Setembro 29, 2024
o guitarrista português que foi Deus no Rock in Rio – NiT

o guitarrista português que foi Deus no Rock in Rio – NiT

Nuno Bettencourt tinha um dos seus ídolos do outro lado da chamada, mas não se deixou fascinar. Para o guitarrista luso-americano, era porquê se uma profecia estivesse a cumprir-se. Estávamos em 1993 quando foi convidado por Ozzy Osbourne para se tornar seu guitarrista e só conseguiu fazer uma pergunta: “Ouviram a minha cassete?”.

Na verdade, ninguém sabia ao que se referia. No início da dezena anterior, ainda juvenil, o artista tinha visto um proclamação numa revista em que o Madman procurava um substituto para Randy Rhoads, falecido em março de 1982. Apesar da crença do jovem talento, acabou por não ser escolhido e a oportunidade só acabaria por surgir mais tarde.

Embora se tenha sentido vingado, o guitarrista acabou por recusar o invitação. Na fundura, já andava na estrada a tocar com os Extreme, grupo que ajudou a formar em 1985.  A sonoridade da filarmónica, um estilo hard rock da que fluía do glam metal ao funk rock, cultivou uma legião de fãs muito graças às performances eletrizantes do artista vernáculo.

Aos 58 anos, Nuno Bettencourt cimentou o seu nome porquê um dos melhores guitarristas do país — e, para muitos, do mundo. O músico voltou a provar a sua força no concerto explosivo dos Extreme levante sábado, 15 de junho, no Rock in Rio. Entre palmas, gritos e uma povo que sabia as letras de cor, destacaram-se os seus solos.

“É tão bom voltar ao país mais bonito do mundo, Portugal a minha morada, vamos partir tudo hoje”, disse, emocionado, no núcleo do palco. Depois, quando colocou um boné com o emblema do Benfica, não havia forma de controlar o público que o via interpretar de forma frenética alguns dos maiores êxitos do grupo, porquê “Play With Me” e “Hole Harte (Pornografitti)”.

Mais tarde, para provar que “os portugueses são os melhores cantores do mundo”, Bettencourt tocou o hino na guitarra, sozinho em palco, enquanto a povo cantou em uníssono “A Portuguesa”. Foi um dos momentos mais emocionantes desta edição do festival no Parque Tejo.

Nascido na ilhéu Terceira, nos Açores, mudou-se para os Estados Unidos com somente quatro anos. A família ia à procura de tudo: ofício, verba e uma vida melhor. Depois juntar-se aos Extreme, os membros chegaram mesmo a tocar ao lado dos Aerosmith e, pelo meio, ainda colaborou com nomes porquê Janet Jackson, Toni Braxton e Robert Palmer, por exemplo. Tornou-se cada vez mais requisitado.

A parceria com Rihanna

Nuno Bettencourt é também o guitarrista da filarmónica que acompanha Rihanna em todas as digressões, desde 2009. No ano pretérito, foi um dos músicos que subiram ao palco para dar base à cantora na final do Super Bowl, num espetáculo que durou pouco mais de 13 minutos.

“Tínhamos completado de fazer uma passeio dos Extreme e um camarada meu, o Tony Bruno, ligou-me a proferir: ‘Já te pedi dez vezes, mas sei que estás em Los Angeles. Nós estamos cá também, a Rihanna viu alguns dos teus vídeos. Aceitarias fazer isto?’”, revelou numa entrevista.

Inicialmente, recusou o invitação porque o material tinha pouca guitarra. Foi portanto que lhe disseram que a caribenha queria um tanto mais pesado ao vivo e, perante o repto, mudou de ideias. “Pensei: portanto, vou poder fazer o que faço melhor. ‘Posso arruinar cada uma das canções dela?’ E ele respondeu: ‘Sim’.”

Confrontado pelos céticos, explica que há mais perícia e dificuldade nos espetáculos do que se poderia pensar à partida. “É uma filarmónica a sério, não há playback. Pegamos nos temas e tocamo-los a sério, não têm zero a ver com o que está no disco”.

Uma vez que tudo começou

Curiosamente, a primeira paixão de Bettencourt não foi a guitarra. Foi com a bateria que aprendeu toda a noção rítmica que apresenta hoje nos riffs. Começou a explorar estre instrumento bastante novo na morada onde vivia com a família, cidade de Hudson, em Massachusetts, nos Estados Unidos.

Quando o irmão Luís o apresentou à guitarra, tudo mudou. Tornou-se autodidata e faltava às aulas para praticar até sete horas por dia. Acabou por desistir dos estudos para se destinar à música e ainda chegou a ter uma filarmónica de rock na juvenilidade, mas o projeto teve uma vida curta.

O artista aproveitou para explorar as suas influências, porquê Jimmy Page, Jimi Hendrix e, sobretudo, Eddie Van Halen. Nuno estava a gravar uma versão de “Rise”, do neerlandês, quando o próprio apareceu no estúdio, revelou à “Guitarworld”.

“O meu telemóvel estava a explodir e isso irritou-me porque o Gary [Cherone] sabe que não me deve incomodar enquanto estou a gravar. Continuou a ligar-lhe e depois mandou mensagem: “Desce as escadas. Na terceira vez, pensei ‘vou dar um soco neste gajo’, desço, abro a porta e é o Edward Van Halen”.

Surpreendido, não quis que o ídolo ouvisse o que estava a fazer. A teoria era mostrar-lhe o resultado mais tarde, mas o músico acabou por morrer antes disso, em 2020.

A versão acabou por ser lançada pelos Extreme, em 2023, e o solo do guitarrista foi amplamente elogiado nas redes sociais. É um dos trabalhos que melhor refletem estas influências no estilo de Nuno Bettencourt: muito preciso, rápido e referto de vontade, com técnicas porquê o tapping [envolve o uso das duas mãos para pressionar as cordas do instrumento].

Dos Extreme à curso a solo

Nascente ADN de Nuno Bettencourt está presente desde o início dos Extreme, sobretudo desde que se cruzou com Gary Cherone e Paul Geary, que tocavam numa filarmónica chamada The Dream. Já atuavam em alguns bares da região de Massachussets e a química com o guitarrista, que já era divulgado na cena sítio, levou-os a juntarem-se ao grupo. Mais tarde, Pat Badger entrou porquê baixista.

Um dos primeiros solos do artista foi no single “Play With Me”, do álbum homónimo, que fez secção da filarmónica sonora do filme “A Fantástica Façanha de Bill e Ted”. Trata-se de um tema que capta a núcleo do rock típico do final dos anos 80 e que, recentemente, foi usado na preâmbulo de um incidente de “Stranger Things”.

O tema que os catapultou para a reputação foi o eterno “More Than Words”, constituído por Nuno e Gary Cherone. Lançado em 1990, inserido no álbum “Pornograffitti”, chegou ao primeiro lugar da Billboard norte-americana, também no Canadá — e, naturalmente, em Portugal. No resto do mundo, foi também um incrível sucesso. Só no Reino Uno, por exemplo, o single vendeu mais de 200 milénio cópias.

Apesar do sucesso, os Extreme não se enquadraram na cena músico e acabaram por se separar em 1996, reunindo-se para um disco em 2008. No ano pretérito, apresentaram o sexto disco da filarmónica, “Six”, e mostraram que, mesmo que o hard rock já não lidere os tops musicais, a filarmónica norte-americana continua a movimentar milhares de fãs.

Nesta pausa, Bettencourt aproveitou para se lançar a solo com o disco “Schizophonic”, em 1997, e juntou-se ao sobrinho para gerar os Mourning Windows. Ainda criou um projeto que passou por vários nomes: Population 1, Near Death Experience e Drama Gods, tendo gravado mais alguns álbuns elogiados pela sátira.

Inovador e eclético, o guitarrista recebe cada vez mais convites para fazer colaborações especiais. É impossível não reparar no seu contributo no “Black Cat”, de Janet Jackson, por exemplo, ou na produção para artistas tão distintos porquê Dweezil Zappa, Steve Perry dos Journey, Toni Braxton ou Lúcia Moniz.

Nuno Bettencourt explorou vários géneros, mas na fundura de voltar às raízes, sabia exatamente o que queria fazer. Quando entrou no estúdio para gravar o mais recente trabalho de estúdio dos Extreme, levou consigo a desejo. Não havia lugar para objetivos humildes para que fosse um comeback grandioso.

“O meu empresário perguntou-me qual é a minha vibe, o que é que eu pretendia neste disco. Respondi: ‘Estou à procura de sangue’”, contou numa entrevista à “Classic Rock”. “Queria trazer a guitarra de volta. Não necessariamente de uma forma técnica, mas com paixão e emoção”.


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