Março 20, 2025
Operação Vórtex: empresário Francisco Pessegueiro diz que Pinto Moreira lhe pediu 50 mil euros, ex-autarca nega
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O empresário Francisco Pessegueiro, arguido no processo Vórtex, disse hoje em tribunal que o ex-presidente da Câmara de Espinho Pinto Moreira lhe pediu 50 mil euros para aprovar dois projetos urbanísticos, o que foi negado pelo ex-autarca do PSD.

Durante o início do julgamento que começou hoje no Tribunal de Espinho, no distrito de Aveiro, Francisco Pessegueiro referiu que o dinheiro foi pedido pelo então presidente da Câmara de Espinho, durante um encontro num café no centro da cidade, numa altura em que estavam em discussão três projetos estratégicos, para a construção de um lar, um hospital e um hotel.

“Foi aí que me foi pedido pelas ‘démarches’ políticas dele, que seriam necessários 25 mil euros para o lar, 25 mil euros para o hospital e, relativamente ao hotel não conseguiu quantificar porque era muito problemático a zona onde estava inserido”, disse o empresário.

Questionado pelo juiz presidente, Pessegueiro disse que aceitou pagar os valores pedidos para evitar que os seus projetos fossem “atirados para uma gaveta”.

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“É muito complicado para um cidadão comum que precisa da câmara dizer o que quer que seja. A resposta é tácita porque a probabilidade de os meus projetos entrarem para uma gaveta e não se verem mais era total”, disse o empresário, adiantando que não fez queixa porque poderia ter um processo de difamação ou outro tipo de problemas.

Pessegueiro esclareceu ainda as ‘démarches’ de Pinto Moreira seriam para garantir a aprovação dos referidos projetos com caráter estratégico na reunião de câmara, adiantando que o dinheiro seria pago após a venda dos equipamentos, o que nunca chegou a acontecer.

Questionado pelos jornalistas à saída do tribunal, após a pausa para o almoço, Pinto Moreira negou ter pedido qualquer dinheiro a Francisco Pessegueiro.

“Eu nunca pedi dinheiro a ninguém e isso vai ser provado em julgamento”, afirmou o ex-autarca que em Tribunal disse que apenas iria prestar declarações “no momento que entender mais adequado”.

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“O senhor Francisco Pessegueiro disse numa primeira instância que me tinha entregue dinheiro e hoje acabou por reconhecer que não me entregou dinheiro nenhum. Portanto, a coerência das declarações está demonstrada”, acrescentou.

O processo Vórtex, em que se investigam atos de corrupção envolvendo dois antigos presidentes da Câmara de Espinho, está relacionado com “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.

A operação culminou em 10 de janeiro de 2023 com a detenção do então presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), o chefe da Divisão de Urbanismo e Ambiente daquela autarquia, um arquiteto e dois empresários por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.

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Em 10 de julho do mesmo ano, o Ministério Público deduziu acusação contra oito arguidos e cinco empresas, incluindo dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, que também viria a ser constituído arguido no âmbito deste processo, após ter sido ouvido no Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto.

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O primeiro está acusado de quatro crimes de corrupção passiva e cinco de prevaricação e o segundo responde por dois crimes de corrupção passiva, um de tráfico de influência e outro de violação das regras urbanísticas.

Já o empresário Francisco Pessegueiro foi acusado de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Os empresários João Rodrigues e Paulo Malafaia foram acusados de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.

Foram ainda acusados mais três arguidos, que à época desempenhavam funções de chefe de divisão na autarquia, e cinco empresas de diversos crimes económico-financeiros.

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