Março 18, 2025
Pogacar arruma de vez com o Tour, João Almeida faz top 10 e fica mais perto da história – Observador
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A forma porquê Richard Carapaz conseguiu fugir na fuga para discutir o triunfo na chegada a SuperDévoluy com Simon Yates e Enric Mas e a maneira porquê o pelotão foi gerindo as etapas a rolar na terceira e última semana do Tour que foram decididas ao sprint mostrava ao um pouco que se tornava quase inevitável: para ter espectáculo porquê até cá, as forças dos Pirenéus tinham de passar de forma direta para a chegada aos Alpes. Foi assim com Tadej Pogacar, foi assim com Jonas Vingegaard, foi assim com Remco Evenepoel, foi também assim com todos os fiéis escudeiros dos três principais candidatos tendo João Almeida e Mikel Landa logo à cabeça (Carlos Rodríguez é um caso dissemelhante, por ser o líder da Ineos). Agora, chegava o dia. E se aqueles 33 quilómetros entre Mónaco e Nice que fecham a prova em contrarrelógio podiam marcar pequenas diferenças, agora chegava o momento decisivo para “sentenciar” um pouco que parecia há muito tempo deliberado.

“Conheço-a muito. Não sei se já decidimos qual será a lanço rainha mas amanhã [sábado] é a lanço rainha para mim. Sabor muito do Col de la Bonette e treinei muito na Isola 2000 no mês anterior à Volta. Estou ansioso por percorrer lá. Tenho uma vantagem de três minutos. Vamos aproveitar isso e ver se conseguimos manter a mesma diferença. Vamos pensar primeiro na resguardo e depois na última subida veremos porquê estão as pernas. Mas temos de estar à espera de alguma coisa, é a lanço rainha. É uma lanço que se quer lucrar. Vamos ver queimada de artifício e talvez algumas mudanças na classificação”, destacava à partida Pogacar. “O Pogacar conhece muito a lanço porque o Mónaco não é muito longe daqui, também fez um treino de altitude em Isola 2000 mas é um dia com subidas de quase uma hora. Não posso fazer previsões. Tudo pode suceder, mas em todo o caso prometem ser dois dias espetaculares”, acrescentava Remco Evenepoel.

Em paralelo, o Tour ia sendo marcado também pela figura virtual de “Mou”, um utilizador que começou por fazer muitas publicações num fórum da modalidade (Cyclingnews) e que passou depois para a rede X. Razão? Grande secção dos comentários diziam reverência a dados confidenciais de Pogacar, de treino e de corrida, que deveriam estar unicamente disponíveis para a equipa. Justificação? Será alguém muito próximo do esloveno, o que permite ter entrada a essas informações. Problema? Nem o galeria sabe quem é. “Eu é que devia perguntar-vos quem é, não faço teoria… É um pouco que já oiço há uns dias e que está a lucrar cada vez mais atenção. Algumas coisas que partilha que estão certas, a maioria está errada. Não sei quem é esta pessoa nem quais são as suas intenções, mas acho que está só a tentar ser importante…”, referiu Pogacar.

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Com ou sem dados reais, entre mais ou menos informação, não era preciso recorrer a segredos para chegar ao óbvio: apesar de todo o desgaste de duas semanas e meia de competição, e com mais duas tiradas de subida serra antes do contrarrelógio final, era a UAE Team Emirates que continua a dominar, porquê se viu ao longo de um dia que voltou a ter uma fuga com corredores talhados para estas características porquê Matteo Jorgenson, Wilco Kelderman, Simon Yates, Nicolas Prodhomme, Ilan Van Wilder, Jai Hindley, Richard Carapaz, Cristián Rodríguez e Oscar Onle sem nunca terem grande folga de um “pelotão” que a mais de 65 quilómetros estava resumido a um grupo de 20 corredores com a armada de Pogacar a comandar.

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A partir daí, houve um pouco de tudo. Matteo Jorgenson, Wilco Kelderman, Simon Yates, Jai Hindley, Richard Carapaz (que praticamente sentenciou a questão da serra) e Cristián Rodríguez formaram o grupo que lutava pela vitória, Jorgenson tentou dar uma alegria à Visma no meio de tantas mini derrotas que a equipa foi tendo ao longo dos últimos dias, Carapaz ainda esboçou uma tentativa de reação ao ataque numa fundura em que tinha 30 segundos de desvantagem, Pogacar descolou para ir à procura da vitória.

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O que mudou desta vez? A incapacidade que os rivais diretos demonstraram para sequer reagir ao que estava a suceder, a ponto de não terem sequer tentado ir detrás do camisola amarela para outro duelo porquê aqueles que já forma travados em serra. Assim, Vingegaard e Remco ficaram a discutir a segunda posição sem que o belga descolasse do dinamarquês, ao passo que João Almeida foi controlando as movimentações de Mikel Landa sem que o espanhol ferisse a posição do português e com Carlos Rodríguez a perder quase dois minutos nessa luta pelo quarto posto da universal. E Pogacar? Ganhou, simples, passando que nem um mota por Carapaz, Simon Yates e por último Jorgenson para somar o quarto triunfo em etapas do Tour.

Com mais um recital, Pogacar reforçou a liderança e sentenciou de vez a Volta a França (se dúvidas ainda existissem), passando a ter uma vantagem de 5.03 para Jonas Vingegaard e de 7.01 para Remco Evenepoel. Já João Almeida manteve o quarto posto na universal a 15.07 do companheiro de equipa, ficando com os mesmos 27 segundos de progressão em relação a Mikel Landa e agora 2.19 minutos sobre Carlos Rodríguez, o melhor da Ineos. Fecham o top 10 Adam Yates (também da UAE Team Emirates), Derek Gee, Matteo Jorgenson e Giulio Ciccone. A continuar assim, o português, que faz a estreia no Tour, pode tornar-se o segundo melhor galeria vernáculo na prova, unicamente superado por Joaquim Agostinho e os seus dois pódios na terceira posição que alcançou nas edições de 1978 e 1979 (neste caso com uma vitória no mítico Alpe d’Huez).

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