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É natural que os holofotes queiram iluminar a chegada a Lisboa de estrelas como Robert DeNiro e Whoopi Goldberg, os cabeças de cartaz da programação da primeira edição do Tribeca Festival Lisboa. Nos dias 18 e 19 de outubro, o Beato Innovation District (ex-Hub Criativo do Beato) foi palco de muitas conversas e também exibições de produções nacionais e internacionais, em vários formatos. Time Out focou no palco Made in Portugal e destaca a série azulque “brevemente” estreia na Opto, serviço de streaming da SIC, onde já é possível ver algumas das produções que passaram pelo Tribeca. E está confirmado que o festival volta a Lisboa no próximo ano.
Foram diversos palcos que receberam a programação do festival, divididos entre Tribeca Talks, World Stories, Untold Stories, Music & Podcasts e Made In Portugal. Neste último espaço, foram exibidas produções portuguesas, algumas em pós-estreia, como foi o caso do filme Podia Ter Esperado Por Agosto ou a série PRAXXcom duas temporadas disponíveis na Opto. Todas as sessões eram precedidas por conversas com os principais intervenientes e a grande antestreia foi a série azuldo ator Marco Paiva e do diretor Pedro Varela.
“Só o orçamento de efeitos é o preço de outra série”
Entre a inclusão e a emergência climática, desenhou-se a série azulque teve como ponto de partida dar voz a pessoas com deficiência e que se expandiu para um futuro próximo, onde não há mais baleias nos oceanos. Com roteiro e direção de Pedro Varela (Esperança), azul está a caminho da Opto e nos transporta para um planeta bastante afetado pelas mudanças climáticas. Nessa trama, o biólogo marinho e comissário europeu para o Clima e Oceanos Steven dos Reis (Romeu Costa) anuncia a extinção desses cetáceos e renuncia ao cargo. Ao mesmo tempo, sua filha Olívia (Leonor Belo), uma jovem de 18 anos com trissomia 21, se inscreve como voluntária em um projeto de proteção marinha chamado Azul e segue para os Açores, onde é recebida pelos ativistas Américo (Marco Paiva) e Besouro (Romeu Runa) e também pelo biólogo Jacques da Silva (Ricardo Pereira), que pouco tempo antes haviam avistado um cachalote moribundo que deu à costa. Uma informação abafada por Serafim van der Haagen (Miguel Damião), o sinistro Governador das Ilhas.
O primeiro passo para esse projeto da Blanche Filmes foi dado há quatro anos, uma ideia do ator e diretor Marco Paiva, diretor artístico da Terra Amarela, plataforma de criação artística inclusiva para pessoas com deficiência. “Eleanor é a razão de estarmos aqui”, revelou Pedro Varela em uma sessão de perguntas e respostas após a exibição do primeiro episódio da produção que ele define como um “projeto de capacitação”. Paiva e Varela começaram apresentando o projeto à SIC Esperança – Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) do Grupo Impresa que apoia diversos projetos sociais – e a partir daí chegaram a outros apoios, com destaque para o Governo dos Açores e também para o Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), Pic Portugal e Opto SIC.
À Time Out, Pedro Varela revelou que o orçamento total de azul foi de cerca de 1,4 milhão de euros, ressaltando que “só o orçamento de efeitos visuais é o preço de outra série”. Depois dessa estreia no Tribeca, o diretor quer fazer a divulgação sem barulho na casa ao lado. “Porque isso no meio do Tribeca é legal, mas é no meio disso tudo que está acontecendo. Nós tivemos muito trabalho para fazer essa série, ela é importante demais para nós, para depois estrear no meio dos outros”. A cada episódio, explica, são 250 efeitos visuais, “mais que um longa normal”, destacando uma das cenas do episódio de estreia: “Nesse primeiro episódio ainda é muito sutil a presença dessa baleia, com um efeito especial incrível. Filmamos com tela verde, então ver agora ali uma baleia na praia é extremamente emocionante”.
São seis episódios da série e Pedro Varela não descarta a possibilidade de seguir para uma segunda temporada. Pelo menos, deixou tudo em aberto, conta, já que no último episódio deixa um dos personagens… na Islândia. “A história acaba lá. Há dois personagens principais e um fica plantado no caminho… Foi totalmente planejado, deixei tudo preparado para se pedirem uma segunda temporada, como o arquiteto que deixa a obra de tal forma que já possa receber um andar de cima”. Por enquanto ainda não há data de estreia para a Opto, mas será em breve.
Do festival para casa
Como a SIC é a grande parceira do Tribeca Festival Lisboa, muitas das produções exibidas no palco Made in Portugal já podem ser vistas na Opto. É o caso de Jorgedocumentário da jornalista Sofia Pinto Coelho sobre George Wright, um dos homens mais procurados pelo FBI que, depois de 40 anos, descobriu que morava em Portugal; e da curta documental Os Sonhos Continuamde Karlee Rodrigues, em que uma luso-descendente volta a Portugal para dançar no grupo folclórico da família. Também na Opto estão disponíveis os curtas Era Uma Vez no Apocalipsede Tiago Pimentel, em que a humanidade tenta sobreviver às consequências de uma III Guerra Mundial (com Sérgio Godinho no elenco); Silênciodo também ator Francisco Froes, sobre um traficante de maconha de Los Angeles e uma produção que conta com Sara Sampaio; O Afinador de Silênciosadaptação do livro de Mia Couto por Mário Patrocínio; e Das Duas Umade Bernardo Almeida, que acompanha a relação de amor entre Alice e Diana.
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