A actriz Ilva Niño, que somou mais de 30 novelas no seu currículo e ficou conhecida pelo papel da empregada Mina em Roque Santeiroda TV Mundo, morreu esta quarta-feira no Rio de Janeiro, aos 90 anos.
A informação foi confirmada pelo hospital onde estava internada. “O Hospital Quali Ipanema confirma com tarar o falecimento da paciente Ilva Niño Mendonça, no dia 12 de Junho de 2024, em decorrência de complicações respiratórias, digestivas e renais, culminando com a falência múltipla de órgãos.”
Com uma curso de mais de seis décadas, em peculiar na televisão e no teatro, notabilizou-se por interpretar empregadas domésticas, donas-de-casa ou mulheres nordestinas, que representaram a maioria dos seus papéis.
Nascida em Floresta, no estado de Pernambuco, Ilva Niño iniciou-se nas artes cénicas quando participou num curso de teatro helênico ministrado por Ariano Suassuna.
A sua curso no teatro desenrolou-se nos anos 1960, no contextura do Movimento de Cultura Popular, projecto do portanto prefeito de Recife, Miguel Arraes, para oferecer entrada à cultura e à instrução à população analfabeta e marginalizada.
Ilva Niño mudou-se para o Rio de Janeiro com o marido, o actor e director Luiz Mendonça, posteriormente o golpe militar de 1964. Nos anos 1950, os dois actuaram na peça O Auto da Compadecidaa primeira adaptação da obra de Suassuna, em que a actriz deu vida à mulher do padeiro.
Já tinha portanto actuado em peças uma vez que O Nascimento do Herói e O Pagador de Promessasambas de Dias Gomes, antes de debutar a trabalhar na Mundo, no final da dez de 1960. Começou com Verão Vermelhode 1969, e Bandeira 2de 1971.
A partir da dez de 1970, Niño passou a ter diversos papéis em novelas da emissora — a maioria uma vez que mulheres de personalidade possante. Foi Alzira, a mãe das personagens de Betty Faria e Elizangela, em Perversão capitalde 1975, e Cotinha, a mais velha de quatro irmãs pernambucanas, em Sem Lenço, sem Documentode 1977.
Também entrou em Para Patotade 1972, Gabrielade 1975 e Feijoeiro Maravilhade 1979, antes de se solidificar, nos anos 1980. Depois de participar de Chuva Vidade 1980, destacou-se na romance Sarau Subidade 1984, que tratava, em horário sublime, de samba, breakdanceCarnaval e jogo do bicho: dava vida à fofoqueira Iara, a quem o marido era submisso.
O seu maior sucesso chegaria porém em 1985, com Roque Santeiro. Nessa romance de grande apelo popular, deu vida a Mina, a empregada doméstica da viúva Porcina, personagem imortalizada por Regina Duarte. Ficou muito sabido o bordão em que a patroa gritava o nome da funcionária.
O currículo de Ilva Niño nessa dez ainda inclui O Outrode 1987, Bebê à Bordode 1988, e Sexo dos Anjosde 1989. Em 1999, foi a religiosa Mana Teresa em Nossa terreno e em 2011 viveu a cangaceira Cândia em Fio Seduzidoentre muitos outros papéis.
Em entrevista ao site Memória Mundoa actriz falou sobre o facto de ter interpretado várias empregadas domésticas. “Ela não entra mais em cena unicamente para servir a mesa ou mexer panela na cozinha. Ela agora está inclusa na comunidade familiar da moradia. Trabalha na sua moradia porque você precisa dela e ela precisa do serviço, portanto existe uma troca, uma urgência.”