Maio 10, 2025
Porto: «Cristianismo configurou a sarau» do São João e mantém presença na celebração, diz pároco da Foz do Douro

Porto: «Cristianismo configurou a sarau» do São João e mantém presença na celebração, diz pároco da Foz do Douro

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Padre Jorge Teixeira da Cunha destaca «caso de sucesso de evangelização», do ponto de vista histórico

Filial ECCLESIA/LS

Porto, 23 jun 2024 (Ecclesia) – O pároco de São João Batista da Foz do Douro, na Diocese do Porto, afirma que a dimensão religiosa do São João “é um sigilo muito guardado”, no meio de “imensos significados à volta”, mas é “sucesso da evangelização”.

“É um caso de sucesso da evangelização, o São João do Porto. O cristianismo deu os seus frutos e porquê que, discretamente, ficou um pouco na sombra, mas ficou profundamente e solidamente enraizado na psique do povo”, disse o padre Jorge Teixeira da Cunha, em entrevista à Filial ECCLESIA.

O pároco da Foz do Douro salienta que São João Batista “nem é o padroeiro do Porto”, e que o aspeto religioso está, “de patente modo, dissolvido, porquê sal”, numa sintoma cultural enxurrada de sentido.

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“O religioso está escondido porquê a semente no meio disso, ele é profundo e é o sal de toda a celebração, mas a celebração transcendeu, de patente modo, o aspeto religioso. O São João tem imensas raízes, vem, talvez, antes do Cristianismo, mas foi também a sabedoria dos evangelizadores que conseguiram, no sítio da Saturnal, das festas do solstício, instituir a celebração do santo popular”, explicou o professor universitário, realçando que Santo António, São João e São Pedro “têm todos o mesmo significado neste capítulo”.

Segundo o sacerdote, “foi o cristianismo que configurou a sarau” de São João e que, depois, de patente modo, “retirou-se”, ficando o destaque para “a cascata, a cultura popular, a música”, as quadras populares e a dança.

“O São João não tem pastoral, digamos assim. É um sigilo que está mais guardado até pelas manifestações populares, pela psique do povo, pelas cascatas, pela romaria em si, do que propriamente pela secção litúrgica”, precisou.

Filial ECCLESIA/LS

Na Paróquia portuense da Foz do Douro, a sarau litúrgica de São João Batista assinala-se na tarde de 24 de junho, “já depois da outra celebração toda, porquê uma espécie de coroamento”, e porquê memorandum daquilo que “é o núcleo”.

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“O maravilha é engraçadíssimo, porque o cristianismo configurou a cultura e, de patente modo, o aspeto explícito do São João e de Deus ficou um pouco na sombra. O efeito está lá, o efeito é visível, mas a culpa ficou na sombra”, sublinhou o padre Jorge Teixeira da Cunha.

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A sarau de São João Batista marca a cidade do Porto, e outras localidades dos periferia, de 23 para 24 de junho, oriente ano na noite deste domingo para segunda-feira, e, segundo o padre Jorge Teixeira da Cunha a “semente” guarda o “principal do cristianismo”, ou seja, “o sentido da receção afetiva de Deus na vida das pessoas”.

“Que depois se manifesta porquê sarau de fraternidade, porquê esplendor e alegria da vivência, porquê aproximação das pessoas, porquê superação da intervalo social e da instituição, porquê fraternização universal da noite de São João, que inclui todos os aspetos da vida, e isso é o vestígio evidente do cristianismo”, acrescentou.

Filial ECCLESIA/LS

O pároco de São João Batista da Foz do Douro comenta que os turistas “ficam admirados” com a noite da sarau de São João no Porto, nunca viram “coisa igual, não há sarau igual”, as pessoas compreendem “a mesma linguagem”, de celebração da vida, “do mar, da celebração da sardinha, do maná bicho, vegetal”, e tem uma raiz antropológica.

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Tudo é de todos. Toda a gente celebra o rico e o pobre, o vernáculo, o estrangeiro, o imigrante e o autóctone, referiu o sacerdote que não conhece outra sarau “com oriente significado e experiência englobante de humanidade”.

A típica cascata de São João, “que existe em muitos lugares, em muitas famílias”, e, também, na igreja paroquial da Foz do Douro, uma representação plástica “compreensível por todos”, “um pequeno mundo onde tudo está representado”, o clero, a nobreza e o povo, “está o religioso e o temporal, está o telúrico, está o místico”.

“Se pudéssemos provar que ela era um prolongamento do presépio, ou que tinha qualquer relação, seria engraçado”, salientou o sacerdote, na entrevista para o Programa ‘70×7’ deste domingo, transmitido na RTP2, às 17h00.

O padre Jorge Teixeira da Cunha lembra que as pessoas assinalam a “incongruência” entre a sarau e a figura de São João Batista, um “santo de ascese, que se vestia de pele de camelo, da austeridade”, mas foi transformado “na celebração da exuberância, da fraternidade, da partilha de todas as coisas”, e as pessoas entenderam isso.

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LS/CB/OC

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