Manuel Alves era metade de um todo. Um dos dois Manéis, porquê são carinhosamente lembradosque, uma coleção de cada vez, foram desenhando um novo caminho para a geração artística em Portugal. Pôs o sobrenome em Alves/Gonçalves e, ao lado de José Manuel Gonçalves, foi um importante motor para fazer progredir a voga portuguesa. Esta parceria teve o seu início há 40 anos e termina agora, com a morte do instituidor originário de Montalegre.
O que começou porquê duas primeiras lojas no Bairro Eminente tornou-se numa das mais muito estabelecidas instituições da voga portuguesa. Manuel Alves e José Manuel Gonçalves criaram roupas para espetáculos, fardas para grandes empresas e looks para figuras nacionais. Viram as suas obras em passerelles de Paris, Novidade Iorque, São Paulo e, evidente, do Porto, onde eram presenças assíduas do Portugal Fashion. Nessa mesma organização, fica a valia de dois designers que “sempre foram pautados por um possante sentido artístico, cénico e irreverente”. Em transmitido, o Portugal Fashion recorda Manuel Alves porquê “um espírito criativo, perfecionista e visionário, que aceitava sempre os desafios mais arriscados na produção de um desfile”.

Ao lado de José Manuel Gonçalves, foi um importante motor para fazer progredir a voga portuguesa.
Foto: João Miguel Rodrigues
Ó feitio libertino e irreverente é repetido por quem descreve o designer, que deixou a influência em gerações de jovens criativos durante os 20 anos em que foi professor convidado da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. A própria lar Alves/Gonçalves, que perde um pilar, recorda um “espírito livre” com uma “estética irrepreensível que o transformaram numa referência incontornável da voga em Portugal“. Com José Manuel Gonçalves, formavam a “dupla perfeita” no trabalho e na vida, confessa o stylist Filipe Carriço em conversa com a Máxima. “Foram 40 anos juntos” a inovar e a surpreender o mercado da voga em Portugal. Para o stylist, “conseguiram ser os criadores portugueses sempre primeiro do seu tempo, com roupa sempre muito elegante”. Um resultado que surge de uma enorme originalidade, vontade de modernizar e, talvez, porque “punham muito paixão naquilo que faziam”. De Manuel Alves, fica a memória de “uma pessoa muito muito divertida que tinha um sentido de humor aguçado”, de alguém que “arranjava sempre forma de se divertir a trabalhar”. Com a perda de um colega que para muitos era um sustentáculo do mercado criativo português, vem o inevitável receio de que “a voga em Portugal vá acabando à medida que estes nomes se vão embora”.

Leia também
Kanoa Igarashi: “Estou sempre a tentar encontrar a traço em que me divirto para poder vencer os nervos”
“Juntos percorreram um caminho de largos anos, com um rigor e profissionalismo réplica”, diz Paula Mateus, ex-diretora da Vogue Portugal. Pinta um retrato do varão por trás das roupas: “Dedicou-se de corpo e psique ao que fazia, sempre cauteloso à qualidade e aos tempos que vivia. Camarada sincero e muito generoso com quem gostava e com quem sempre partilhou, de coração, o que tinha“. Qualidades que diz serem “indissociáveis” do trabalho desenvolvido pela Alves/Gonçalves, que “sempre foi um facto que ia para além duma mostra de tendências”. Obra tal que a ModaLisboa descreve porquê “tecida por uma visão estética inabalável, a regular reinvenção da modernidade e a acutilante atenção ao pormenor”. Em transmitido partilhado no Instagram, a organização da Lisboa Fashion Week lembra Manuel Alves porquê “um nome incontornável da história da voga vernáculo” que “contribuiu largamente para o incremento da Tendência de Responsável portuguesa e para a formação de vários talentos que hoje vemos florescer”.

Paula Mateus, Filipe Carriço e Manuel Ales
Foto: Registro pessoal de Paula Mateus
“O Manuel era um jovem”, conta Miguel Flor. Colega de profissão, mas, supra de tudo, colega do instituidor, Miguel guarda lembranças de um varão de psique jovial continuamente em procura de um pouco novo, “alguém que quis estar sempre atualizado”. Recorda, com próprio carinho, ter entrevistado os manéis para a revista Diretor e ter reparado no pulso de Manuel Alves, que tinha pulseiras de um festival “a contrastar com as pulseiras da Cartier” – “tinha ido ouvir música tecno porque queria estar próximo dessa liberdade”. Comportamento leste que, para Miguel, revela “exatamente o que esperamos de um verdadeiro instituidor de voga: alguém que continua cauteloso e que cria sobre essa atenção”.
