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Com mais de 93% dos votos contabilizados, os moldavos parecem ter rejeitado, este domingo, em referendo, a adesão à União Europeia (UE). Segundo os dados da Comissão Eleitoral da Moldávia, 53% opõem-se à entrada no bloco comunitário, ao passo que 47% estão a favor. Porém, os resultados foram contestados pela Presidente da Moldávia, a pró-Ocidente Maia Sandu.
Em entrevista coletiva em reação aos resultados, a presidente Maia Sandu — a favor da adesão à UE — denunciou que houve “fraude eleitoral” durante a realização do referendo. A chefe de Estado disse que houve “grupos criminais que trabalharam em conjunto com forças estrangeiras” e que gastaram “milhões de euros” em “mentiras e propaganda”, mantendo a Moldávia em uma situação de “incerteza e instabilidade”.
“Existiu uma fraude numa escala sem precedentes”, ressaltou Maia Sandu, acrescentando que sua equipe “está esperando os resultados finais” e vai “responder com decisões firmes”. A Chefe de Estado ressaltou que “um grupo criminoso comprou 300 mil votos”.
A pergunta no referendo moldavo era a seguinte: “Você apoia a emenda da Constituição a fim de aderir a República da Moldávia à União Europeia?” Com o ‘chumbo’ e sendo verdade esses resultados, a Moldávia se afasta do caminho do Ocidente, que começara a percorrer nos últimos tempos. Simultaneamente, parece ser uma aproximação à Rússia.
Pertencente à União Soviética até 1991, o governo moldavo tem enfrentado dificuldades nas relações diplomáticas com a Rússiaem parte devido à Transnístria, uma região no país pró-russa e que é bastante próxima do Kremlin. Naquela região, o ‘não’ venceu com 63%. Já antes do referendo e das denúncias da Presidente, havia suspeitas de que a Rússia tinha em marcha uma campanha de desinformação com o objetivo de alterar os resultados.
Além do referendo, os moldavos foram às urnas para votar na primeira volta das eleições presidenciais na Moldávia. Com cerca de 93% dos votos contados, a presidente moldava, a pró-ocidente Maia Sandu, fica em primeiro lugar e obtém 38,5%. Segue-se o antigo procurador-geral e figura ligada à Rússia, Alexandr Stoianoglo, que angaria 28,4%. Em terceiro está Renato Usatoi, ex-autarca de Balti e pró-russo, com 13,7%.
Como era necessário que um candidato obtivesse mais de 50% dos votos, haverá uma segunda volta, marcada para 3 de novembro. O frente-a-frente será entre Maia Sandu e Alexandr Stoianoglo. Porém, a segunda ronda não se afigura fácil para a atual Presidente, tendo em conta os alegados resultados no referendo — e o possível apoio do terceiro classificado ao antigo procurador-geral.
Esses resultados podem representar um revés para a chefe de Estado cessante, Maia Sandu. Pouco adiantou o governo moldavo, que iniciou as negociações de adesão à União Europeia em dezembro de 2023, ter recebido um grande impulso de Bruxelas na véspera da votaçãocom um pacote de assistência de 1.800 milhões de euros para os próximos três anos.
A Moldávia, um dos países mais pobres da Europa, esperava aderir até 2030 à União Europeia, para onde já exporta 65% dos seus produtos e de onde recebe mais de 80% do investimento direto.
As autoridades atuais, a favor da adesão, parecem ter sido prejudicadas pelo fato de a consulta popular coincidir com as eleições presidenciais, após quatro anos de queda no padrão de vida devido à Covid-19, ao conflito na vizinha Ucrânia e à guerra energética com a Rússia.
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