Holanda autoriza eutanásia em mulher de 29 anos por sofrimento mental: ‘Será uma vez que adormecer’

• Eutanásia: Entenda uma vez que funciona e as regras que liberam o ato em 7 países
• ‘Escolha é minha’: Mulher viaja à Bélgica para ter aproximação à eutanásia; entenda uma vez que funciona, da decisão ao procedimento

A história de Ter Beek repercutiu depois ser publicada pela rede The Free Press, em abril. Ela disse que decidiu pela morte assistida depois seu psiquiatra declarar que havia tentado de tudo, mas que não havia mais zero que pudessem fazer por ela. Ao Guardian, pouco mais de um mês depois, Ter Beek lembrou que, no início do tratamento, ainda tinha expectativas de que fosse melhorar.

— Na terapia, aprendi muito sobre mim mesma e sobre os mecanismos de enfrentamento, mas isso não resolveu os problemas principais. No início do tratamento, você começa esperançoso. Achei que iria melhorar. Mas, quanto mais o tratamento dura, a esperança começa a se perder — refletiu, afirmando que, depois dez anos de tratamento, “não sobrou zero” em que pudesse apostar.

A decisão veio pouco depois do termo das sessões de ECT, em agosto de 2020. Ter Beek contou que passou um período “aceitando” que não havia mais opções antes de solicitar a morte assistida ao governo em dezembro daquele ano.

— Eu sabia que não conseguiria mourejar com a maneira uma vez que vivo agora — disse ao jornal britânico, afirmando que pensou em suicídio, mas rejeitou a teoria depois a morte violenta de uma colega de escola e o impacto provocado na família.

A Holanda foi o primeiro país do mundo a legalizar a eutanásia ativa e o suicídio testemunhado, seguida pela Bélgica. Ambos os processos também foram descriminalizados em Luxemburgo e na Espanha. A eutanásia foi adotada por Portugal, Equador, Cuba e Colômbia. Na Áustria e na Suíça, onde a eutanásia é proibida, é permitido o suicídio testemunhado — um procedimento um pouco dissemelhante da eutanásia, no qual a pessoa tem aproximação a uma substância mortífero que é ingerida ou aplicada pelo próprio paciente.

Na Holanda, sob uma lei que entrou em vigor em abril de 2002, uma pessoa pode solicitar a eutanásia quando “passa por um sofrimento insuportável, sem perspectiva de melhora”, pontuando que o pedido deve ser feito “com seriedade e plena persuasão”. O texto prevê que um médico e um profissional independente determinem que o paciente sofre insuportavelmente e sem esperança de melhora.

• Eutanásia: Em meio a polêmica, governo gaulês apresenta projecto de ‘ajuda para morrer’; entenda

Em 2012, a legislação foi ampliada para autorizar o procedimento a maiores de 12 anos sob grande sofrimento, desde que tivessem consentimento dos pais, e em 2020 a pacientes com demência grave, se o paciente tivesse solicitado o procedimento enquanto ainda mentalmente capaz. O governo holandês, em abril de 2023, também aprovou a eutanásia para crianças menores de 12 anos depois anos de debate, permitindo mortes misericordiosas para jovens menores que sofrem “insuportavelmente e sem esperança”.

O procedimento solicitado por transtornos mentais é incomum no país, mas tem aumentado. Segundo dados citados pelo Guardian, em 2010 foram registrados dois casos envolvendo sofrimento psiquiátrico. Em 2023, esse número saltou para 138, tapume de 1,5% do totalidade de 9.068 mortes assistidas.

A mulher explicou que o processo é “longo e complicado”, refutando o imaginário de que, “se você pedisse uma morte assistida na segunda-feira, estaria morto na sexta”. Ter Beek contou que ficou muito tempo na lista de espera para avalição do seu caso, já que há poucos médicos “dispostos a se envolver na morte assistida de pessoas com sofrimento mental”.

— Portanto, você tem de ser medido por uma equipe, ter uma segunda opinião sobre sua elegibilidade, e a decisão deles deve ser revisada por outro médico independente — explicou ao Guardian, afirmando que em cada estágio ouviu a pergunta “tem certeza?” dos médicos: — Nos três anos e meio que isso levou, nunca hesitei na minha decisão.

• Por sete a dois votos: Golpe Constitucional do Equador decide pela descriminalização da eutanásia

Quando sua história foi contada pela The Free Press — em reportagem que, segunda a holandesa, teria muitas imprecisões e deturpações —, Ter Beek recebeu uma enxurrada de e-mails, sendo a maior segmento deles dos EUA. Ela portanto excluiu todas as suas contas das redes sociais. As mensagens, ela explicou, sempre pediam “não faça isso, sua vida é preciosa”.

— Eu sei que é [preciosa] — respondeu, acrescentando que algumas pessoas diziam que “tinham uma tratamento com uma dieta privativo”, enquanto outras lhe sugeriram “encontrar Jesus ou Alá” ou disseram que ela “queimaria no inferno”. — Foi uma merda totalidade. Eu não consegui mourejar com toda a negatividade.

• ‘Vida bela, mas difícil’: Alain Delon aparece em foto com neta um ano depois terebrar decisão por suicídio testemunhado

Ter Beek disse que é “um insulto” as pessoas pensaram que alguém com transtornos mentais “não consegue pensar recta”. Ela, porém, afirmou que é compreensível que casos uma vez que o seu, muito uma vez que o debate mais largo se a eutanásia deveria ou não ser legalizada, eram controversos.

— Entendo o pânico que algumas pessoas com deficiência têm em relação à morte assistida e a preocupação de que as pessoas sejam pressionadas a morrer. Mas na Holanda já temos essa lei há mais de 20 anos. Existem regras muito rígidas e é muito seguro — afirmou ao Guardian.

A mulher contou ao Guardian que, depois saber sua equipe médica, sua morte assistida deve ocorrer dentro de algumas semanas. Apesar de já ter sentido pânico e culpa em relação a seu companheiro, familiares e amigos, dizendo não ser “cega à dor deles”, Ter Beek disse estar “absolutamente determinada”. A sensação foi descrita por ela uma vez que “refrigério”.

• Revelação: Centenas de portugueses protestam contra eutanásia em dia de decisão no parlamento

Na data marcada, que não foi revelada pelo jornal britânico, a equipe irá à morada de Ter Beek, que fica em uma cidade pequena, próxima à fronteira com a Alemanha. Ali, ela vive com dois gatos. Ela explicou todo o procedimento, afirmando que a equipe começará aplicando um sedativo e que nenhum remédio para parar seu coração será aplicado até que ela entre em coma.