Pelo menos quatro pessoas morreram na sequência de um incêndio que destruiu por completo um prédio residencial de 14 andares no bairro de Campanar, em Valência, Espanha, esta quinta-feira. O incêndio, inicialmente visível na cobertura do prédio, acabou por atingir toda a estrutura, tendo o risco de derrocada, adianta o jornal El Espanhol. O primeiro alerta para as autoridades foi oferecido pelas 17h30 locais (16h30 em Portugal continental). Às 00h10 (menos uma hora em Lisboa), as chamadas continuavam activas, com a frontaria totalmente queimada – ventos fortes dificultam o trabalho dos bombeiros.
Uma porta-voz dos serviços de emergência, citada pelo El Mundo, confirmou que os bombeiros encontraram os corpos carbonizados de quatro pessoas numa varanda. Há ainda uma pessoa desaparecida.
Pelo menos outras 14 pessoas, incluindo seis bombeiros e uma criança de sete anos, ficaram feridas.
Para o local foram inicialmente mobilizadas dez equipes de bombeiros municipais e de emergência médica, mas acabaram por ser chamadas corporações das redondezas, equipes da Cruz Vermelha e militares das Forças Armadas. Na zona foi instalado um hospital de campanha para socorrer os primeiros feridos e as autoridades pediram aos comerciantes das ruas contíguas que disponibilizassem as suas lojas como refúgio. Os provedores também pediram ajuda de voluntários, enquanto vizinhos do edifício estão a abrir as portas de suas casas para acolher desalojados. As autoridades estão coordenando alojamento para as pessoas desalojadas pelas chamadas com vários hotéis na região.
Entre os feridos estão um pai e uma filha que ficaram presos pelas chamas no sexto andar durante horas. Imagens transmitidas pelo canal local À Punt mostraram como os dois saltaram de uma varanda para o outro, cobertos com gorros e cachecóis, e o momento em que os bombeiros, ao fim de uma hora de esforços, eficiência retirará-los do edifício. O resgate mereceu uma longa ovação das muitas pessoas que assistiram na rua.
Ó El Mundo noticia que pelo menos uma pessoa terá saltado de uma varanda do primeiro andar para um colchão de socorro, desconhecendo-se o seu estado de saúde. Ao todo, os serviços médicos de urgência socorreram nove homens e quatro mulheres, entre os 25 e os 81 anos, bem como uma criança de sete anos. Segundo o El Español, à exceção de duas mulheres que receberam alta no local, os feridos restantes foram transferidos para diferentes centros hospitalares de Valência.
Incêndio começou no quarto andar
O edifício, construído em 2005, tinha 138 apartamentos, 11 em cada piso. O incêndio terá começado no quarto andar, num apartamento que os vizinhos dizem estar desabitados, e rapidamente se propagou em várias direções, engolindo com chamas praticamente toda a estrutura. Os moradores ouvidos pela comunicação social espanhola dizem que não demoraram mais do que cinco minutos até o fogo atingir todo o edifício e muitos tiveram tempo apenas para fugir com a roupa que traziam vestida.
O Centro de Coordenação de Emergência ativou o Plano Territorial de Emergência da Comunidade Valenciana e pediu aos cidadãos que não se aproximassem da área do incêndio, considerada “muito perigosa”.
Já o presidente do Governo Autónomo da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, expressou a sua “consternação” face às primeiras informações relacionadas ao incêndio. “Seguimos a atualização das informações com muita preocupação”, sublinhou.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também já esteve em contacto com Carlos Mazón para garantir a ajuda necessária. “Quero transmitir a minha solidariedade a todas as pessoas afectadas e o meu reconhecimento a todo o pessoal de emergência já destacado no local”, escreveu Sánchez num transmitido partilhado na rede social X.
As imagens que esta quinta-feira chegam de Valência evocam as da torre Grenfell, em Londres, que ardeu completamente em 2017, num incêndio que provocou 79 mortos. À semelhança desse prédio, o prédio valenciano estava revestido, segundo uma perito ouvida pelo jornal regional Las Províncias, por um material altamente inflamável, o poliuretano.
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