Novembro 16, 2024
“A dor deles é a minha”: T-Rex sobre distúrbios em Lisboa e os “traumas” do bairro
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Em entrevista à SIC Notícias, o músico que cresceu em Monte Abraão diz que, muitas vezes, a visão que as pessoas dos bairros têm da polícia “não é de segurança”. “Vi, pessoalmente, crianças que já falam do assunto e que já estão revoltadas”.

Já esgotou grandes palcos do país, como o Tivoli, o Coliseu de Lisboa e o Coliseu do Porto. Em 2023, foi o musico mais ouvido em Portugal no Spotify. T-Rex venceu, mas sabe que é uma exceção. “Viemos de bairros com poucas oportunidades, pouca inclusão, sempre com a mentalidade de que a maioria dos sonhos é impossível para nós.”

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Em entrevista à SIC Notícias, o músico, que cresceu em Monte Abraão, no concelho de Sintra, falou sobre a realidade da comunidade negra e dos bairros sociais em Portugal, bem como a relação desses territórios com a polícia, temas que voltaram a ser debatidos depois da onda de violência gerada pela morte de Odair Moniz na Cova da Moura.

“Falo por experiência própria, às vezes a visão que temos da polícia não é de segurança. Mesmo em tenra idade, a abordagem [policial] não é tão segura. Já crescemos um pouco traumatizados, o que desequilibra a relação entre polícia e comunidade”, diz T-Rex, que tem músicas sobre o tema.

“Vivemos com muitos traumas”

Segundo o que leu e ouviu sobre o tema, o músico considera que ó agente da PSP que baleou Odair Moniz “falhou como autoridade e como humano”mas compreende o caso como parte de um problema maior.

“O negro tem muitos traumas, vivemos com muitos traumas, que nos fazem ficar para trás e não acreditar que os sonhos são possíveis.”

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T-Rex acredita que o policiamento de proximidade é importante, “mas antes da proximidade, acho que é mais importante ainda, perante situações como esta, haver justiça, para que possamos caminhar mais seguros nas ruas”.

“O pessoal do bairro fica no bairro”

Questionado sobre como superou as adversidades para construir uma carreira de sucesso, garante que conhecer pessoas de outras realidades foi um fator fundamental. No entanto, sair da bolha “no bairro é muito complicado”.

“Devido à segregação que há, o pessoal do bairro fica no bairro e o pessoal que é um pouco mais abastado, que é de outras classes sociais, vive afastado.”

Nos últimos dias, marcados por tumultos e desacatos em vários bairros de Lisboa, T-Rex percebeu nos jovens algo que o preocupa: “Vi, pessoalmente, crianças já falando do assunto, que talvez não entendam tanto do assunto, e que já estão revoltadas.

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“A dor deles é a minha dor. Eu pertenço à comunidade negra e sou oriundo de um bairro social. Estou aqui com a minha voz para ajudar no que for preciso, garante o músico, que apelo ao fim de ”atos de violência que nos afastem do principal”.

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