Alexei Navalny, que se notabilizou pela sua oposição de mais de uma dezena ao regime de Putin, morreu esta sexta-feira na prisão, para onde foi enviado por esse mesmo regime, sob acusações de fraude que os seus apoiantes sempre defenderam terem sido unicamente meras fabricações para conseguir embatucar uma das vozes mais mobilizadoras da Rússia.
A morte foi confirmada pelos serviços prisionais do país, que detalham ainda que o ativista se sentiu mal depois de um passeio a pé durante a manhã, tendo perdido a consciência. Uma ambulância chegou ao sítio e foi tentada a reanimação, sem sucesso. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, já garantiu que a morte será investigada, em declarações citadas pela Reuters. Putin foi avisado, relatando a dependência governamental russa TASS.
Político, ativista, investigador de casos de depravação e ex-gestor de fortunas, tinha 47 anos e estava estagnado numa prisão sobre 60 quilómetros a setentrião do Círculo Polar Ártico, na região de Yamalo-Nenets, a quase 2000 quilómetros de Moscovo, onde cumpriu uma pena de 19 anos de prisão por “extremismo”, a última de uma série de vereditos que o levaram a passar pelas próximas três décadas encarcerados.
Em janeiro, num vídeo gravado na prisão, aparecia magra e com a cabeça rapada. Nos últimos meses, sua família e equipe foram avisadas legalmente sobre restrições ao seu estado de saúde. Ó O Serviço Penitenciário Federalista de Yamalo-Nenets avançou que Navalny “sentiu-se mal” depois de uma marcha, nesta sexta-feira, e “quase de súbito perdeu a consciência”.
Uma jornalista do PuckNews, Julia Ioffe, escreveu esta sexta-feira na rede social X que tinha falado com a mulher de Navalny, Julia Navalnaya, na noite de quinta-feira e que, segundo Julia, Navalny estava “a aguentar-se muito em situação mais”. Os vídeos e fotografias que circulam uma vez que os últimos registos de Navanly vivo mostram-no sorridente.
Navalny começou a desabrochar nas notícias com mais frequência há mais de uma dezena, no início de 2011, quando liderou os protestos, na profundidade inauditos, contra a fraude eleitoral e a depravação governamental, investigando o círculo íntimo de Putin e publicando as suas conclusões em vídeos no Youtube, onde se tornou viral. Todo o mundo, não só a Rússia, ficou sabendo, por exemplo, que Putin tinha construído um palácio à praia, com o moeda dos contribuintes.
Em 2013, o seu nome tornou-se um risco sério para o poder instalado, quando conseguiu obter 27% dos votos na corrida para presidente da Câmara de Moscovo, uma votação muito significativa, numas eleições que foram criticadas pela falta de transparência e que muitos acredito que foi ele a vencer. Navalny prosseguiu o seu caminho, denunciando a opacidade na adjudicação de obras públicas, uma vez que mansões e iates adquiridos pelo ex-presidente Dmitry Medvedev com dinheiros do Estado, entre várias redes de influência mantidas pelo regime de Putin e pelos oligarcas que o mantinham no poder.
Em 2020, Navalny entrou em coma depois de ter sido envenenado com um resultado químico altamente nocivo, espargido uma vez que ‘novichok’ e que só se pode encontrar nos cofres biológicos de um Estado. Foi levado para a Alemanha onde recebeu tratamento e se recuperou. Ainda que mais fraco e com dores fortes nas articulações, que nunca chegou a desvanecer, decidiu voltar para a Rússia, onde foi estagnado logo que aterrou.
Pouco depois de ser recluso, em agosto de 2021, Alexei Navalny deu uma entrevista ao “New York Times” que mostra muito o espírito que ele sempre tentou manter, pelo menos para fora, fazendo um pouco dos guardas que obrigam os presos a ver televisão durante oito horas seguidas à espera de fazer deles férreos putinistas. “O regime de Putin é um acidente histórico, não uma inevitabilidade”, escreveu em resposta às perguntas do “New York Times”, acrescentando: “Mais cedo ou mais tarde, levante erro será revisto e a Rússia vai passar para uma via de desenvolvimento democrático e europeia. Simplesmente porque é isso que o povo quer”.
Notícia atualizada às 12h30
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