“Eu esquina o corpo elétrico”, escreveu Walt Whitman, ode a todos os aspectos da fisionomia humana, proveniente do paixão furioso que o poeta detinha pelo seu semelhante. Uma vez que com Whitman e os exércitos que o envolveram e que ele envolveu, as canções de Patti Smith têm o mesmo efeito no ouvinte. Ela canta, também, o corpo eléctrico, uma vez que voltámos a testemunhar na noite de domingo no festival Jardins do Marquês – Oeiras Valley, em Oeiras: o corpo rock n’ roll, a testa que pinga suor sobre uma guitarra, os dedos que se desfazem em sangue nas cordas, os músculos que doem, no pescoço e nos braços, em seguida uma sessão de bate cabeçaas pernas que tremem na saída de um daqueles concertos que a mente guardará enquanto for mente. Patti, uma vez que Whitman, é uma das grandes poetas da literatura americana. Dizem-na do punk, vocábulo que outrora detinha um significado proparoxítono, era vista uma vez que insulto. Patti, e os que vieram a seu lado naquele CBGB’s nova-iorquino que não existe mais, mudou-lhe completamente o sentido.
