José Pinto tinha mais de 30 anos quando chegou aos palcos do teatro, em 1962. Era electrotécnico de profissão e foi acumulando as duas actividades, tendo chegado aos ecrãs de televisão a partir da dez seguinte. A sua presença no cinema, cumpriu-a já sexagenário, na dez de 1990. José Pinto morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 95 anos. A notícia de sua morte foi avançada em sua página pessoal do Facebook.
“É com grande tarar que anunciamos a morte do nosso José Pinto, tendo falecido calmamente em sua morada na noite passada”, diz a mensagem endereçada aos “estimados amigos” do ator. “Aproveitemos levante momento não somente para lamentar esta triste notícia, uma vez que para comemorar a vida e obra de um varão que sempre mostra dar o melhor de si aos outros, seja através do pequeno ou grande tela, teatro ou face a face com aqueles que lhe foram mais próximos”, pode ainda ler-se.
José Pinto nasceu em Vila Novidade de Gaia em 15 de Janeiro de 1929. Foi, durante muitos anos, funcionário da Anglo-Portuguese Telephone Company, uma das primeiras operadoras de telefónicas portuguesas. Só em 1962, já depois dos 30 anos, é que começou a interessar-se pela representação, primeiro nos palcos, com o Teatro Experimental do Porto (TEP). No término dessa dez, foi conciliando as duas atividades. As suas primeiras aparições em televisão, na dez seguinte, foram em teatro filmado. Peças uma vez que As Profecias do Bandarrade Almeida Garrett, em 1972, Ó Motim ou Morte no Bairro. Pode também ser visto em série uma vez que O Varão que Matou o Diaboprotagonizado por Herman José, ou Um Táxi na Cidade. Só na viragem dos anos 1980 e 1990, já na pré-reforma, tornou-se ator de profissão.
Apareceu em Vale Abrahãode Manoel de Oliveira, com quem também trabalhou em Viagem ao Princípio do Mundo, Inquietação, Termo e Utopia e Cristóvão Colombo – O Mistério. Com João Botelho, rodou Quem é Você?, Tráfico e O Fatalista. Fez secção ainda de Terreno Friade António Campos, A Sombra dos Abutresde Leonel Vieira, Longe da Vista e Duas Mulheresde José Mário Grilo, Jaimede António-Pedro Vasconcelos, Malde Alberto Seixas Santos, Ó Delfimde Fernando Lopes, Apartamento Voante a Baixa Altitudede Solveig Nordlund, O Fascíniode José Fonseca e Costa, A Mulher Políciade Joaquim Sapinho, Raivade Sérgio Tréfaut, Perdida Mentede Margarida Gil, ou Coisa Ruim, de Tiago Guedes e Frederico Serra. Trabalhou com Tiago Guedes também em Os meninossérie da RTP de 2016.
Em 2015, fez de António de Oliveira Salazar, figura com o que tinha algumas aparências, também utilizado na campanha institucional de 2019 Dois Minutos Para Mudar de Vidaem Capitão Falcãocomédia de João Leitão, para quem já tinha protagonista do curta-metragem O Grande Monteleone. Outra figura com a que se assemelhava fisionomicamente era Miguel Torga, não sendo por isso de estranhar que ele tenha cabido o papel do noticiarista nascido Adolfo Correia da Rocha num documentário televisivo de 2007, Miguel Torga, o Meu Portugalde Ângelo Peres.
Na televisão, apareceu ainda em séries uma vez que Claxon, Clube Paraíso, Os Andrades, Major Alvega, Conta-me Uma vez que Foi, Cidade Despida ou Velhos Amigos. No mundo das novelas, fez A Mito da Garça, Ganância, O Olhar da Serpente, Amanhecer, Queridas Feras, Dei-te Quase Tudo, Dias dançantes, Mulheres ou Santa Barbara.
Ganhou, em 2016, um Prêmio Sophia para Melhor Ator Secundário pelo trabalho em Capitão Falcão. Foi também distinguido com a Pena de Camilo Forte Branco no Festival de Cinema e Vídeo de Famalicão (FamaFest).
De concórdia com a publicação colocada na página do Facebook do ator, o funeral vai realizar-se neste sábado, 17 de Fevereiro, às 10h na Igreja do Candal em Vila Novidade de Gaia. É também lá que o corpo de José Pinto estará em câmara ardente a partir das 14h desta sexta-feira.
O ator António Capuz, que é diretor do Teatro do Bolhão, publicou uma retrato de José Pinto e lamentou: “Querido Zé…”, com o símbolo de um coração preto a assinalar o luto. António Pedro Afonso, também ele ator, desejou “boa viagem” ao “nosso querido Zé”, ornamentando a publicação com emoticons das máscaras que representam a sétima arte.
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