Março 21, 2025
Há um tesouro escondido em Esposende que nos lembra porquê é bom ser párvulo

Há um tesouro escondido em Esposende que nos lembra porquê é bom ser párvulo

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A rua de São Cláudio, em Curvos, Esposende, parece em tudo igual a qualquer outra das redondezas. Mas, porquê que escondido, num cantinho muito tratado avante da estrada, há alguma coisa que a distingue. Parece um sítio mágico no qual ao entrarmos viajamos no tempo, até a puerícia. Uma vez que se fôssemos personagens nas aventuras de Tom Sawyer. O “Quina da Palhoça” foi construído nos anos 80 por três amigos, o Zé Manel, o Chico e o Toni, que ali fizeram o “quartel-geral” para as suas brincadeiras. Agora, são crescidos. Mas um deles, Zé Manel, recuperou a colmado e abriu-a ao público para que os pais pudessem levar lá os filhos, contar-lhes histórias e, sobretudo, mostrar-lhes porquê se brincava antigamente. E porquê é bom ser párvulo.

Há um jardim relvado a rodear duas cabanas. Uma mais pequena, terrea. Outra, maior, com dois pisos. À ingresso temos logo a informação: “Levante espaço foi construído por Zé, Chico e Toni. Atualmente nascente espaço pertence ao Zé e pretende dar a saber porquê eles brincavam na dezena de 80 e 90 do século pretérito”.

Foto: Pedro Luís Silva / O MINHO

A colmado mais pequena foi “a segunda a ser construída”. A colmado maior não está no sítio original. “Aí existia uma colmado feita com árvores conhecidas vulgarmente por mimosas e na primavera escondida por flores amarelas. Mas devido à pouca exposição solar, as mimosas morreram e só posteriormente foram construídas a colmado com dois andares”, lê-se na história afixada à porta.

Uma colmado mais pequena. Foto: Pedro Luís Silva / O MINHO

Na colmado maior, entre-se e, logo no rés-do-chão, vemos fotografias divertidas na parede que registraram a puerícia do trio fundador daquele templo de brincadeiras. Uma vez que era o antes e o depois dos primos Zé Manel e Chico e o camarada Toni construíram o Quina da Palhoça no terreno da avó dos dois primeiros, Laurinda da Silva Lima, conhecida porquê avó Laurinda de Vilar.

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Foto: Pedro Luís Silva / O MINHO

Umas escadas estreitas de madeira dão aproximação ao piso superior. Uma janela deixa o sol iluminar o espaço. Há uma mesa, cadeiras e muitos livros infantis. E mais fotografias que documentam as muitas atividades ali realizadas antigamente.

“A imaginação era a base de todas as brincadeiras. Estivesse o calor mais ardente ou a chover, a diversão neste espaço estava sempre garantida. Todos os dias no final da escola era uma novidade experiência de vida. Consiste em ir ao monte trinchar mais mimosas/austrálias, trazê-las às costas, trinchar e pregar para continuar a construção”, lê-se na história do “Quina da Palhoça”.

E continua: “Também se juntavam ali para fazer em carrinhos de rolamentos, bolas de trapos, arcos de flecha, fisgas, etc. A construção dos próprios brinquedos proporcionou a estas crianças uma aprendizagem pelo cumprimento de regras e organização de trabalho”.

Além das brincadeiras diárias, ali também se realizaram “festas que marcaram as pessoas desta freguesia de Curvos, porquê a via sacra, a visitante pascal, o sermão do mês de Maria, o Carnaval com concurso de máscaras, o São João com sardinha assada e broa de milho, o São Martinho com castanhas assadas na fogueira, jogos tradicionais com lançamento de bolas de trapo às latas, tiro ao intuito, corrida de sacos, etc”.

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Espaço exterior. Foto: Pedro Luís Silva / O MINHO
Foto: Pedro Luís Silva / O MINHO
Foto: Pedro Luís Silva / O MINHO

“Hoje, o Quina da Palhoça, depois de um pequeno restaurante, pode ser visitado, possuindo uma pequena exposição fotográfica e um ror documental infanto-juvenil que podem ser consultados por adultos, crianças e onde estes também podem trebelhar”, conclui a história.

“Entrou no roteiro de Curvos”

Presentemente, o espaço que era da avó Laurinda de Vilar é de Zé Manel, que restaurou o Quina da Palhoça.

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Os tempos de puerícia já lá vão. José Manuel Souto tem 48 anos. O primo Chico, 45. E o camarada Toni, 50. “Agora é mais vasqueiro” juntaram no Quina da Palhoça, conta a O MINHO o professor de Ensino Física.

José Manuel Souto no Quina da Palhoça. Foto: Dr.

Depois de ter estado a trabalhar nos Açores, regressou e começou a trabalhar mais a sério no restaurante das cabanas. Reconhecemos que o Quina da Palhoça ainda é um tesouro escondido, que pouca gente conhece, apesar de já estar sincero ao público todos os dias, pois ainda quer melhorar o restaurante. Mas está a pensar, em breve, dar uma “sarau” para dar a saber o espaço.

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José Manuel mora ao lado do Quina da Palhoça e trata da sua manutenção. Quem visitante o sítio, garante, é respeitado e até hoje houve quaisquer problemas.

É um espaço privado, mas a Junta manifestou totalidade disponibilidade para colaborar com o Quina da Palhoça, que é uma mais-valia para a freguesia.

“Entrou no roteiro de Curvos, qualquer pessoa que visite a freguesia faz questão de visitar o Quina da Palhoça”, vinca a O MINHHO o presidente da União de Freguesias de Palmeira de Faro e Curvos, Mário Fernandes, acrescentando que o espaço é muito visitado por crianças das escolas.

Mário Fernandes, presidente da Junta, com José Manuel, dentro da colmado maior. Foto: Dr.

O objetivo é justamente chegar às crianças, mostrar-lhes porquê se brincavam há umas décadas, sem telemóveis.

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“As crianças hoje acabam por trebelhar um pouco. Tivemos uma puerícia muito feliz porque brincamos muito, andamos na rua, no campo. E o objetivo fundamentalmente é esse: dar a saber o Quina da Palhoça aos pais para que possam levar lá os filhos, sentar-se lá com eles, contar-lhes uma história, e mostrar às crianças porquê brincávamos antigamente”, explica José Manuel.

E também trebelhar porquê o Zé, o Chico e o Toni podem trebelhar nas décadas de 80 e 90.

Fonte
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