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Quincy Jones, lendário produtor e compositor, morreu aos 91 anos, adianta o “Guardian”, que cita seu relações públicas, Arnold Robinson. Segundo a mesma fonte, ele morreu em casa na noite de domingo em Los Angeles, cercado pela família.
Jones trabalhou com Michael Jackson, para o qual produziu três dos seus álbuns de maior sucesso: “Off the Wall” (1979), “Thriller” (1982, considerado o álbum com mais vendas de sempre) e “Bad” (1987). Para além disso, acompanhou muitos outros músicos, como Frank Sinatra, Ray Charles, Louis Armstrong, Tony Bennett, Donna Summer e Sarah Vaughn.
Em seu vasto legado também está a composição de trilhas sonoras premiadas para cinema e televisão (como “A Cor Púrpura”, que lhe rendeu três indicações ao Oscar) e a produção de “We Are the World”. A canção, composta por Michael Jackson e Lionel Richie, tinha como objetivo arrecadar fundos para o combate à fome e as doenças na África. Juntou 40 artistas (incluindo, além de Jackson e Richie, Diana Ross, Bruce Springsteen, Bob Dylan ou Stevie Wonder) e se tornou um fenômeno global – sua gravação foi tema de um documentário para a Netflix.
“Esta noite, com o coração cheio, mas partido, devemos compartilhar a notícia da morte de nosso pai e irmão Quincy Jones”, disse a família em um comunicado. “E embora esta seja uma perda incrível para nossa família, celebramos a grande vida que ele viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”, disse a nota.
Jones foi um dos primeiros executivos negros a prosperar em Hollywood e acumular um catálogo musical extraordinário, que inclui alguns dos momentos mais ricos da música americana.
Avó chegou a ser escrava
Indicado 79 vezes aos prêmios da música Grammy, ele conquistou essas distinções em 28 momentos, o que o tornou um dos artistas mais premiados de todos os tempos, atrás apenas de Beyoncé (32, atualmente) e do maestro Georg Solti (31). Jones mantinha ligações com o Brasil, com amizades e elogios destinados a múltiplos artistas de renome, de Caetano Veloso a Milton Nascimento.
Nascido em 14 de março de 1933 numa cidade de Chicago submersa no auge da Grande Depressão, Jones e o irmão mais novo chegaram a viver com a avó – que chegou a ser escrava – em Louisville, no Kentucky, numa casa sem eletricidade, antes de voltarem a Chicago e seguirem para o estado de Washington com o pai, como lembra o obituário publicado pela “Rolling Stone”.
Aos 11 anos, ele arrombou um centro recreativo para comer torta merengada de limão e descobriu um piano, que experimentou e o marcou: “Foi quando comecei a encontrar paz. Eu tinha 11 anos. Eu sabia que isso era para mim. Para sempre”, escreveu na autobiografia “Q” (inédita em Portugal), citada pela Rolling Stone.
Começou a tocar aos 14 anos numa banda com um jovem dois anos mais velho chamado Ray Charles, chegando a acompanhar Billie Holiday, como lembrou a biografia publicada pelo britânico “The Guardian”. Estudante de música em Seattle e depois em Boston, mudou-se para Nova Iorque, onde tocou com Elvis Presley e conheceu nomes maiores do jazz como Charlie Parker e Miles Davis. Com 23 anos, foi diretor musical de Dizzy Gillespie. Em 1958 assinou pela editora Mercury, onde se tornou diretor de música três anos mais tarde.
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