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Aguardamos. Há vários minutos que se lê Arcade Fire no ecrã gigante do palco e a plebe vai-se reunindo. Régine Chassagne surge primeiro, tem um vestido de tule vermelho — aquele que, sem muito esforço, esconde as lantejoulas que, mais tarde, juntamente com a clássica globo de espelhos, serão secundário importante de “Reflektor”.
O concerto da margem liderada por Win Butler está prestes a estrear e, dentro de murado de uma hora e meia, um rugido tomará conta do palco principal: estaremos todos a ressoar Wake Up — single de “Funeral”, álbum que marca a estreia do conjunto de indie rock e que celebra duas décadas levante ano. Um natalício que molda esta celebração épica, incontestavelmente a atuação vencedora da noite que dá o pontapé de saída de mais uma edição do NOS Alive.
Até as conversas de moca que tipicamente se vão desenrolando no festival desaparecem. À nossa volta, não há ninguém que não consiga trovar as canções do cabeça de edital do primeiro dia de festival. Frequentadores assíduos dos palcos nacionais, duas décadas corridas, Arcade Fire continuam a entregar-se de corpo inteiro a quem os vê, não se acomodam — mesmo sendo o quarto concerto no espaço de três anos em Portugal (em 2022, estiveram no Campo Pequeno para apresentar “WE” e no ano seguinte no Kalorama). “É uma vez que estar em lar”, grita Win Butler, o vocalista casado com Chassagne — que em 2022 foi indiciado por várias mulheres de conduta sexual imprópria.
Neste reencontro, não faltou zero: houve “Rebellion”, “Neighbourhood”, “No Cars Go”, “Suburbs”, “Sprawl II”, “After Life”. Uma colectânea de êxitos — sobretudo dos primeiros discos — cantada a plenos pulmões, braços no ar, corpo ligeiro e solto. No final, houve recta a banho de rosas brancas – as mesmas que, ao longo do concerto, enfeitaram os instrumentos dos elementos da margem. Eles já andam nisto há muito tempo, sabem o que fazem.
créditos: NOS Alive
” data-title=”NOS Alive 2024 – NOS Alive, dia 1. Não faltou zero neste volta de Arcade Fire – SAPO 24″>
O rock nostálgico dos anos 90
A estreia de mais uma edição de NOS Alive não trouxe as já habituais coroas de flores (terão pretérito de tendência?), purpurinas, glitter e looks muito pensados, notamos cedo – isso ficará, provavelmente, para o dia de Dua Lipa, super estrela da pop. que atua esta sexta-feira.
Mas faz sentido que assim seja. As faixas etárias condizem com o alinhamento, marcado por uns quantos regressos vitoriosos. Arcade Fire poderão ser para a geração do rock indiano aquilo que os Smashing Pumpkins representam para os que viveram a juvenilidade na dez de 90.
Muitos deles, terão vindo esta quinta-feira ao Passeio Marítimo de Algés recordar esses dias ao som do concerto da margem de rock de Chicago, já muitíssimo muito familiarizada com Portugal — já passaram pelo Alive em 2007 e 2019; pelo Rock in Rio, em 2012; pelo Marés Vivas, em 2013, pelo Campo Pequeno, Estádio do Restelo ou Coliseu de Lisboa. Billy Corgan vai mesmo até lá detrás, até ao primeiro e histórico concerto em Portugal, há 28 anos, nos tempos áureos da margem: foi um dia de chuva intenso na Rossio de Touro de Cascais, recorda o vocalista.
E se nesse dia o foco esteve em “Mellon Collie and the Infinite Sadness”, completado de lançar, o espetáculo desta quinta-feira é mais um que, à semelhança de Arcade Fire, faz-se de bangers. Uma viagem que percorreu três décadas de Smashing Pumpkins, com saltos, assobios e vestimentas a rigor.
Há videochamadas a transcursão para partilhar músicas especiais, há nostalgia no ar. Corgan não se cinge ao clássico “obrigada” e elabora uma frase completa em Português: “Boa noite. Nós somos os Smashing Pumpkins, let’s rock! — e entra “Believe” de The Aeroplane Flies High (1996), tema que se junta a “Today”, de Siamese Dream, “Ava Adore”, de Adore, e, evidente, 1979, de Mellon Collie and the Infinite Sadness.
Vamos embora antes do concerto terminar — e perdemos “zero”. Porquê? Porque queremos espreitar Parcels, que há duas edições marcaram presença no NOS Alive. A movimento foi, no entanto, em vão: ficamos à margem do concerto, já que o palco Heineken está completamente pleno. É impossível prosseguir. Ao longe, ouvimos “Game so Fluck”, embora desunido pelo soído de pessoas que conversam.
Matilde Fieschi – Nos Alive, Benjamin Clementine – 11 de Julho de 2024.
créditos: NOS Alive
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Benjamin Clementine é outro dos nomes que os portugueses conhecem muito, ou não somasse já mais de duas dezenas de concertos em Portugal. Descalçado, o cantor e compositor britânico — que pediu transferência do palco Heineken para o principal — liderou um bonito ritual de pôr-do-sol, que arrancou sorrisos e lágrimas a quem o escutava. Não faltaram “Condolences”, “I Won’t Complain” (e aí gritámos todos “it’s a wonderful day, it’s a wonderful life”) “Genesis” e, evidente, “Corner Struck”
O primeiro dia de NOS Alive contou ainda com as atuações de Unknown Mortal Orchestra, Nothing but Thieves, Black Pumas ou Jessie Ware. O NOS Alive segue esta sexta-feira com Dua Lipa, Arlo Parks (que vem substituir Tyla), Michael Kiwanuka ou Floating Points – e o SAPO24 vai estar lá.
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