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Organizada pelo movimento Vida Justa, a iniciativa conseguiu reunir pessoas de diferentes culturas e etnias, que desfilaram cerca de uma hora e meia entre o Marquês de Pombal e a Praça dos Restauradores, num percurso marcado por gritos de protesto, sendo a principal palavra de ordem “justiça para o Odair”.
Empunhando bandeiras vermelhas do Vida Justa, bem como de Cabo Verde (país de origem de Odair Moniz), os manifestantes também gritaram “Violência policial, violência cultural”, “os bairros unidos jamais serão vencidos” e, em crioulo cabo-verdiano, “Nu sta junta, Nu sta forti [Nós estamos juntos, nós estamos fortes]”.
Na Praça dos Restauradores, várias pessoas depositaram flores no monumento onde estava uma fotografia de Odair Moniz, além de vários participantes na manifestação terem discursado.
Entre as intervenções, foram solicitados aplausos para a “união histórica” alcançada na iniciativa, com o presidente da Associação Moinho da Juventude, da Cova da Moura (Amadora), Jacklison Duarte, deixando um pedido: “Unidos, juntos e organizados podemos ouvir nossa voz.”
O oficial disse ainda, referindo-se aos tumultos verificados nesta semana em diferentes áreas da Área Metropolitana de Lisboa, que “nem todos os carros queimados foram queimados pelo povo do bairro”.
Cláudia Simões, cidadã que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020, também falou no palco improvisado para dizer que passou “pelo mesmo sistema” de violência policial.
“Somos castigados e ainda saímos do tribunal como criminosos. Espero que este processo não passe em branco como o meu”, afirmou, salientando que a polícia trata as pessoas de alguns bairros “como lixo”.
A manifestação, onde havia algumas pessoas de rostos cobertos, terminou por volta das 18h com um minuto de silêncio.
Odair Moniz, de 43 anos e morador do Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, no mesmo concelho, no distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no hospital.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos, e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Na sequência desse incidente, na noite de segunda-feira houve desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, em outros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados ônibus, carros e lixeiras.
A PSP registou mais de 120 ocorrências, deteve cerca de duas dezenas de cidadãos e identificou um número semelhante de pessoas. Somam-se sete feridos, um dos quais com gravidade.
Devido aos tumultos, e por ter sido marcada uma manifestação do Chega “em defesa da polícia” no mesmo horário, também em Lisboa, a PSP apelou à tranquilidade nas duas iniciativas.
A manifestação do Vida Justa iria inicialmente terminar na Assembleia da República, mas o movimento alterou o percurso por terminar no mesmo local da contramanifestação do Chega, que partiu da Praça do Município e foi realizada também sem incidentes.
O policiamento deste sábado foi feito pelas diferentes valências do Comando Metropolitano de Lisboa com “o apoio permanente” de meios da Unidade Especial de Polícia da PSP. Foram condicionadas várias artérias da capital.
Lusa
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