Novembro 17, 2024
Mais dois ônibus queimados e vários focos de incêndio: o balanço dos desacatos da última noite em Lisboa
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Os distúrbios em vários municípios da Área Metropolitana de Lisboa acontecem após a morte de um homem baleado pela PSP, na Cova da Moura.

Mais dois ônibus queimados e vários focos de incêndio: o balanço dos desacatos da última noite em Lisboa

MIGUEL A.LOPES

O último balanço da polícia dá conta de mais dois autocarros e sete veículos incendiados, nos desacatos desta quarta-feira à noitena Área Metropolitana de Lisboa, segundo avançou fonte da PSP à Lusa.

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Os dois ônibus queimados foram registrados em Santo António dos Cavaleiros, em Loures, e na Arrentela, no Seixal.

Além dos veículos queimados, foram ainda registados vários focos de incêndio em lixeiras nos municípios de Amadora, Sintra, Oeiras, Odivelas, Barreiro, Lisboa e Almada, na sequência dos desacatos após a morte de um homem baleado pela PSP, na Cova da Moura.

A polícia adiantou ainda que duas pessoas foram detidas na Pontinha, em Odivelas, mas não esclareceu o motivo das detenções.

De acordo com o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civilàs 02h30 havia mais de uma dezena de ocorrências relativas a “detritos” nos distritos de Lisboa e Setúbal, nomeadamente em Queluz (concelho de Sintra), Alfragide (Amadora), Camarate (Loures), Carcavelos (Cascais), Carnide (Lisboa), Mina de Água (Amadora), Corroios (Seixal), Caparica (Almada) e Moita.

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PSP promete “tolerância zero” a desacatos na área metropolitana de Lisboa

“É importante salientar que repudiamos claramente e que temos e teremos tolerância zero a qualquer ato de desordem e destruição praticados por grupos criminosos que, empenhados em afrontar a autoridade do Estado e perturbar a segurança das comunidades, executam ou vêm executando as ações que jornalistas têm presenciado”, disse o diretor nacional em suplência da PSP, Pedro Gouveia.

Em entrevista coletiva, o superintendente explicou ainda que a PSP tem “um grupo de trabalho com todas as forças e serviços de segurança” e que estão “trabalhando em uníssono” para restaurar a tranquilidade pública. Ele também apelou à calma e denunciou que as formas de protesto que estão sendo desencadeadas são ilegais.

Questionado sobre a forma e a estratégia que a PSP tem em marcha para conseguir restaurar a ordem e a tranquilidade públicas nas áreas afetadas na última noite por desacatos, Pedro Gouveia ressaltou que há um desejo de paz dessas comunidades.

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“O que temos ouvido nesses últimos tempos do bairro é que eles querem viver em paz e querem que a PSP restabeleça a normalidade nesses bairros. É inadmissível que pessoas de bem em certas áreas se sintam reféns de criminosos. As pessoas pedem justiça, assim como a polícia pede justiça para as pessoas que estão sendo reféns de um pequeno grupo de criminosos.”

A morte que desencadeou os distúrbios

Odair Moniz, 43 anos, cidadão cabo-verdiano, e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo município, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com emprego de arma branca”.

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UM associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.

A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira, foram registrados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, em outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados ônibus, carros e lixeiras, e três pessoas foram presas.

Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.

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