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Pavel Durov, fundador e presidente executivo da aplicação Telegram, foi detido pelas 20 horas (locais) de sábado, no aeroporto francês Le Bourget, nos arredores de Paris.
O empresário da área das tecnológicas, de nacionalidade russa e francesa, acabava de sair do seu avião particular que aterrara vindo do Azerbaijão. Foi intercetado ao abrigo de um mandado de detenção emitido pela justiça francesa.
Quem é Pavel Durov?
Nascido na cidade russa de São Petersburgo, em 1984, este programador foi muitas vezes designado de “Mark Zuckerberg russo”, pelo engenho empresarial que revelou.
Abandonou a Rússia em 2014, após recusar cumprir com as exigências das autoridades para que encerrasse comunidades afetas à oposição na rede social VKontakte (posteriormente VK), que ele fundou, que se tornou a maior rede social da Rússia e que ele venderia posteriormente.
Lançou o Telegram em 2013 e a aplicação conquistou os russos. Quando, em 2018, as autoridades de Moscovo bloquearam a aplicativo no país, houve protestos nas ruas, em que foram usados cartazes com a imagem de Durov elevada a um ícone religioso.
Em abril, numa entrevista ao apresentador conservador norte-americano Tucker Carlson, o franco-russo descreveu a odisseia para instalar a sua empresa no estrangeiro, que incluiu temporadas em Berlim, Londres, Singapura e São Francisco.
“Prefiro ser livre do que receber ordens de alguém”, disse então, sublinhando o seu compromisso para com a liberdade de expressão e a privacidade.
Em 2017, estabeleceu-se no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em agosto de 2021, obteve cidadania francesa.
Protesto em São Petersburgo, em 2018, contra o bloqueio ao Telegram
OLGA MALTSEVA / AFP / GETTY IMAGES
De que é acusado?
Com quase mil milhões de utilizadores, o Telegram é um serviço gratuito de troca de mensagens semelhante ao WhasApp. A plataforma de Durov, porém, garante uma encriptação total das mensagens trocadas. Isso garante-lhe popularidade pela privacidade que proporciona, mas também gera controvérsia.
Segundo a imprensa francesa, a detenção de Durov deve-se a uma insuficiente política de moderação de conteúdos que potencia atividades criminosas na aplicação e o torna cúmplice de tráfico de droga, fraudes ou pedofilia.
“Na sua plataforma, ele permitiu que um número incalculável de ofensas e crimes fossem cometidos, pelos quais ele nada fez para moderar ou cooperar [com a aplicação da lei]”, disse à televisão francesa TF1 uma fonte próxima do caso não identificada.
A detenção de Durov foi aparatosa. Nela participaram agentes das polícias de transporte aéreo, do ciberespaço, membros do Gabinete Nacional Anti-Fraude e uma equipa de polícias das fronteiras.
Albert Gea/Reuters
Internacional
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O que diz Elon Musk sobre o caso?
Proprietário da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk foi um dos defensores do franco-russo mais vocais. “É 2030 na Europa e uma pessoa é executada por fazer ‘gosto’ num meme”, ironizou, num publicardenunciando as interferências governativas na Internet.
Em várias publicações, o empresário norte-americano repetiu uma ideia expressa em intervenções passadas: “Moderação é uma palavra de propaganda para censura”.
E quando, na rede social X, alguém questionou por que razão as autoridades não detinham Mark Zuckerberg, o presidente da Meta, que detém o Facebook e o Instagram — aludindo à Operação MetaPhile, nos EUA, sobre potenciais danos provocados às crianças pelo Facebook, Instagram e WhatsApp —, Musk atacou: “Porque ele já cedeu à pressão da censura. O Instagram tem um enorme problema de exploração infantil, mas não há [ordem de] prisão para Zuck, uma vez que ele censura a liberdade de expressão e dá aos governos acesso secreto aos dados dos utilizadores”.
Por que se discute a liberdade de expressão?
Seja ao nível dos internautas, seja ao nível dos poderes políticos, a detenção de Durov levanta questões sobre o equilíbrio entre a liberdade de expressão, que as redes sociais garantem, e a necessidade de moderar os conteúdos on-linepara combater o radicalismo e a criminalidade.
O destino do franco-russo às mãos da justiça francesa pode ter implicações nas políticas das redes sociais e das plataformas de mensagens, em diferentes jurisdições.
No imediato, o caso está também a ser instrumentalizado para batalhas políticas, nomeadamente no contexto das próximas eleições presidenciais nos Estados Unidos.
“Pavel Durov deixou a Rússia quando o governo tentou controlar a sua empresa de redes sociais, o Telegram. Mas, no final, não foi Putin que o prendeu por permitir que o público exercesse a liberdade de expressão”, escreveu na rede social X o apresentador e comentador conservador norte-americano Tucker Carlson. “Foi um país ocidental, aliado da Administração Biden e membro entusiasta da NATO, que o prendeu.”
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