João Palhinha, médio de 28 anos do Fulham que vai simbolizar Portugal no Europeu da Alemanha, abriu oriente sábado o livro no Subida Definição, da SIC. Na entrevista conduzida por Daniel Oliveira, não deixou zero por expressar, desde os fortes sentimentos que guarda pelos avós maternos, já desaparecidos, ao silêncio do Benfica… que o levou ao Sporting. Leia!
Os ídolos
“Nunca tive ídolos [no futebol]somente jogadores que sempre apreciei muito. Os meus ídolos foram o meu avô, a minha mãe… Quando falamos na vocábulo ídolo, é eminente muito possante.”
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Deitar cedo… para mais tarde se erguer
“O meu pai sempre me disse que o porvir ia justificar… Lembro-me de estar na escola, possuir as viagens de finalistas, colegas que saiam à noite… Privei-me de muita coisa. Ia para a leito mais cedo, porque ao sábado ou ao domingo havia jogo. Mas tentei e fiz o que a minha consciência também me dizia para fazer. Pressão do meu pai? Um bocadinho, mas ainda hoje, quando um jogo não corre muito, ele sente as minhas dores. Ele só foi exigente comigo porque eu o permiti e porque queria ser profissional.”
O projecto B
“Sempre tive um. Sempre quis estar ligado ao desporto e se não fosse jogador, talvez fosse professor de Instrução Física.”
A avó Lena
“Sempre foi uma guerreira, uma das referências da minha vida. Sempre fui um menino ligado à família, tanto aos meus pais, uma vez que aos meus avós maternos. Infelizmente, os meus avós maternos já não estão vivos, a minha avó Leninha já faleceu. Teve uma doença degenerativa – esclerose lateral amiotrófica – e foi um tanto que nos marcou muito. Estava a jogar no Setentrião… A minha avó era uma pessoa muito muito disposta, feliz, que adorava viajar e visitar as joalharias da Avenida de Roma. Apareceu-lhe essa doença, que a desgastou muito… Faltava-lhe mobilidade, notávamos que andava mais cansada que o normal. Não estávamos à espera. Eu não poder ajudar a minha mãe naquela profundeza, vendo a mãe dela entrar num estado praticamente vegetal… É uma dor inexplicável. Não consigo imaginá-la, aliás. Vai sempre servir-me de referência, ver o comportamento que a minha mãe teve com a minha avó. Torna-se muito difícil falar disto… [pausa]. Ver a minha avó a chorar, ao ponto de não conseguir expressar-se, a ver as lágrima nos olhos dela, quando lhe dava um ósculo, um amplexo, sentido que ele não podia expressar aquilo que queria… Isto com 60 e tal anos. Com muita vida pela frente. Quando partiu e cada vez que marcava um golo, dedicava-o a ela.”
A partida do avô
“Foi, ao contrário, da minha avó, completamente inesperado, um tanto que me deixou, aos 16 anos, completamente transtornado – também tinha 60 e poucos anos naquela profundeza, era muito novo. Foi o momento mais difícil da minha vida. Lutou sempre muito pela minha instrução, foi um segundo pai… Zero se compara ao que o meu avô foi para mim. Sempre disse tudo ao meu avô, tal uma vez que digo à minha mãe, todos os dias, que a senhor muito. O número 6 é por ele, porque nasceu e faleceu num dia 6. É por isso que está sempre na minha camisola [era o 6 no Sporting e é o 26 no Fulham]. Se pudesse pedir um libido, hoje, era ter os meus avós cá. É um vazio que nunca se preenche [pausa]… Tudo o que tenho vindo a depreender, fica sempre um vazio por não os ter cá a ver. Só seria verdadeiramente feliz com eles a vê-lo. Todos nós temos as nossas estrelinhas, mas paladar de pensar que eles estão a ver-me lá no firmamento. Daria tudo para que conhecessem o bisneto, o meu rebento [João Maria]. Mas também paladar que há sempre alguma coisa de melhor que ainda está por vir.”
A mudança para Inglaterra
“Sabia que mais tarde ou mais cedo ia ocorrer e o que mais me custou foi deixar a minha família. Tinha a minha mulher pejada… Porquê me safava? Foquei-me no campo, além de também ser uma pessoa desenrascada. Hoje sou feliz, mas sempre que posso, vou a Portugal.”
O rebento João Maria
“Quando ele diz ‘papá’ é uma bênção, derrete-me completamente… Temos de aproveitar o tempo completo com eles. O promanação dele foi o dia mais importante da minha vida. Desde o falecimento dos meus avós que não via a minha mãe com um sorriso daqueles. Iluminou a nossa família depois de uma período de grande sofrimento. Falei com o míster Marco Silva e ele deu-me dois dias para ver ao promanação. Regressei para jogar com o Everton, mas voltei logo no termo de semana seguinte. A minha mulher [Patrícia] chorou mais. Eu sorri muito.”
Fala muito dentro de campo?
“Não sou o Nuno Santos [risos]. Não sou um Nuno Santos, não sou um Pote, que esses sim, são ‘pica miolos’. Eu sou mais tranquilo… Não ligo a provovações, tento, sempre, focar-me no jogo e não o que vem de fora.”
Esteve perto do Benfica e acabou… no Sporting
“Estava naquela profundeza em que não achei que as coisas fossem ocorrer. Era júnior de primeiro ano e são poucos os casos que conseguem chegar a um patamar eminente, não estando num grande. Há um jogo [contra o Sacavenense, o seu clube] em que o míster Abel Ferreira [então técnico dos sub-19 do Sporting] me abraça, mete a mão no ombro e diz: queres vir jogar connosco em janeiro? Fiquei com dois sentimentos. Um quando disse que sim, um ‘simples que sim’, outro depois, ao pensar que não queria passar pelo mesmo desprazer que passei pelo Benfica. Na profundeza, fui treinar ao Seixal – na profundeza o míster era o Bruno Lage -, treinei muito e criei esperanças. Vi o Bernardo Silva, o João Cancelo e criei ilusões que aquele espaço também iria ser meu. Não me disseram mais zero… Quando o míster Abel me convida, ainda faltavam 3, 4 meses para janeiro. Além dele, houve alguém que teve um papel muito importante nesse processo, o senhor Aurélio Pereira, que falou com os meus pais. Foi um dos grandes impulsionadores, mas também muito sincero. Disse-me que não ia jogar muito no primeiro ano, mas as coisas acabaram por percorrer de forma dissemelhante e até ia treinar na equipa principal, com o míster Jesualdo Ferreira.”
Cessão ao Sp. Braga sem expectativa de voltar
“Quando fui para Braga, posteriormente o ataque à Ateneu, fui com a sensação que não ia voltar ao Sporting. As coisas não me estavam a percorrer muito, estava a jogar muito pouco… Na profundeza o treinador era o míster Jorge Jesus, tinha 21, 22 anos e precisava de jogar. Isso mexeu comigo. Quando fui para Braga voltei a ter prazer de jogar. Fez-me o jogador que sou hoje. Mas nunca na vida pensei que iria voltar ao Sporting.”
O temor que sentiu no ataque à Ateneu
“Foi um dia que nos marcou a todos. Se temi pela minha integridade física? Um bocadinho. Lembro-me de vincular ao meu pai, a chorar e a expressar que não queria voltar mais ali. Tinha 21 anos… Em moradia, mais a insensível, pensei e não o fiz, pelo reverência que tinha pelo Sporting. O clube, felizmente, conseguiu reerguer-se e é com muita felicidade e orgulho que olho para o Sporting hoje em dia. Totalmente dissemelhante daquilo que foi no pretérito.”
A Seleção Vernáculo
“A primeira vez que ouvi o hino das quinas, foi na era em que fui vencedor pelo Sporting. Foi dos momentos mais bonitos, a primeira chamada. Espero continuar a simbolizar a minha seleção uma vez que tenho feito.”
O que dizem os seus olhos?
“Dizem que sou um pai muito orgulhoso, que sou um rebento muito grato e que serei sempre a mesma pessoa, independentemente de onde estiver; quer quero viver a vida uma vez que tenho vivido, com as pessoas que mais senhor, homenageando as que já partiram.”