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29 Outubro 2024
Reagindo à notícia de que o Parlamento israelita aprovou uma lei que proíbe a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA, na sigla inglesa) de operar em Israel, a Secretária-Geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, declarou que “esta lei sem noção é um verdadeiro ataque aos direitos dos refugiados palestinianos”. E explicou: “Foi claramente concebida para impossibilitar o funcionamento da agência no Território Palestiniano Ocupado (TPO), obrigando ao encerramento da sede da UNRWA em Jerusalém Oriental e eliminando os vistos para o seu pessoal. Esta medida equivale à criminalização da ajuda humanitária e irá agravar uma crise humanitária já catastrófica”.
Para Agnès Callamard, “a UNRWA tem desempenhado um papel indispensável na oferta de alimentos, água, assistência médica, educação e abrigo aos cerca de dois milhões de palestinianos em Gaza, que foram deslocados à força, sujeitos a uma fome provocada e correm sérios riscos de genocídio em resultado da ofensiva implacável de Israel nos últimos doze meses. Esta lei é contrária à ordem do Tribunal Internacional de Justiça para que Israel garanta assistência humanitária suficiente e facilite os serviços básicos”.
“A UNRWA tem sido uma tábua de salvação para os refugiados palestinianos na Faixa de Gaza ocupada, na Cisjordânia e nos países vizinhos ao longo dos 75 anos desde a sua fundação. A situação do povo palestiniano seria ainda mais grave se não fosse o trabalho incansável da UNRWA ao longo dos últimos três quartos de século”, defendeu a secretária-geral da Amnistia Internacional.
“A comunidade internacional deve ser rápida em condenar essa medida nos termos mais veementes e exercer toda a influência que tiver sobre o Governo israelense para revogá-la”
Agnès Callamard
“Esta lei terrível e desumana só agravará o sofrimento dos palestinos, que passaram por dificuldades inimagináveis desde os terríveis ataques do Hamas e outros grupos armados no sul de Israel, há um ano, e cuja necessidade de apoio global é maior do que nunca. A comunidade internacional deve ser rápida em condenar essa medida nos termos mais veementes e exercer toda a influência que tiver sobre o governo israelense para revogá-la”, concluiu Agnès Callamard.
Contexto
Fundada em 1949, a UNRWA é uma agência das Nações Unidas que apoia a assistência e o desenvolvimento humano dos refugiados palestinianos. É financiada quase inteiramente por contribuições voluntárias dos Estados membros da ONU.
A UNRWA definiu os refugiados palestinianos como “pessoas cujo local de residência habitual era a Palestina durante o período compreendido entre 1 de junho de 1946 e 15 de maio de 1948 e que perderam a sua casa e os seus meios de subsistência em consequência do conflito de 1948”.
Numa altura em que Israel, a potência ocupante, continua a violar de forma flagrante as suas obrigações para com os refugiados palestinianos em Gaza e no resto do Território Palestiniano Ocupado, a UNRWA tem servido, desde há muito, como única tábua de salvação, oferecendo a indispensável ajuda humanitária, educação e abrigo. A agência também presta uma ajuda desesperadamente necessária a milhões de outros refugiados palestinianos que vivem nos países árabes vizinhos.
Em janeiro de 2024, mais de uma dúzia de Estados e a União Europeia anunciaram a suspensão do financiamento da UNRWA, na sequência de alegações de que alguns membros do pessoal estariam envolvidos nos ataques de 7 de outubro perpetrados pelo Hamas e outros grupos armados no sul de Israel. Na altura, a UNRWA despediu imediatamente nove funcionários por causa das alegações.
Quase todos os Estados que haviam suspendido anteriormente o financiamento da UNRWA, entretanto, restabeleceram seu apoio financeiro, com exceção dos Estados Unidos da América, onde o financiamento permanece congelado até pelo menos março de 2025.
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