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“Devo-lhe dizer que é muito burro pensar (…) eles achavam que eram Deus na Terra e mandavam no país. O Ricardo Salgado, o Rui Silveira, não sei o quê, achavam que mandavam no país, que eram donos do mundo. Ricardo Salgado chegou a ameaçar o Governador do Banco de Portugal a dizer: ‘Eu já estou há muitos anos e os governadores mudam”. Assim como quem diz: ‘Se calhar tenho que falar com alguém para te tirar’. Uma prepotência desmedida (…)”
Então Pedro Queiroz Pereira dá um passo à frente. E vai até a cúpula da família: o Conselho Superior do Espírito Santo.
“Aquela data de 13 de dezembro de 2012 diz respeito a uma sessão do Conselho Superior. Eles me convidaram e eu fui lá nessa reunião para chamar a atenção deles do que estava acontecendo e dizer: ‘Não vai ser melhor a gente sentar, criar um grupo de trabalho, se entender, do que estar aqui a agredir uns aos outros’. Porque eles já estavam ativamente tentando comprar ações do meu Grupo para controlá-lo.”
Quando PQP foi à reunião do Conselho Superior, os demais membros da família Espírito Santo teriam incitado Ricardo Salgado a “se entender com Pedro porque isso também não pode ser, você tem que se entender, tem que arranjar um entendimento qualquer”, diz PQP .
Como estão os restantes processos do caso Universo Espírito Santo?
“E ele saía da sala e era como se nada tivesse acontecido. Eu não estava nisso para bancar o policial. Eu estava nessa porque ele mesmo sem dinheiro estava seduzindo sócios meus para controlar meu Grupo”, explica Pedro Queiroz Pereira aos promotores José Ranito e Cláudia Ribeiro.
E PQP já sabia então, em 13 de dezembro de 2012, que as contas da ESI estavam falsificadas? Os investigadores que ele havia contratado, que incluíam auditores, contadores e economistas, ele já havia detectado os buracos nas contas das participações dos Espírito Santo? Queiroz Pereira diz que não sabia que as contas estavam falsificadas em termos de passivo, mas desconfiava de outra coisa.
“Eu sabia que as contas deles estavam mal porque eles consolidavam as contas de umas holdings para as outras e não usavam os valores de cotação, usavam os valores que eles imaginavam. Portanto as contas eram uma vigarice completa.”.
O confronto continua seis meses depois, em junho de 2023, durante duas assembleias gerais (AG) da ES Control — seis meses em que a equipe de pesquisadores de PQP coleta ainda mais informações sobre o participações dos Espírito Santo.
A primeira AG da ES Control ocorreu em 6 de junho de 2013 e lá, diz Queiroz Pereira, os “números não batiam”. A reunião foi adiada para oito dias depois e a ata da reunião demonstra que “todos os atos praticados desde 2007 foram ratificados, e aprovação de contas, aumentos de capital, mudança de sede social e outros assuntos. sempre com os votos contra de PQP”, lê-se no auto de inquirição.
A reunião segue no dia 24 de junho de 2013 e, dois depois depois, Pedro Queiroz Pereira entrega no Luxemburgo um pedido de investigação judicial sobre as contas da ES Control. Na mesma ação, informa às autoridades luxemburguesas que o endividamento da ESI é de cerca 3 bilhões de euros.
“É relativamente simples [fundamentar essa alegação do endividamento de 3 mil milhões]na medida em que eu tinha os balanços, eu via como eram feitas as contas, nomeadamente as consolidações… Por exemplo, a Rio Forte era contabilizada em 1 bilhão e 300 milhões de euros. Mas não valia, entendeu? Aquilo era enganar as contas e por que eles colocavam? Era assim, eles colocavam. A Espírito Santo Finantial Group [a subholding que detinha a posição de controle do BES e na qual também estava o Crédit Agricole], isto é um dado importante, estava na bolsa [portuguesa] a 5,24 euros e era contabilizada na consolidação das contas a 22 euros. Eu fazia as contas e dizia: ‘só aqui está um buraco de 3 mil milhões euros.’
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