Março 19, 2025
Por entre muralhas afonsinas e romanas, igrejas e solares, o Cá Há História mostra o património escondido de Viseu

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Cultura

No primeiro sábado de cada mês, a iniciativa promovida pelo município e pela Loja de Turismo de Viseu dá a saber um lugar histórico da cidade

Porta do Soar Aqui Há História CR: Diogo Paredes

Fotógrafo: Diogo Paredes

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Quem se transladar da rua Nunes de Roble em direção ao Largo Pintor Gata, em Viseu, passa obrigatoriamente pela Porta do Toar, uma das sete portas que antigamente davam entrada à cidade de Viseu, rodeada pela sua muro afonsina. Atualmente, restam exclusivamente algumas partes desta muro, mandada contruir em 1412, durante o reinado de D. João I, para proteger a cidade, muitas vezes mira de saques.

Esta muro, porém, foi concluída exclusivamente em 1472, no reinado do seu neto, D. Afonso V. Em 1577 foi a última vez que as portas da muro foram encerradas, desta vez por motivos de peste. Sem militares que ocupassem permanentemente a muro, era geral um guarda-mor circunvalar pela estrutura e dar sinal à população em caso de invasão ou por questões sanitárias. O entrada à Porta do Toar é feito por uma pequena porta localizada ao lado da Capela da Nossa Senhora dos Remédios. Chegar à secção superior deste portão da muro, porém, é um tanto vedado ao público durante praticamente todo o ano. Uma novidade iniciativa criada pela Câmara Municipal de Viseu em conjunto com a Loja de Turismo de Viseu, porém, permite ao público saber leste e outros monumentos da cidade de Viseu.

A iniciativa “Cá Há História” foi criada em 2023. No primeiro sábado de cada mês, dois guias da Loja de Turismo de Viseu orientam visitas a monumentos e locais históricas de Viseu que são geralmente ignorados ou utilizados para outras funções. “Quando foi o Dia Mundial do Turismo, em setembro, com a visitante à muro romana e à capela do Solar dos Condes de Prime, tivemos tanta gente que achámos que valia a pena manter esta iniciativa”, afirmou a guia turística Sofia Mendonça. Em conjunto com Henrique Ribeiro, os dois guias iam intercalando as explicações e contextualizações oferecidas aos visitantes interessados. Uma estagiária, Nádia, acompanhava os dois turistas.

“Costumamos ter mais pessoas de cá. Temos um grupo bastante grande de pessoas que costuma vir sempre”, contou ainda a guia. “Se às vezes faltam a uma na vez a seguir vêm, depois pedem-nos para repetirmos. Por isso é que em alguns sítios vamos repetindo, porque algumas pessoas por vezes não conseguem estar presentes”, afirmou ainda Sofia Mendonça. Além de português, a visitante à Porta do Toar tinha já sido realizada em inglês e espanhol.

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Tirando visitas específicas, porquê aquela realizada ao Regimento de Infantaria 14 – em que a visitante tinha de ser realizada de meia em meia hora e as pessoas tinham de deixar a sua identificação, uma vez que a apresentação era feita pelos militares do regimento – as visitas do Cá Há História são realizadas a quem quer que pretenda saber um pouco mais sobre oferecido lugar. “Temos algumas pessoas que são exclusivamente curiosas, que vivem cá na cidade e que têm curiosidade em saber um pouco mais sobre Viseu”, contou Sofia. Às vezes [as pessoas] juntam-se anos a meio da visitante e depois no término damos um pouco mais de atenção a essa pessoa que chegou depois”, disse.

Em cima da Porta do Toar, Sofia explicava a um grupo com tapume de 10 pessoas, constituído por duas famílias, que a muro foi, ao longo dos séculos, utilizada para a construção de casas. Além do Hotel do Palácio dos Melos, com entrada direto à Porta do Toar, há ainda o exemplo da livraria da Escola Secundária Emídio Navarro, que utiliza secção da Porta dos Cavaleiros. “Na Porta da Sra. do Postigo, houve também uma moradia que foi construída mesmo na muro, da qual se vê o resto de umas escadas. As paredes eram usadas para edificar casas encostadas, até porque [a muralha] já foi terminada sem grande rigor, já quase só por uma questão de orgulho”, afirmou a guia turística.

Um quarto de hora mais tarde, um grupo de amigos subiu as estreitas escadas que dão entrada a um recinto tapado de relva. Num nível intercalar entre o pavimento do Largo Pintor Gata – na profundeza a rossio mais importante de Viseu no século XV—e o topo da muro da Porta do Toar, o recinto de relva permite ver toda a extensão setentrião da cidade de Viseu. Uma pequena porta dá ainda entrada à Capela da Nossa Senhora dos Remédios.

O grupo de amigos, acompanhados dos seus filhos, prestavam atenção às explicações, dadas desta vez por Henrique Ribeiro. “Tento estar nestas iniciativas sempre que provável”, começou por manifestar Patrícia José, uma das visitantes do grupo de amigos a serem orientados por Henrique. “Acabo por vir por tudo, pela história, pela venustidade dos monumentos. Apesar de conhecermos estes espaços desde miúdos, há pormenores que não sabemos. Vimos também pelos filhos, porque eles também têm bastante interesse em história”, contou ainda a visitante. A mãe de Patrícia José, visitante assídua, não pudera estar presente nesse dia, naquela que é uma “desculpa” para que o grupo de amigos se encontre todos os meses.

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“Porquê a minha mãe mora cá já há muitos anos, ainda conhece às vezes pormenores que não apanhamos à primeira e acrescenta umas coisas”, revelou Patrícia José. A visitante conheceu a iniciativa pelas redes sociais e logo que percebeu que o Cá Há História decorria todos os primeiros sábados de cada mês, as visitas passaram a ser regulares.

Até ao início da tarde, tapume de 150 pessoas tinham já visitado a Porta do Toar, um número superior aos tapume de 100 a 120 visitantes que costumam ver, em média, cada lugar. Na última visitante a leste lugar da muro, a Porta do Toar foi vista por mais de 200 pessoas.

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A teoria surgiu através de uma parceria entre a Loja de Turismo de Viseu e a Câmara Municipal, a partir do momento em que o município “percebeu que tem um património material muitíssimo rico”, explicou ao Jornal do Núcleo a vereadora da Cultura, Leonor Barata. “Por condicionantes várias, às vezes esse património não está sempre conseguível a toda a hora aos visitantes”, afirmou. “Não é porquê um museu, que tem horários de funcionamento e as pessoas podem escolher quando vão ver”, disse ainda.

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Antes deste projeto, o município promovia já visitas guiadas pela cidade para grupos de turistas ou de estudantes. “Percebemos que havia sítios que estavam encerrados e que muitas das pessoas que vivem cá nunca tinham lá ido”, contou a vereadora. Nesse sentido, foram organizadas visitas a locais porquê a Câmara Municipal de Viseu e o Regimento de Infantaria Nº14.

“São edifícios que estão tão presentes no nosso dia a dia e é interessante ver essa interação. Já fizemos uma visitante ao tribunal também. Muitas vezes as pessoas veem o prédio de uma forma muito de tarefa. ‘Eu vou à Câmara fazer um pagamento’. É interessante dar as outras visões do prédio”, salientou ainda Leonor Barata.

“Nós precisamos que o nosso território seja divulgado por aquilo que tem. Temos aqueles eventos mais conhecidos, mas gostamos também deste trabalho mais jacente e menos visível de promoção do nosso território para as pessoas que cá também vivem”, concluiu.

No ano de 2023, um totalidade de 1763 visitantes fizeram secção da iniciativa, tendo sido visitados o prédio da Câmara Municipal, a Capela de Santo António, a Porta dos Cavaleiros, a Porta do Toar, a Igreja de Santo António, a Igreja de São Miguel de Fetal, o Palácio dos Silveiras, o Solar do Vinho do Dão, o Quartel do Regimento de Infantaria N.º 14, a Associação Mercantil de Viseu, o Seminário Maior de Viseu e o Quartel dos Bombeiros Sapadores de Viseu.

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