Novembro 14, 2024
Protestos em Lisboa pedem fim da violência em Moçambique. As imagens
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Protestos em Lisboa pedem fim da violência em Moçambique. As imagens #ÚltimasNotícias #lisboa

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UM marcha começou na embaixada de Moçambique em Portugal, em Lisboa, onde mais de 120 pessoas se concentraram para pedir “o povo no poder”.

Entoando palavras de ordem e empunhando cartazes, após cantarem o hino moçambicano, os manifestantes desceram até à Praça do Comércio.

Já na área ribeirinha, os manifestantes voltaram a entoar a “Pátria Amada”, repetindo por diversas vezes o verso “nenhum tirano nos escravizará”.

No meio dos cartazes em que pediam “socorro”, “justiça” ou assinalavam que “quem adormece na democracia acorda na ditadura”, também se liam críticas ao Presidente eleito, Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder desde 1975.

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A Comissão Nacional de Eleições (CNE) moçambicana anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo com 70,67% dos votos nas eleições de 9 de outubro para escolher o Presidente de Moçambique.

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32% dos votos, e contestou os resultados, que ainda precisam ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.

Mondlane foi apoiado por vários dos envolvidos na marcha.

Em declarações à Lusa, um dos elementos da organização do protesto, Ernesto Damião, em Portugal há três anos, considerou que “o povo chegou a um limite e está a dar um basta”.

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“O que nos trouxe aqui para protestar foi: primeiro, prestar solidariedade com o nosso povo e, segundo, demonstrar à comunidade internacional e ao povo português (…) a real situação que está acontecendo em nosso país, e gostaríamos que essas entidades prestassem atenção no que está acontecendo”, pontuou Ernesto Damião.

Nesse sentido, o moçambicano lamentou que “muitas liberdades” estejam a ser limitadas no país e criticou a forma como a Frelimo tem gerido o país desde a sua independência.

A manifestação nasceu de um projeto chamado Quid Iuris, criado por jovens moçambicanos.

Gilana Sousa, da Quid Iuris, saudou a adesão à marcha, que contou com “mais gente do que eu previa”.

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Questionada sobre o que motivou a manifestação, a jovem explicou que o principal móbil foram “os constantes assassinatos que têm acontecido”, mas também “a violência policial extrema” em Moçambique.

“Nós, por exemplo, conseguimos nos manifestar. É um direito que está consagrado na Constituição da República de Moçambique, mas, neste momento, se nossos irmãos quiserem se manifestar, muito provavelmente podem não voltar para casa vivos”, lamentou.

Gilana Sousa admitiu que as tensões em Moçambique se intensificaram após as eleições de outubro. “O povo queria uma mudança e, não conseguindo essa mudança, se revoltou, mas parece que a revolta não está sendo bem recebida”, disse.

Um dos objetivos da manifestação, de acordo tanto com Gilana Sousa quanto com Ernesto Damião, é mobilizar as autoridades portuguesas para o diálogo com Moçambique.

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“Portugal e Moçambique têm relações externas muito fortes”, apontou Gilana, que defende que Portugal deve “se colocar em uma posição e dizer o que acha dessa situação”, bem como mediar um diálogo.

Também à Lusa, Joana Gemo, ligada a Venâncio Mondlane, considerou que tem faltado uma verdadeira oposição em Moçambique, que, na sua opinião, “sempre foi um país com problemas”.

“Hoje em dia há uma oposição à altura”, disse, referindo-se ao candidato apoiado pelo Podemos: “Ele conseguiu fazer com que percebêssemos que temos poder”.

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“Achamos que é o momento de lutarmos para acabar com a tirania em Moçambique. São 50 anos de sofrimento, 50 anos de assassinatos”, lamentou.

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Joana Gemo, em Portugal há 17 anos, disse que, apesar de se sentir bem acolhida em território português, quer voltar para Moçambique, que considera ainda território inseguro.

A cidade de Maputo registou hoje, pelo terceiro dia consecutivo, confrontos entre apoiantes de Venâncio Mondlane e a polícia, que usou gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.

Também pelo terceiro dia consecutivo, o acesso a diversas plataformas de redes sociais através de operadoras móveis, apresenta limitações, pelo menos em Maputo.

Mondlane apelou para uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro.

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O candidato presidencial designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro anunciados pela CNE, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e 25 de outubro.

Os protestos degeneraram em confrontos com a polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que monitoriza os processos eleitorais.

Veja as imagens na galeria acima.

Leia Também: Manifestantes em Lisboa pedem “povo no poder” em Moçambique

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