Março 20, 2025
Ignoradas por “Oppenheimer”, vítimas dos testes atômicos nos EUA contam as suas histórias – Atualidade

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Wesley Burris dormiu profundamente na leito quando a primeira petardo atômica do mundo explodiu a unicamente 40 quilômetros de sua porta.

Uma luz ofuscante inundou uma vivenda no deserto do Novo México, antes que a força impossível da explosão partisse as janelas, espalhando vidro sobre uma moço de quatro anos e seu irmão.

“Estava tão simples que não consegui ver”, lembra Burris.

“Lembro-me de perguntar: ‘Pai, o que aconteceu? O Sol explodiu?'”, conta.

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Os acontecimentos ocorridos às 5h30 do dia 16 de julho de 1945 são agora mais conhecidos por milhões de pessoas pela sua dramática remontagem no filme “Oppenheimer”, nomeado para 13 Óscares.

Mas eles têm grande valimento na memória real de Burris, que tem agora 83 anos e ainda vive a poucos quilómetros do sigilo lugar onde cientistas e chefes militares se juntaram naquela manhã histórica.

Porque embora o filme apresente o lugar de teste de Trinity uma vez que um vasto deserto vazio, Burris e sua família estavam entre os milhares que viviam num relâmpago de 80 quilômetros.

E uma vez que todos os seus vizinhos, a família não tinha teoria do que estava a ocorrer – ou por que uma nuvem gigante em forma de cogumelo estava a espalhar-se pelo horizonte.

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“Não tivemos susto disso. Porque não nos matamos ali mesmo”, disse à France-Presse (AFP). “Não tínhamos teoria do que era.”

Avançando oito décadas, Burris conhece muito muito a verdadeira mortalidade daquela explosão, que lançou material radioativo a 15 milénio metros de fundura.

O teste ocorreu durante uma tempestade, apesar dos avisos dos cientistas, na corrida para ter a petardo pronta para uma cimeira importante da Segunda Guerra Mundial com os soviéticos.

As chuvas torrenciais trouxeram detritos tóxicos de volta para inferior, onde contaminaram a poeira do deserto, o aprovisionamento de chuva e a prisão fomentar.

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Wesley Burris

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Wesley Burris

Burris perdeu o irmão por desculpa de um cancro. A mana dele também teve, assim uma vez que a filha dela.

E ele próprio tem cancro de pele, que tenta tratar com a medicina tradicional dos nativos americanos.

Apesar de tudo isso, nenhum procedente do Novo México afetado pela radiação do teste Trinity recebeu um centavo de indenização.

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“Éramos cobaias”, disse Tina Cordova, uma sobrevivente do cancro que dirige o Consórcio Downwinders da Bacia de Tularosa, que apela à justiça.

“Mas eles voltam para ver as cobaias. Ninguém nunca voltou para ver uma vez que estávamos”, destacou.

“Oppenheimer”

Para ativistas uma vez que Cordova, o filme “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, pelo menos dinâmica o noção da Experiência Trinity a milhões de pessoas em todo o mundo.

“Mas não foi longe o suficiente”, disse à AFP.

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A produção é a grande favorita para recolher vários Óscares a 10 de março, incluindo Melhor Filme.

“Não seria notável se, durante os Óscares, qualquer deles dissesse: ‘Quero considerar o sacrifício e o sofrimento do povo do Novo México’”, disse Cordova.

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Tina Cordova e Louisa Lopez

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Tina Cordova e Louisa Lopez

“Eles sabiam sobre nós quando fizeram o filme – simplesmente optaram por ignorar-nos novamente.”

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Cordova – uma das cinco gerações da sua família sofreu com cancro desde 1945 – espera que tal reconhecimento finalmente possa pressionar o Congresso dos EUA a alargar a indenização ao seu estado.

O tempo está a passar.

A atual Lei de Indemnização de Exposição à Radiação apoia aqueles que viveram perto de locais onde testes nucleares foram realizados posteriormente em Nevada, Utah e Arizona. Mas mesmo isso expira em junho.

Foi uma tentativa de alargar o seu contexto para incluir aqueles expostos à primeira explosão atómica, que foi aprovada pelo Senado dos EUA no ano pretérito, foi retirada de um gigantesco projecto de lei de resguardo em Dezembro pela Câmara dos Representantes, devido a preocupações sobre o seu dispêndio.

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“Não deveria ser logo que vivemos. Realizamos vendas de bolos, vendas de garagem e jantares de enchilada para que possamos recolher quantia para ajudar essas famílias”, disse Cordova.

“Talvez o Pentágono deve ter uma venda de bolos todas as semanas para satisfazer suas exigências orçamentais, da mesma forma que nós.”

De tratado com “First We Bombed New Mexico” [“Primeiro bombardeámos o Novo México”, em tradução literal]um novo documentário que segue a campanha de Córdoba, as famílias afetadas pela radiação são “na sua maioria hispânicas e nativas”.

‘Um monte de mentiras’

“Oppenheimer”

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“Oppenheimer”

Burris não ficou surpreso com o recente filme “Oppenheimer”.

“Sim, vi, mas esse filme é um monte de mentiras”, disse.

“Quantas pessoas morreram cá? Eles nunca disseram zero sobre isso.”

Mas ele há muito que se resignou a ser deixado de lado pela História.

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Em julho de 1945, sua família foi finalmente informada de que ocorreu uma explosão de munição.

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Para exacerbar o mistério, dois homens estranhos com binóculos foram vistos a observar a explosão em caminhões estacionados perto de seu jardim.

“Eles não nos contavam zero”, lembra.

Alguns anos depois, outro grupo de homens apareceu perto da vivenda, vestindo fatos brancos e máscaras.

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O seu irmão mudou-se deles, perguntando por que estavam a cavar um buraco no soalho e a reunir amostras.

“Eles disseram: ‘Precisas transpor daqui. Isto vai matar-te'”, lembrou Burris.

“E ele disse: ‘Para onde você? Moramos cá mesmo nesta vivenda.'”

Fonte
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