Abril 1, 2025
Os jornalistas não são os censores da CNE – Observador

Os jornalistas não são os censores da CNE – Observador

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Definitivamente, alguém perdeu a cabeça na Percentagem Vernáculo de Eleições. Quando foi votar leste domingo, Marta Temido disse o seguinte: “Quanto melhores os nossos resultados, melhor defendidos estarão os portugueses e os europeus”. Podemos encontrar esta frase resplandecente ou tonta; apropriada ou inconveniente; acertada ou absurda. Podemos, até, se estivermos inclinados para isso, encontrar que é uma frase cumpridora da lei ou fora da lei. Mas há uma coisa inegável: a frase foi dita. Mais: foi dita por uma responsável política. Mais ainda: foi dita por uma responsável política em público. Em qualquer país do mundo livre, esta é a definição de uma notícia. E os jornais, as rádios e as televisões, em qualquer país do mundo livre, existem para dar notícias.

Mas a nossa Percentagem Vernáculo de Eleições acha que os jornais, as rádios e as televisões não existem para dar notícias — acha que existem para serem a milícia privada de uma entidade administrativa que toma decisões de forma instantânea. Por isso, leste domingo, a CNE comunicou o seguinte às redações: os órgãos de notícia social devem “sobrestar a divulgação de tais declarações”.

Há cá um enorme equívoco: os jornalistas não são os censores privativos da Percentagem Vernáculo de Eleições. Se a CNE tem qualquer problema com as declarações de Marta Temido pode fazer o que entender em relação à cabeça de lista do PS: pode admoestá-la, pode multá-la, pode detê-la, pode prendê-la ou pode enviá-la para o Tarrafal. Aquilo que, decididamente, a CNE não pode fazer é ordenar aos jornalistas que ignorem um pouco que aconteceu e que tem interesse público.

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Mas a nossa Percentagem Vernáculo de Eleições não quer mandar unicamente em Portugal — porquê Napoleão, tem aspirações a mandar na Europa inteira. Pouco depois desta deliberação, surgiu uma outra. Tendo os restantes países da União Europeia hábitos eleitorais distintos dos nossos, votam em dias diferentes e em horas diferentes das portuguesas. Por isso, ao longo destes dias, foram surgindo sondagens à boca das urnas e projeções pós-eleitorais. Toda a prelo internacional tem essa informação em destaque nos seus sites, porquê é evidente. Pior: o próprio Parlamento Europeu está a propalar oficialmente essa informação à medida que ela vai surgindo, porquê se pode ver cá. Se dependesse da CNE, os portugueses que se quisessem informar sobre o que se passa fora das nossas estreitíssimas fronteiras teria, tal porquê acontece nas mais reles ditaduras, que procurar informação em órgãos de notícia social estrangeiros ou no site de um órgão democrático porquê é o Parlamento Europeu. Antigamente, era mais difícil; entretanto, felizmente, Deus inventou a Internet.

A Percentagem Vernáculo de Eleições ainda não percebeu, por isso convém ser evidente: os jornalistas não são polícias, não são procuradores do Ministério Público, não são juízes — e, supra de tudo, não são serventuários da CNE.

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