Organizações e coletivos pela paridade foram convocados para uma revelação em Lisboa contra o racismo e para relembrar todas as suas vítimas em Portugal a transcurso hoje, 10 de Junho, “um dia de luta contra o racismo”.
“Esta é uma chamada à ação de todos e todas, para que levantem as suas vozes pela luta antirracista e defendam os direitos daqueles que são marginalizados e oprimidos”, declara a Frente Anti-Racista, a primeira das cinco organizações promotoras da iniciativa, num enviado.
Os organizadores, que incluem a Associação Desportiva e Recreativa “O Relâmpago”, o Juízo Português para a Sossego e Cooperação, a União de Sindicatos de Lisboa e o movimento Vida Justa, adiantam que a revelação se realiza, “uma vez que tem sucedido nos últimos anos”, no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, porque não esquecem “o lado sombrio e racista” que a data significa.
O 10 de junho foi assinalado durante a ditadura uma vez que “dia da raça”, promovendo “uma ideologia de supremacia branca e colonialista” e depois “uma vez que o dia das Forças Armadas, no contexto da Guerra Colonial, assim perpetuando uma narrativa de glorificação da violência militar e da vexação colonial”, salientam.
“É fundamental combater o racismo numa perspetiva anticolonial e anticapitalista”, defendem, exigindo “justiça para todas as vítimas de racismo direto e indireto” e prometendo continuar “a trabalhar no espírito de solidariedade para erigir um mundo onde a honra e a paridade sejam garantidas para todos”.
A propósito, destacam que “muitas pessoas racializadas continuam a enfrentar violência direta e discriminação por secção de grupos racistas” no país, apontando uma vez que responsáveis “as forças políticas reacionárias, os capitalistas que as financiam, os meios de notícia social que as promovem, e que difundem discursos racistas e xenófobos que alimentam o ódio que se manifesta no nosso quotidiano”.
Alcindo Monteiro, “assassinado por um grupo neonazi e racista no Bairro Sobranceiro”, em Lisboa, em 1995, é umas das “vítimas da intolerância e da discriminação racial” cuja memória será honrada, assim uma vez que “Bruno Candé, Cláudia Simões, Musso, Elson Sanches “Kuku”, Nuno Manaças Rodrigues “Mc Snake”, Carlos Reis, Wilson Neto, Luís Giovani Rodrigues, Ihor Homeniuk, António Pereira (Xuati), Gurpreet Singh, Ademir Araújo Trigueiro, ou os seis da esquadra de Alfragide”.
O apelo para a revelação foi subscrito por outras 35 organizações, entre as quais o SOS Racismo, a Associação Moinho da Juventude, Kilombo – Plataforma de Mediação Anti-Racista, Techari – Associação Vernáculo e Internacional Cigana, a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), o Colectivo MUMIA Abu-Jamal, a Voz do Operário e associações de estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Novidade, e da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Instrução, da Universidade de Lisboa.
As comemorações oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em território vernáculo, realizam-se em três concelhos de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 – Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera – e em Coimbra.
No contexto do padrão de duplas comemorações deste dia, primeiro no país e depois junto de comunidades portuguesas no estrangeiro, utilizado desde 2016, o Presidente da República e o primeiro-ministro na terça-feira para a Suíça, tendo previstas passagens por Genebra, Berna e Zurique.