Março 20, 2025
Mensagem portuguesa do Dia Mundial do Teatro homenageia o encenador Carlos Avilez – Observador

Mensagem portuguesa do Dia Mundial do Teatro homenageia o encenador Carlos Avilez – Observador

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A mensagem do Dia Mundial do Teatro da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), oriente ano assinada pelo noticiarista Tiago Torres da Silva, homenageia o encenador Carlos Avilez, cofundador do Teatro Experimental de Cascais, que morreu em novembro de 2023.

Tiago Torres da Silva acusa ainda o subfinanciamento do setor, com as suas múltiplas consequências, alertando “os poderes” da urgência de “olhar para estes problemas com mais atenção.”

Nos 50 anos do 25 de Abril, escreve Torres da Silva, “é preciso reclamação para o Teatro essa possibilidade de fabricar pensamentode inventar questões, de não seguir a agenda dos governos nem dos partidos da oposição, de ser milagrosamente livre para questionar, para entreter, para emocionar e inclusive para não fazer nenhuma destas coisas.”

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No início da mensagem, Torres da Silva agradece a Carlos Avilez, “um exemplo de paixão ao teatro uma vez que poucos”, referindo-se ao que foi, durante quase 60 anos, diretor artístico do Teatro Experimental de Cascais (TEC), e a quem se dirige sempre no tempo presente, porque entende ser impossível olvidar o seu trabalho.

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“Porquê olvidar os seus Ibsens, os seus Genets?”, interroga-se o poeta, dramaturgo e também encenador, afirmando que Avilez “está presente nas muitas memórias que temos de grandes espetáculos que encenou”.

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O velho diretor do TEC “está presente na munificência com que abriu portas aos mais novos num tempo em que não era muito simples falar com os diretores dos teatros”, escreve; “Está presente nos atores de tantas gerações que passaram pela Escola de Teatro de Cascais e que se afirmaram ou ainda procura a certeza de tão jovens, de tão curiosos por oriente estranho e maravilhoso ofício que é o teatro”, sublinha, lembrando a Escola Profissional do Teatro de Cascais, fundado por Avilez em 1992.

Essa variedade “é que importa”, lembra o responsável de peças de teatro uma vez que “A tia”, acrescentando: “O que importa é que o Teatro está vivo e, no violência das vidas instagramáveis, continua a ser o lugar onde o artista nos olha nos olhos e fala, sem filtros, sem fotoshopsem lucidez sintético”.

“Só o ator. Uma vocábulo. Ó silêncio. O público”, enfatiza Torres da Silva, admitindo estar preocupado com as “novas gerações de atores”, já que “com os orçamentos exíguos das companhias, tem de se programar peças com poucos personagens”.

Muito “poucas vezes há orçamento para um elenco grande”, o que faz com que se “eliminem personagens secundários que tão enriquecedoras são para um espetáculo e tão importantes são para quem está a dar os primeiros passos no teatro”.

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Por isso, Tiago Torres da Silva, que começou no teatro uma vez que assistente de encenação de João Lourenço, do Teatro Cândido, afirma estar “na hora dos poderes olharem para estes problemas com mais atenção”.

Para Torres da Silva, há que “parar com esta lógica de programador”, com peças em cena três ou quatro dias, inviabilizando que um espetáculo cresça, sem se deixar que a função publicidade ‘boca a ouvido’, que “sempre foi a melhor publicidade para um espetáculo de teatro”, sendo-o “ainda mais nestes tempos de redes sociais”, frisa.

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O responsável de “Simone” alerta para o risco de se estar “a matar a hipótese de fabricar novos públicos”, com estas estratégias de programação. E acrescenta: “No entanto, viveremos muito contentinhos connosco mesmos porque tivemos sempre morada enxurro, sempre com os mesmos rostos sentados na plateia, sem nunca chegarmos a um rosto novo, a uma vida dissemelhante.”

Torres da Silva afirma: “Em cima do palco é sempre Abril. Somos livres, somos levados por uma paixão inquebrável, uma súbita e estável curiosidade por tudo e por todos”. E, por isso mesmo, só vê “um mundo provável através do Teatro”.

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“Ao olharmos com recebimento para o que vem acontecendo no mundo, reclamo para as tábuas do palco uma dimensão política de que ele talvez tenha percorrido distante nos últimos anos”.

Ter “uma muchacho a ser morta em Gaza a cada 15 minutos”, “as visíveis dos direitos humanos” que ultrapassam “fronteiras impensáveis”, e o desenvolvimento de partidos de extrema-direita “em todo o mundo” põem em risco “que julgávamos adquiridos”, escreve.

Não “se pode fazer teatro uma vez que se tudo isto não existe”, sublinha, argumentando que, tal uma vez que em seguida o 25 de Abril de 1974 “foi necessário um Teatro de mediação”, nos dias de hoje “está na hora de voltarmos a usar o Teatro uma vez que instrumento de mudança do mundo”, sem “cedermos às lógicas capitalistas pela vaidade de termos ‘sucessos de público’”, que levam “a um esvaziamento completo dos palcos”.

Nascido em dezembro de 1969, Tiago Torres da Silva registrou que, em jovem, assistiu a espetáculos em teatros quase vazios que “mudaram para sempre” a sua vida. Sem ter “zero contra o sucesso”, mas “contra a lógica numulário do sucesso”, o dramaturgo e encenador defende que é “preciso reencontrar essa inquietação e fazer um Teatro que procure ser Teatro mais do que seja um grande sucesso”.

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Torres da Silva pede ainda aos poderes municipais “para que encontrem um espaço à profundeza dos Artistas Unidos”, companhia fundada, em 1995, por Jorge Silva Melo, “que está prestes” a permanecer sem morada.

“O tecido teatral português não se pode dar ao luxo de perder” esta companhia, assegura.

Tiago Torres da Silva encerra a mensagem com “vivas ao teatro”, numa celebração de todos os obreiros “deste ofício tão necessário ao mundo”.

As comemorações do Dia Mundial do Teatro mobilizaram nesta quarta-feira centenas de iniciativas para todo o país. “Condições atmosféricas adversas”, que se traduzem sobretudo em chuva, vento e saraiva, levaram no entanto ao cancelamento de algumas delas.

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Em Lisboa, na Freguesia de Santo António, a matrícula do nome de mais 33 personalidades do teatro na lajedo da Terreiro da Alegria, foi adiada para 6 de abril. Entre os novos homenageados está o ator Rui Mendes, 87 anos, mais de 60 de curso.

Em Montemor-o-Novo, o trajectória “Vendedor de recordações”, pela Trimagisto, foi prorrogado para 11, 12 e 13 de Abril.

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