Março 18, 2025
O MIRANTE | Imigração e SEF

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A extinção do SEF foi um dos maiores actos de incompetência política e administrativa a que assisti. Uma vez que acto de cristã complacência, tenho mesmo de confiar que foi a incompetência que conduziu todo esse processo, caso contrário, a justificação para aquela extinção teria de ser ainda mais desconcertante.

Varar um organização público devido a problemas com os seus funcionários, é um argumento risível – que nos quer fazer passar por imbecis -, cuja emprego generalizada conduziria ao extermínio de toda a governo pública.

A aniquilação do SEF conduziu, directamente, quer à subtracção substantiva das acções de controlo de imigrantes nos locais de trabalho, quer à eficiência daquelas poucas realizadas.

Explico. O SEF possuía um saber amontoado sobre tudo o que estava relacionado com a imigração, não somente nos processos de legalização mas, sobretudo, nos processos de controlo e policiamento de todo esse contexto. E foi tudo isso que se perdeu dramaticamente.

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A título de exemplo, o SEF realizava muitas acções inspectivas nos locais de trabalho em conjunto com a ACT. Uma vez que a ACT pode entrar livremente nos locais de trabalho, esse facto facilitava o chegada aos mesmos por aquele órgão de polícia criminal. Por outro lado, perante trabalhadores estrangeiros indocumentados, ou com documentos duvidosos, o SEF assegurava à ACT a correcta identificação desses trabalhadores: quando esses documentos não existiam, ou se deslocava às respectivas residências para recolha da documentação existente, ou recorria às suas bases de dados. Desse modo, o SEF conseguia identificar trabalhadores legais, ilegais, criminosos e até aqueles procurados pela Interpol e Europol.

A ACT conseguia solidificar as suas contraordenações porque garantia o rigor na identificação dos trabalhadores, assegurando assim os direitos laborais dos mesmos.

Combatia-se eficazmente o tráfico de seres humanos.

Com a extinção do SEF, a ACT ficou às aranhas quando agora encontra trabalhadores estrangeiros indocumentados exteriores ao espaço Schengen, não sabendo, cada inspector, quem é que está diante de si. Uma vez que tal, se não se conseguem identificar correctamente os trabalhadores, também não se conseguem prometer os seus direitos laborais.

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A Polícia Judiciária, que intensificou as acções contra o tráfico de seres humanos em imigrantes, não pode, nem consegue asseverar nas suas acções, os direitos laborais dos trabalhadores encontrados. Obviamente que pela sua natureza, também não pode trespassar com a ACT para acções no terreno. Já a GNR e a PSP, além de possuírem muitas outras competências, vão demorar anos e anos até conseguirem atingir o nível de sapiência de que o SEF era detentor.

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Resultado? Uma imigração descontrolada que é inegável porque visível, a qual, entre outras, é resultado desta medida em privado.

A extinção do SEF reduziu a eficiência das acções de controlo de imigrantes nos locais de trabalho e quem disser o contrário estará a mentir.

Quem ganhou com todos estes disparates? Bom, à primeira vista, muitos sectores de operosidade que já não tinham uma vez que encontrar mão-de-obra para as suas empresas, uma vez que a cultura, a restauração e a construção social.

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Portanto, mais uma chocante incompetência do governo dos Drs. Costa e Cabrita.

Ah, é verdade, qual seria a selecção à incompetência? Não quero confiar, mas a extinção do SEF teria sido uma medida consciente e planeada para reduzir o controlo de trabalhadores imigrantes e, desse modo, asseverar a mão-de-obra para todos aqueles sectores já referidos.

Bom, mas fiquemo-nos somente pela incompetência…

P.N.Pimenta Braz

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