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A capital portuguesa vai lançar mais um centro de inovação digital, que será formalmente anunciado na Web Summit, depois dos ‘hubs’ dedicados ao ‘gaming’ (2023), à Web3 (maio) e à Inteligência Artificial, que está quase a chegar com o apoio da Google e Microsoft.
Lisboa está convicta de que é mesmo uma fábrica de unicórnios e prepara-se para terminar o ano com, pelo menos, quatro centro de inovação inseridos no Beato, Saldanha e Alvalade. Depois do jogo online (jogos), da blockchain (Web3) e da Inteligência Artificial (IA), a capital portuguesa vai aproveitar a Web Summit para cortar a fita encarnada a mais eixo de um “área estratégica” para o país como um todo e para o empreendedorismo em particular.
Em entrevista ao Jornal Económico, o diretor da Unicorn Factory Lisboa, Gil Azevedo, lamenta ainda as recentes declarações do CEO do Taguspark e explica como está desenhada esta estrutura lisboeta, nomeadamente as mudanças na Startup Lisboa.
Era diretor da Startup Lisboa, a seguir passou a ser diretor da Startup Lisboa e da Fábrica dos Unicórnios e agora é apenas diretor da Fábrica dos Unicórnios. A Startup Lisboa deixou de existir enquanto associação e com os propósitos que tinha?
A associação, sem fins lucrativos, existe exatamente nos mesmos moldes de sempre. Tem seis associados formais (Câmara de Lisboa, IAPMEI, Montepio, Delta, Roland Berger e Universidade Católica) e, até 2022, tinha um único programa, de incubação chamado, Startup Lisboa. Por isso é que houve esta confusão. Quando lançámos a Fábrica de Unicórnios e todos os outros programas, a Startup Lisboa não morreu como projeto. É uma peça, entre muitas outras, dentro do puzzle que é a Fábrica de Unicórnios. A antiga Startup Lisboa, que neste momento já não é uma marca de inovação, mas sim a marca do programa de incubação, historicamente, apoiava 50-60 startups por ano e agora apoia cinco vezes mais.
Como o Hub Criativo do Beato. Que balanço faz destes três anos desde que foi criado?
O próprio Hub Criativo do Beato evoluiu para Beato Innovation District com este objetivo de ter uma ambição maior e fazer parte desta rede/plataforma [Unicorn Factory] de programas e Centros. É um trabalho muito acima de qualquer expectativa inicial. Nos últimos dois anos, já foram criados mais de mil postos de trabalho naquele espaço. Um dos especialistas que tem trabalhado connosco – o Steve Cardigan, o primeiro Diretor de Recursos Humanos do Linkedin – diz que vê aqui algo que não encontra noutros programas. É incrível ter conseguido ser criado em três anos, e daí também se perceber porque é que pode incomodar algumas pessoas, porque se tornou, de facto, uma fábrica de unicórnios de um momento para o outro. Não o foi no passado, mas já é.
Curiosamente, tentei entrar no site oficial do Beato e diz “under construction”…
Estamos a criar uma plataforma única que junta todos os projetos, daí estar numa fase transitória. Se for ao site da Unicorn Factory Lisboa já aparece lá indicação do Hub Criativo do Beato.
O Beato é um dos três bairros de inovação de Lisboa, dentro dos quais existem dois ‘hubs’. Quais serão os seguintes?
Não vou avançar muito mais sobre os seguintes, mas o que posso garantir é que, até final do ano, vamos ter, pelo menos, quatro Centros em funcionamento. Neste momento, temos dois [gaming e Web3] e teremos também o de IA – confirmado com a parceria da Google e Microsoft – e outro.
Serão as novidades da Web Summit.
Exatamente. Passamos de um para quatro em apenas um ano. Já era conhecido o de IA, mas o outro também será numa área estratégica para qualquer país e para ecossistema de inovação de futuro. Quanto aos distritos, estamos a manter os três: o Beato, como grande polo de inovação da cidade, complementado com Saldanha e Alvalade. Estamos a fazer um esforço para manter a inovação dentro destes três distritos ou bairros, embora possa haver algumas variações.
Fraude comunicacional? É um bocadinho ofensivo o termo usado. Estamos num campeonato que é Liga de Campeões, quando comparados com players que se calhar estão mais melindrados pela falta de dimensão e que ainda se baseiam em espaços físicos a um preço baixo para conseguirem ter empresas
Como reage à afirmação de Lisboa cometeu uma “fraude comunicacional” com a expressão “fábrica dos unicórnios”?
A Fábrica dos Unicórnios tem cinco grandes áreas e é a marca guarda-chuva [“chapéu”] para toda a inovação que está a ser desenvolvida na cidade de Lisboa. É um bocadinho ofensivo o termo que foi usado. Não quero comentar em concreto as afirmações feitas, mas a verdade é que estamos num campeonato que é Liga de Campeões, quando comparados com jogadores que se calhar estão mais melindrados pela falta de dimensão e que ainda se baseiam em espaços físicos a um preço baixo para conseguirem ter empresas. Isto [Fábrica dos Unicórnios] é um programa que deixa orgulhosa qualquer pessoa que conheça bem o ecossistema e que saiba o que se está aqui a fazer. Temos cidades de Espanha, Geórgia ou Inglaterra a pedirem-nos ajuda para replicarmos o que estamos a fazer. Somos, de facto agregadores, porque qualquer outro jogador quer trabalhar connosco (Casa do Impacto, Fintech House, Startup Portugal…)
Portugal é muito pequeno para começar aqui com guerras ou quezílias
Reforço a questão: a promoção deste ecossistema não deveria ser um desígnio nacional?
Totalmente. Desde o início, temos vindo a trabalhar com todos os jogadores do ecossistema. Os programas que estamos a fazer não se limitam à cidade de Lisboa. Portugal é muito pequeno para começar aqui com guerras ou quezílias. Dentro das diferentes cidades, temos de ser capazes de agregar e competir a nível internacional. Isso só se faz em conjunto.
O primeiro semestre foi marcado por cerca de 60 rondas de investimento em Portugal. E em Lisboa, como está a captação de financiamento? O que se pode esperar para o segundo semestre?
O panorama em Lisboa tem sido muito positivo. Temos tido uma evolução positiva ao nível de [número de] rondas de investimentos e de valores e perspetivamos continuar a melhorar. Se olharmos para o classificação das «50 Hottest Startups to Watch» na Europa, cinco ou seis são portuguesas e só uma é que não passou nos nossos programas. Por exemplo, no Aumentando a escala – o programa que apoia startups que já passaram pela fase inicial, têm investimentos e produto e cujo foco é o crescimento internacional – tivemos 40 escalonamentoque ao todo levantaram 300 milhões de euros, em cinco edições. E na área do empreendedorismo jovem desenvolvemos oito programas, dos 14 anos de idade até aos estudantes universitários, e só este ano vamos em 1.300 alunos que ou visitaram a Fábrica dos Unicórnios ou participaram nos nossos programas para desenvolverem uma visão de inovação.
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