Março 23, 2025
PGR abre inquérito sobre declarações de Ventura e Pedro Pinto sobre morte de Odair Moniz – Observador
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu inquérito sobre declarações de André Ventura e Pedro Pinto, líder e deputado do Chega, presidente e líder parlamentar do Chega, respectivamente, e também do assessor do mesmo partido Ricardo Reis, sobre a morte de Odair Moniz. A informação foi inicialmente avançada pela CNN Portugal e confirmada pelo Observador.

“Confirma-se a instauração de inquérito relacionado à matéria em referência. O mesmo corre em termos no DIAP Regional de Lisboa”, disse fonte oficial do Ministério Público ao Observador.

Em causa estão declarações do líder parlamentar do Chega sobre os tumultos dos últimos dias relacionados com a morte de Odair Moniz, um cabo-verdiano de 43 anos que foi baleado por um agente da polícia no bairro da Cova da Moura, na Amadora. Pedro Pinto afirmou que se as forças de segurança “disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem”.

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Também o presidente do Chega, André Ventura, disse sobre o agente da PSP que baleou Odair Moniz: “Nós não devíamos constituir este homem arguido; nós deveríamos agradecer a esse policial pelo trabalho que ele fez. Nós deveríamos condecorá-lo e não constituí-lo réuameaçar com processos ou ameaçar prendê-lo”.

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Ventura acusa autores de queixa-crime de perseguição política

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Além de André Ventura e Pedro Pinto, a anunciada queixa-crime, já saudada por Bloco de Esquerda e PCP, também visa as declarações de Ricardo Reis, um assessor parlamentar do partido, que disse na rede social X em 23 de outubro: “A única palavra é esta: obrigado ao agente que deixou as ruas mais seguras!” e “menos um criminoso… menos um eleito do Bloco [de Esquerda]”.

[Já saiu o quarto episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo e aqui o terceiro.]

O Diário de Notícias avançou nesta sexta-feira a notícia de que um grupo de cidadãos vai apresentar queixa-crime contra essas declarações, entre eles a ex-ministra da Justiça do Governo de António Costa, Francisca Van Dunem, para quem, com essas declarações, foi “atingido um limite”.

Francisca Van Dunem entre subscritores de queixa-crime contra André Ventura e Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega

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“Atingiu-se um limite. Nenhum democrata pode deixar de se indignar com essas declarações. Minha consciência me obriga a tomar uma atitude em relação a quem se aproveita desse clima para fazer apelos ao ódio e a mais violência. Vou subscrever a queixa, que espero que seja subscrita pelo maior numero possível de pessoas”, disse.

Em reação à queixa-crime que um grupo de cidadãos (que inclui a ex-ministra da Justiça Van Dunem) vai apresentar contra André Ventura e Pedro Pinto, o líder do partido — que só tomou conhecimento desse ato nesta manhã — considerou ser negativo e prejudicar a democracia.

“É um mau sinal para a democracia quando os meus opositores acham que, para me calar, a solução é pôr-me na cadeia. E isto deve preocupar os cidadãos democratas de bem”, disse.

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A referida denúncia também tomou a forma de petição pública, estando disponível online para subscrição de cidadãos, já contando com mais de sete mil assinantes.

Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feirano Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Cova da Moura. A história da morte de Odair contada por quem estava na janela

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Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com emprego de arma branca”.

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias. A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que atirou no homem foi indiciado.

Desde a noite de segunda-feira registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo. Mais de uma dezena de pessoas foram detidas, o motorista de um autocarro sofreu queimaduras graves e dois polícias receberam tratamento hospitalar, havendo ainda alguns cidadãos feridos sem gravidade.

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