que a NBA, mas percebia-se que havia potencial para poder desenvolver-se num sentido muito interessante, a eventualidade de um dia poder ser um jogador de projeto da modalidade”.
Na “caixinha”, uma vez que é chamado o pavilhão do Ginásio Sede FC Barreirense, o nome Neemias é lembrado, ele que durante a sua formação pisou a quadra que dezenas de jovens hoje pisam.
“O Neemias é sempre um exemplo e uma supimpa pessoa porque, quando ele está cá, acaba sempre por passar pelo clube”aponta o treinador dos sub-14, Gonçalo Amorim, contando que ele “chega a vir aos treinos dos pequeninos e obviamente que é um ídolo para eles”.
“É supimpa o Neemias poder jogar lá”
Cresceu numa família humilde e, muitas vezes, tomava conta da mana mais novidade enquanto os pais trabalhavam. Cresceu no Vale da Amoreira, no concelho vizinho da Moita, jogou ainda no Benfica antes de dar o salto para os Estados Unidos.
Andou entre a liga norte-americana secundária e a principal, até atingir o ponto superior que vive por estes dias: é o primeiro português a chegar às finais da NBA.
Os Boston Celtics jogaram esta madrugada o terceiro jogo da final e voltaram a vencer os Dallas Mavericks. Numa série à melhor de sete, basta vencerem a partida de sábado para que a equipa de Neemias conquiste o título.
É uma liga seguida nos quatro cantos do mundo, incluindo no Barroca. Com a benção do treinador, o jogador Gonçalo Manaia interrompe por uns minutos o treino para falar com a Antena 1. Sai das quatro linhas cansado, com o suor de quem tinha começado o treino há qualquer tempo, “mas tem que ser”.
“Se queremos evoluir, temos que nos cansar e trabalhar muito”, diz.
Se jogasse lá fora, Gonçalo gostava que fosse em Espanha. Está sisudo ao melhor do basquetebol e Stephan Curry, dos Golden State Warriores, é um exemplo na NBA. A Antena 1 pergunta por Neemias, se o conhece. “É supimpa o Neemias poder jogar lá”, afirma.
Tal uma vez que Gonçalo, muitos jovens ambicionam chegar a esta liga. Ali, no clube do Barroca, têm uma referência: “não digo que seria giro termos outros Neemias, mas os jogadores que possam andejar nesses cenários seria muito interessante nos próximos anos, trabalhamos para isso”, garante o treinador Gonçalo Amorim.
O selecionador pátrio Mário Gomes valoriza a experiência que ele traz da NBA para a equipa, sendo o único português na liga norte-americana.
Ainda assim, esta presença traz uma desvantagem: “não temos podido recontar muitas vezes com ele, porque os compromissos dos jogadores da NBA só lhes permitem jogar na Europa no período em que a NBA está paragem, que é o período do verão”.
Esperançoso no apuramento da seleção para o Europeu de Basquet, Mário Gomes conta com Neemias no verão do próximo ano.