Março 19, 2025
o único papel é para Jared Leto

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A MEO Redondel estava sob o efeito térmico de estufa, quando desata a narração decrescente a partir de 100 segundos até, imaginem lá, os 30 segundos. Nesse frame, surgem na ponta oposta ao palco os irmãos Leto, o recatado Shannon (o baterista) e a estrela principal Jared para onde as luzes não podiam falhar.

As similitudes físicas de Jared Leto com o Jesus Cristo retratado e o traje em revestimento que se podia confundir com uma túnica, dão qualquer coisa de ainda mais messiânico ao trajeto pedonal da dupla por toda a sala, em direção ao palco. Jared Leto aceita os abraços, dá outros ele próprio, e o irmão Shannon mostra dotes de duplo quando subitamente graduação para o primeiro argola da bancada para uns abraços aos fãs. Nem nas campanhas eleitorais dos dois maiores partidos se vêem tantos abraços da mamparra.

Pequenos grupos de fãs estavam em plataformas laterais ao palco, a muitos poucos metros da ação dos irmãos Leto Quanto ao palco propriamente dito, é uma coutada de Jared Leto. Ele é o ator principal que não contracena com mais ninguém. É uma vez que se fosse um solilóquio numa peça teatral. O seu irmão Shanon e o multi-instrumentista Stevie Aiello não estão escondidos, mas quase, encostados até onde o palco acaba, com o tamanho de formigas nas nossas vistas. Há ainda muita pose em Jared Leto e os fotógrafos agradecem.

Quando tocam a segunda música da noite, Kings and Queens, já o palco faísca uma vez que uma feira popular e o público perdeu a timidez que, na verdade, nunca teve. Os muitos òs futebolísticos do público dariam cânticos de claques e às tantas parece que estamos a ouvir o Pride (In The name of Love) dos U2. Até a guitarra não destoa e soa a The Edge. Em Walk on Water, a letra corre no ecrã triangular mas o público não parece precisar da cábula. A material está muito estudada há muitos anos e por vontade própria.

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Jared Leto tira os enormes óculos escuros, olha para a assistência com a sala toda iluminada e diz que Portugal é um país que mudou a vida à margem – uma vez que um teaser da história que iria relatar mais tarde. Pede pessoas às cavalitas e labareda sete fãs para palco, tornando-se poroso a abraços e a selfies que não o parecem importar. O número reduzido de fãs em palco não põe em risco o seu perímetro de ação em Rescue Me.

Há uma piromania recorrente – chamas aos saltos, Jared Leto acende tochas -, chuvas de papelinhos, balões e uma geometria triangular a iluminar o fundo de palco. Com toda esta envergadura cénica, surpreendem os longos intervalos entre as músicas que arrefecem o curso do concerto.

Em This Os War, Jared Leto ergue o punho no ar e pede que o acompanhem no refrão, enquanto que a guitarra elétrica de Stevie Aiello se atravessa para o rock gótico, com sombras de Sisters of Mercy

Na segmento acústica, Jared Leto sente muito calor e tira o casaco, ficando só com uma camisola de alças pouco rendada, o que muitas fãs agradecem. Leto conta logo a história que prometera, recordando a sua primeira vinda a Portugal em 1998 e lembrando os primeiros concertos por cá, que foram decisivos para a margem sobreviver. E recordou que a primeira vez que os 30 Seconds to Mars lotaram um grande pavilhão foi em Lisboa.

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Jared Leto está sozinho em palco, de guitarra acústica, a trovar baladas uma vez que From Yesterday e a testar o público em todas as pontas da sala. O ator de Hollywood não é uma pessoa que se convença facilmente com a participação vocal do público, mesmo que faça segmento do show os seus esgares de insatisfação para retirar sempre mais pelos espectadores.

Quando o trio reocupa a “medial elétrica”, a engrenagem acelera e as emoções também, ao som de temas uma vez que Oblivion ou Night of the Hunter, enquanto que Jared Leto não pára de dançar na sua pequena plataforma.

Jared Leto faz questão de aprender a soletrar Portugal, mas tarda em conseguir fechar as sílabas. Fica o esforço e isso também é importante. Vem aí logo City of Angels e um coro empolgado que se encosta a… oh, não outra vez… ao Pride dos U2, o fantasma melodioso da noite. Mas olhamos para Jared Leto só para conferir, e ele já está outra vez de revestimento – ou será um robe? O tema ë otimista à brava, a música que o feliz do Chris Martin não tinha ainda feito para os seus Coldplay. Em Beautiful Lie, ligam-se as luzes máximas do palco que ofuscam, e que o código de estrada desaconselharia.

Houve também percalços. Num dos temas novos Jared Leto fica aos papéis e baralha-se a ler a cábula da letra e mostra-a ao público, com o desabafo: “sou só o cantor e já estou velho” para conseguir ler a cabula.

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No encore, Jared Leto expõe a reprodução autografada do último álbum do grupo “It’s the End of the World but It’s a Beautiful Day” e para não passar por feirante de segunda, atira-a para o meio do público, com glamour hollywoodesco. Mas ficou feita a publicidade para a venda de mais cópias limitadas e autografadas do álbum de 2023.

O encore é uma artilharia de tiros às almas, com Stuck animada por eurodance ou The Kill (Bury Me). Para finalizar, Jared Leto escolhe a dedo os espectadores que sobem ao seu palco, uma vez que se fosse um porteiro de discoteca. Formada a pequena povaléu, os 30 Seconds To Mars fecham o concerto com Closer to the Edge.

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