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O chiado agudo dos bondinhos amarelos que cruzam as colinas da Lisboa antiga dá vida a um cartão-postal da capital portuguesa. É uma experiência que os turistas adoram, a ponto de incomodar alguns moradores que não conseguem encontrar seu lugar.
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Nas primeiras horas da manhã, na Praça Martim Moniz, no centro de Lisboa, os passageiros às vezes ficam na fila por mais de uma hora do lado de fora da parada do bonde nº 28, a rota mais popular. Introduzidos no final do século XIX, quando ainda eram puxados por cavalos, os bondes de Lisboa (chamados localmente de “eléctricos”), que podem acomodar cerca de cinquenta pessoas, ainda têm os pisos de madeira e as janelas de guilhotina que lhes dão a aparência antiquada de hoje.
— É uma visita obrigatória quando se está em Lisboa — disse à AFP Patrice Schneider, um turista suíço de 71 anos, que já conhecia o bonde 28, mas queria mostrá-lo a um grupo de amigos.
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Moradores da capital paulista reclamam que transporte centenário virou ‘brinquedo’ para visitantes estrangeiros
— É recomendado em todos os guias turísticos — concordou Sandra Billy, uma mulher de sessenta e poucos anos de Haute-Savoie, no leste da França, ansiosa para descobrir essa viagem pitoresca.
A rota do bonde, que serpenteia pelas ruas estreitas e íngremes, às vezes desliza ao longo das paredes de edifícios em tons pastéis, às vezes oferece aos passageiros vistas de tirar o fôlego do estuário do Rio Tejo. Mas com o fluxo cada vez maior de turistas — que chegou a quase nove milhões em 2023 — alguns moradores locais estão denunciando um dos efeitos do excesso de turismo na capital portuguesa.
— O bonde? Não é para nós. É só para turistas! — diz Luisa Costa, moradora da Mouraria, um dos bairros populares que se estende por um dos morros do centro histórico.
Um bonde chamado devastação
Enquanto os bondes estão lotados de visitantes estrangeiros, esta mulher de 60 anos espera um pouco mais adiante, na parada de um dos micro-ônibus elétricos criados pela empresa de transportes de Lisboa (Carris) para atender aos moradores locais que usam essas mesmas rotas.
Os bondes vermelhos especialmente projetados para turistas também foram introduzidos, mas são menos populares devido às tarifas muito mais altas. Apesar dessas medidas, “a situação continua piorando”, diz Fátima Valente, uma aposentada de 82 anos.
As associações locais vêm tentando se organizar há vários anos para exigir um serviço de transporte público “mais digno e confiável”, tanto para os moradores quanto para os visitantes.
O bonde se tornou “um brinquedo” para turistas que alimenta “postagens do Instagram” em detrimento dos moradores de bairros que “realmente precisam dele”, lamentou a jornalista Fernanda Câncio, repórter sênior do centenário “Diário de Noticias”, em um artigo publicado no início de outubro com o título provocativo “Um bonde chamado devastação”.
— De fato, em alguns aspectos, a coabitação pode ser difícil — admite a gerente da Carris, Ema Favila Vieira.
Algumas linhas foram reativadas recentemente após terem sido substituídas durante o século XX com o desenvolvimento da rede de ônibus urbanos.
— A tendência atual é recuperar a infraestrutura sempre que possível — explica Ema Favila Vieira, destacando as vantagens desse meio de transporte menos poluente.
Lisboa tem atualmente cinco linhas servidas por bondes históricos e uma sexta onde bondes mais longos e modernos passam ao longo do rio.
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