Para além da obra poética, Nuno Júdice foi professor na Universidade Novidade até 2015, tem obra publicada porquê ensaísta, nomeadamente sobre a literatura portuguesa da Idade Média aos tempos atuais. A sua tese de doutorado teve porquê tema o “Espaço do raconto no texto medieval”. Também produziu obras de ficção e tradução e antologias.
O poeta e investigador Nuno Júdice descobriu o soneto inédito de Luís de Camões
Entre as cargas que ocupou está a liderança do Instituto Camões em França, e o de mentor cultural da Embaixada de Portugal em Paris. Foi diretor das revistas literárias Tabacaria (1996 e 2009) e Conversação de Letras.
O diretor-geral do grupo Leya, onde é a editora D. Quixote, Pedro Sobral admitiu a sua tristeza e “um grande choque” com a notícia “porque o Nuno Júdice, além de ser um poeta e ficcionista inimaginável e que marcará a literatura e a cultura portuguesa, era, supra de tudo, um varão inimaginável. Acho que tocou todos os que trabalharam com ele, era um varão muito cordato, gentil, simples, mas um cavalheiro”, afirmou.
Personalidades da cultura prestam homenagem ao poeta Nuno Júdice
“De facto, era um prazer estar com ele, uma alegria imensa, por esta forma discreta, alguma coisa tímida, mas sempre com a vocábulo certa e muito ponderado, um saber à volta da literatura. A sua tradução dos textos que iam aquele júri foi absolutamente extraordinária, foi um delícia ouvir o Nuno Júdice a fazer a sua tradução dos originais que vinham ao júri”, frisou. Questionado sobre o legado que Nuno Júdice deixará na cultura portuguesa, o diretor-geral da Leya e atual presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) preferiu relembrar a faceta do poeta enquanto professor.
“Acho que o Nuno trouxe uma novidade forma de redigir trova durante todos estes anos. É um legado que certamente ficará, mas não nos podemos olvidar de que o Nuno Júdice foi professor durante muitos anos”, disse, continuando: “Muitas pessoas que nos iam maltratar à porta foram tocadas por aquilo que o Nuno Júdice ensinou, pelo excitação e pela forma muito comprometida com a trova em língua portuguesa”. Para Pedro Sobral, o legado de Nuno Júdice passou pelos “milhares de alunos que tocou e a quem passou o paladar pela trova”, tanto no ensino secundário, porquê no ensino superior.
“É um género relativamente esquecido e que não tem muitos leitores em Portugal, infelizmente. Se há alguma coisa que o Nuno Júdice conseguiu fazer — quer porquê poeta, quer porquê professor – foi formando muito a sensibilidade para a leitura da trova, nomeadamente da trova em língua portuguesa. Acho que nascente é o grande legado dele”, concluiu.
Também o primeiro-ministro António Costa lamentou a morte do poeta Nuno Júdice, que foi classificado porquê um dos mais reconhecidos poetas da cultura portuguesa.
“A cultura portuguesa perdeu, com o falecimento de Nuno Júdice, um dos seus mais reconhecidos poetas e sucinto romancista. Porquê me prenunciara a sua mulher, ‘iniciou a sua descida devagarinho em silêncio, porquê é seu hábito’”, pode ler-se num par de mensagens publicadas na rede social X.
António Costa apresentou as pêsames à família e disse que iria gravar Júdice “sempre na sua infinita delicadeza, grato pela sua amizade e camaradagem”.
O poeta Nuno Júdice morreu no domingo, em Lisboa, aos 74 anos, revelou a editora Dom Quixote à sucursal Lusa.
“Foi com profunda tarar e sentida consternação que na Leya e principalmente em Dom Quixote tomamos conhecimento da triste notícia do falecimento de Nuno Júdice, hoje, em Lisboa, vítima de doença. Uma notícia que abalou todos os que trabalharam mais de perto com Nuno Júdice mas, com toda a certeza, todos os seus muitos leitores e admiradores. E que sem incerteza deixa mais pobre a literatura e a trova portuguesas”, pode ler-se no expedido enviado à Lusa.
Nuno Júdice nasceu em 1949 na Mexilhoeira Grande em Portimão e publicou o seu primeiro livro de trova em 1972, “A Noção de Poema”.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a “sua obra poética e o trabalho de décadas em diferentes instituições foram um contributo maior para a singularidade, o cosmopolitismo e a projeção da literatura portuguesa”.
Fonte
Compartilhe: