João Ferreira Queimado, vetusto jogador de rugby do Benfica, escreveu uma crónica no Observador, na qual recorda que o clube não tem tido os melhores resultados desportivos no futebol masculino e aponta o dedo à direção, informação e, previsivelmente, a Roger Schmidt.
O vetusto desportista começa por relembra que “nas últimas cinco épocas, dos 20 títulos nacionais em disputa, o SLB ganhou três (os mesmos que o Braga). Será que a maioria dos sócios do Benfica, no meio do seu fervor clubístico, têm consciência desta triste verdade? Isto são factos não são opiniões. E é a partir dos factos que temos que refletir para tentar mudar o horizonte”.
Na opinião do historiógrafo, o problema não passa por falta de investimento, salários, Liceu, condições de trabalho ou esteio mas sim que “temos um problema ‘política desportiva’ entre portas, há anos, que nos impede de lucrar mais”.
“Todos os anos somos o Clube que mais compra em quantidade e em valor mas que simultaneamente inicia as épocas com os planteis mais desequilibrados, com lacunas óbvias em lugares chave. Nunca fechamos os planteis. E a principal razão porque os não fechamos é que a nossa política de compras tem sempre um maior foco em reunir jogadores jovens, independentemente da sua posição e do seu perfil e em que o principal critério é que tenham potencial para virem a ser a nossa próxima grande venda milionária”, escreveu.
O vetusto raguebista do Benfica culpa também a cultura do clube e o departamento de informação mas não poupa o treinador: “A escolha do treinador é a decisão mais importante de qualquer estrutura profissional de futebol. Uma escolha com o perfil incorrecto compromete a melhor estratégia. Esta quadra, com um plantel de qualidade, embora uma vez que sempre desequilibrado, tínhamos a obrigação de fazer mais e melhor”.
“Roger Schmidt tem uma proposta de jogo interessante, que já deu bons resultados no Benfica, mas a sua enorme teimosia e inflexibilidade limita-o uma vez que profissional, insistindo em viver em negação, numa verdade paralela, recusando a ver o que toda a gente via, há muito tempo, e que nos levou aos resultados que levou. Um líder sem bom tino pode levar a resultados catastróficos e nascente foi o caso”.
Na sua opinião, vender para faturar sem pensar no projeto desportivo é um erro. “António Silva e João Neves são mais dois exemplos de dois extraordinários jogadores formados na Liceu, com qualidade, carisma e benfiquismo, que muito provavelmente vão executar brevemente o seu destino, vítimas do protótipo, rendendo uns milhões à tesouraria do Clube, simplesmente para remunerar as contas, deixando poucos títulos na sua história. É um protótipo que não faz sentido”.
João Ferreira Queimado concluiu com uma nota de pessimismo: “O Capitão Otamendi, em poucos minutos e em poucas palavras, posteriormente o jogo com o Famalicão, resumiu muito muito a quadra do Benfica, significa que nem toda a gente anda a dormir no Clube e há quem perceba onde estão os problemas, mas a mudança terá de vir de cima ou zero irá ocorrer de dissemelhante no horizonte próximo e continuará a ser um Benfica diferido”.