Setembro 19, 2024
Almoço a bordo entre Lisboa e Paris? Só se pagar mais – Atualidade – SAPO.pt
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Água, chá, café? Se vai viajar entre Lisboa e Paris a bordo a Air France, prepare-se para não ter mais do que estas simples bebidas à disposição, a menos que esteja disposto a tirar a carteira do bolso. À semelhança do que já fizeram outras companhias de bandeira como a TAP ou Finnair, que também asseguram esta rota, o grupo Air France-KLM vai começar já no próximo ano a cobrar por snacks ou refeições em voos domésticos ou europeus de médio curso. A estratégia é reduzir custos e alinhar pela oferta das companhias low cost, que conseguem oferecer bilhetes a preços reduzidos porque reduzem os serviços e amenities ao mínimo.

Com 55 milhões de refeições servidas por ano, segundo os números oficiais do grupo, no ano passado a Air France gastou cerca de 830 milhões de euros em catering; e se as refeições dos voos de longa distância, bem como nas classes superiores (executiva e primeira), são para manter, esta medida permitirá certamente à companhia poupar umas centenas de milhões quando se alargar a todas as rotas domésticas. Basta ver que uma refeição a bordo pode custar qualquer coisa entre 4 e 100 euros por pessoa, valorizando a indústria do catering aeronáutico nuns valentes 6 mil milhões de dólares (cerca de 5,4 mil milhões de euros).

Mas permitirá este corte de conforto tornar as viagens mais baratas para os viajantes? Dificilmente se sentirá o impacto de cinco ou dez euros num bilhete de 100 ou 200, mas para a transportadora isto pode resultar em poupanças significativas. “Os preços das tarifas da Air France não serão impactados, porque o único verdadeiro objetivo é gerar novas fontes de receita sem comprometer demasiado a competitividade”, explica Pedro Castro, consultor em estratégia comercial para a aviação, turismo e aeroportos. O especialista da Sky Expert enfatiza que, “num setor com uma escala tão grande mas com margens tão apertadas, cada café ou snack vendido a bordo pode fazer a diferença entre lucro e prejuízo”. E exemplifica: “Se a TAP não tivesse este conceito em 70% dos voos que opera, provavelmente não teria tido lucros no primeiro semestre.”

Reconhecendo que é tão fácil comparar tarifas quanto é virtualmente impossível pôr frente a frente os extras cobrados em cada companhia aérea, Pedro Castro defende que reguladores e associações que defendem os direitos dos consumidores têm  de estar hoje mais alerta do nunca. “O preço da mala, do lugar, do café ou do snack a bordo são elementos demasiado camuflados e é quase impossível para um consumidor normal compará-los. E uma vez comprada a passagem, o passageiro não tem mais escolha relativamente a todos esses extras, sendo por vezes surpreendido pelo seu custo.”

Mas o que pode parecer uma boa estratégia de poupança também não tem sucesso garantido. Na verdade, conforme companhias como a Lufthansa e outras começaram a cortar na qualidade do serviços e vantagens, os passageiros começaram a migrar mais ainda para as low cost, não reconhecendo necessidade de pagar mais por um serviço sem conforto ou amenities distintivos. “A Air France corre o risco de dar mais razões para os passageiros optarem por concorrentes como a easyJet (que também voa para o aeroporto Charles de Gaulle) ou como a TAP, Vueling e Transavia, que operam voos para Orly, com especial relevo para a TAP, que garante os benefícios adicionais de ter o estatuto de ponte aérea atribuído à rota Lisboa-Paris”, explica ainda o especialista.

A verdade é que as companhias europeias estão cada vez mais a aderir ao modelo americano e em breve será difícil encontrar uma companhia a voar dentro da Europa que ofereça mais do que água e uma bebida quente aos seus passageiros comuns — a distância para a classe Executiva e para Primeira irá aumentar cada vez mais; basta ver que nas classes superiores dos voos da companhia  as refeições levam, desde este ano, a assinatura de chefs Michelin como Arnaud Lallement ou Dominique Crenn (ambos com três estrelas). Quem quiser mais a viajar em Económica terá de levar o lanche na mochila ou pagar para comprar a bordo. É o efeito longo da ascensão das low cost e da democratização das viagens aéreas.

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