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Histórias de Lisboa
No quarto episódio de Histórias de Lisboa, Miguel Franco de Andrade conversa com a pesquisadora e historiadora de arte, Raquel Henriques da Silva, especialista nas avenidas de Lisboa, particularmente na mais famosa delas toda, a Avenida da Liberdade. Ouça aqui a entrevista
A avenida da Liberdade nasceu para ser o primeiro boulevard de Lisboa. Num tempo em que Lisboa queria ser francesa e os lisboetas ansiavam pelas modernidades da Europa além Pirineus. Mas como tudo que acontecia no conturbado século XIX português, o homem sonhava mas a obra tardava a nascer. A construção da primeira grande avenida da cidade se arrastou por décadas e sobreviveu a duras penas aos diferentes ritmos das sucessivas administrações municipais, além das diversas bancarrotas.
E se ainda hoje a avenida suscita acaloradas discussões quanto aos destino a dar a tanto trânsito e as soluções (por vezes engenhosas, mas nada bem-sucedidas) para o mitigar, há 150 anos alguns dos maiores escritores da época, como Eça de Queirós ou Ramalho Ortigão, digladiavam-se furiosamente contra e a favor de sua própria construção. É que a construção da avenida obrigou a demolição de um dos espaços mais queridos da romântica e burguesa capiral portuguesa: o Passeio Público.
O primeiro jardim da capital tinha sempre animação garantida: fosse para para usufruir das várias festas e eventos habituais, como quermesses, bandas filarmónicas ou ate a inauguração do primeiro candeeiro a gás da cidade; fosse para ver e ser-se visto, sobretudo para uma certa franja da sociedade, onde não faltava até uma visita ocasional do rei viúvo, Fernando II.
Mas houve ainda um tempo – não tão longínquo na história milenar da cidade – em que no vale da atual avenida apenas corria uma curso de água, a ribeira de Valverde, e nas margens havia quintas e poucos palacetes no chamado Vale do Pereiro. Tempos em que a cidade só existia junto ao rio e todo o resto era paisagem.
O Passeio Público e a construção da avenida da Liberdade são o início de um movimento de expansão para o norte, para longe das colinas e do rio, de onde nada, em Lisboa, será como antes.
Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.
A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade – Palácio Pimenta.
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