“Pior inferno de Lisboa”: um apartamento, uma casa de banho e quase 30 pessoas a viver no interior #ÚltimasNotícias #lisboa

A Rua Poço dos Negros fica numa das zonas mais caras de Lisboa. Neste apartamento onde não cabe mais ninguém um dos moradores aceita falar sem dar o rosto. ‘Hugo’, nome fictício, conta que quem lá está mora no mínimo espaço possível.

O apartamento tem duas casas de banhomaisó uma funciona como deve ser. Todas as quase 30 pessoas que lá moram a partilham.

“Para mim lá em baixo não conta como casa de banho. O autoclismo não funciona. A única coisa que funciona ali é o lavatório para lavar as mãos”, conta ‘Hugo’.

Quando procuravam um sítio para viver foram atrás de um anúncio que, pelos vistos, não batia certo.

“As pessoas vêm as imagens na internet com tudo arranjadinho. Só que ela depois muda. Quando manda a morada pelo Whatsapp, manda vir para esta casa. porque ela no anúncio tem camas novas, tem tudo novo. Você chega aqui e é tudo velho”.

O preço pago por cada uma das pessoas que lá vive permite ao proprietário receber cerca de 7000 euros por mês. As contas são desfiadas pela senhoria, igualmente sem dar a cara, que cobra 250 euros por uma cama. O anúncio da casa acaba por não ir ao encontro da realidade.

“Pior inferno de Lisboa”, “é preferível ficar na rua”, “euugar insalubre infestado de percevejos e baratas”, É desta forma que as pessoas descrevem o apartamento numa página online partilhando, inclusive, fotos do que acabaram por viver.

“É assim a situação das baratas nós neste caso já colocámos remédio nos lugares que têm baratas. É claro que a limpeza não é feita todos os dias”, revelou a senhoria da habitação, confrontada pela SIC.

“Fiquei a ouvir a conversa dela, estava a falar com o empregado de limpeza. O empregado de limpeza estar a chamar-lhe à atenção a ela, e ela estar a dizer: ‘Não, primeiro está o meu umbigo e depois está o umbigo dos clientes”, disse ‘Hugo’.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que, no ano passado, quase 13% da população vivia numa casa sobrelotada. Aproximadamente 6% vivia sem as condições mínimas de uma casa como, por exemplo, com humidade, pouca luz natural ou sem saneamento básico.

São casos que têm vindo a agravar-se nos últimos anos.