Maio 9, 2025
os The National nunca são de mais, os Pulp são para sempre – Observador

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Discoteca 2000segundo tema a entrar no carrossel de luzes dos Pulp (que não permitiram que os fotojornalistas captassem imagens, unicamente os fotógrafos oficiais do festival), sacudiu os corpos de uma plateia muito composta e habitada por pessoas essencialmente na lar dos 30 e 40 anos. Já a tradução para português que Jarvis Cocker fizera do título Cavaleiros de alegria – “pessoa que rouba um sege para se divertir a andejar em subida velocidade” – soltou o riso generalizado. Em dois temas, estava apresentada a receita do espetáculo: canções sólidas, imortais e dançáveis, uma filarmónica coesa, um cenário minimalista, mas dinâmico, jogos de luzes vivaços e um vocalista absolutamente carismático. Até parece fácil, de tão simples e originário que esta fórmula se cola aos Pulp, mas não é. As coisas simples, porquê os dias perfeitos, são as mais difíceis de manter e de concretizar. E as mais mágicas também.

Na hora e meia que lhes foi dedicada, os Pulp foram desvendando um guião que, embora ensaiado, esteve longe de ser maquinal. Havia espaço para respirar entre as músicas, espaço para dialogar. Em Alguma coisa mudouJarvis Cocker explicou-nos que fora o ex-baixista do grupo, Steve Mackey, que os apresentara a Steve Albini, dos Shellac, numa sessão de estúdio em Chicago. Ambos morreram recentemente e ambos foram homenageados com esta “cantiga de paixão”, porque um não existiria na vida dos Pulp sem o outro. Ninguém existe sem o outro.

Antes de Você se lembra da primeira vez?Jarvis, que estivera neste mesmo festival em 2019, com o seu projeto a solo Jarv Is, lembrou a sua primeira vez em Portugal: 1996. “Alguns de vocês não eram nascidos, outros ainda se lembram”, didascália exata para a ingresso do tema de Dele e dela (1994). Explicou ainda que o concerto desta noite de sábado, 8 de junho, era o último enquanto varão solteiro, ele que fora casado uma vez, mas que, aos 60 anos, ia “tentar de novo”. Tentar de novo. Falhar de novo. Falhar melhorBeckett explicado por Cocker.

Antes de Nascer do soldeitou-se extenso no palco, para sentir um sol de luzes a nascer detrás de si. Era a última cantiga antes do encore, que trouxe Uma vez que um companheiro e Roupa de grave. Querem ouvir mais alguma coisa?”, perguntou ironicamente. Já tinha havido SENTIR-SE CHAMADO AMOR, Classificado para E’s e Wizz, Luva Rosa, Ervas daninhas, Bebês e Isso é incondicionaljá tinha havido tudo, mas havia nascente mais que tudo, nascente “110%” que seria a consolação, a entrega e a resgate final. Pessoas comuns foi cantada porquê a O universaldos Blur, havia sido cantada na edição de 2023 do Primavera Sound: de braços no ar, olhares trocados entre as muitas pessoas banais que se balançavam e abraçavam, nuvens de emoção a emanar da relva e a agradecer ao alquimista Jarvis Cocker o prazer que era estar vivo naquele momento. No momento em que a música ao vivo se autoexplicou sem premência de carregar uma grande produção às costas ou qualquer ornamento supérfluo. Estava encontrado o grande concerto desta edição do Primavera Sound Porto e, muito provavelmente, um dos melhores da história do festival.

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A partir daqui, muitos foram aqueles que já não quiseram ver mais zero e abandonaram o recinto. Os que ficaram, porquê nós, juntaram-se aos The National no palco principal. Esta era a 22.ª vez que a filarmónica norte-americana tocava em Portugal (e não a 19.ª, porquê erradamente escrevemos no cláusula de antecipação do festival). A primeira vez foi em 2005, no festival Paredes de Coura e, de lá para cá, os The National tornaram-se num dos grupos mais queridos do público português. Matt Berninger sabe-o muito e, porquê tal, agradeceu o esteio e o carinho com que cá é sempre recebido, já depois de se ter enfiado no meio do público pela terceira vez e de ter chegado desfraldado a palco para terminar Senhor novembro.

Por esta fundura estávamos no final de uma atuação de duas horas que pareceram 30 minutos para os fãs incorruptiveis, e quatro horas para aqueles que se classificam unicamente porquê simpatizantes. As canções densas dos The National são capazes de nos emocionar quando as escutamos na nossa intimidade, mas num concerto de festival tendem a tornar-se, em alguns momentos, um pouco compactas e massudas. Uma Sobre Hoje será sempre uma grande cantiga, porquê o será Abelprincipalmente com um Matt Berninger a repetir tresloucado os versos “My mind’s not right, My mind’s not right”, ou uma O sistema só sonha na negrume totalidade. Isso é indiscutível. Uma vez que também é indiscutível que do vocalista dos The National podemos esperar nunca menos do que entrega totalidade, com rouquidões, excessos e recatos políticos à mistura (“feliz mês do orgulho gay”, “Donal Trump é um criminoso” e “monstro livre e legítimo para todas” foram algumas das mensagens escutadas ao longo do concerto).

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