Março 18, 2025
Presidente pró-europeia da Moldova denuncia “ataque sem precedentes à democracia” | Europa
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Vitoriosa, mas por uma margem menor do que o esperado e tendo que disputar um segundo turno, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, acusou “grupos criminosos” e “forças estrangeiras hostis” de tentar “minar um processo democrático” através da compra de 300 mil votos. “Seu objetivo era semear o medo e o pânico na sociedade”, disse em declarações aos apoiadores, enquanto os votos do referendo que propôs para incorporar na Constituição o princípio da futura adesão à União Europeia, continuavam a ser contados.

Depois de o “não” na consulta ter ficado à frente durante boa parte da apuração, os resultados conhecidos já nesta segunda-feira pela manhã, com 98,5% dos boletins escrutinados, colocam o “sim” em ligeira vantagem, com 50, 17%, depois de incluídos os votos da diáspora.

Tanto na eleição presidencial quanto no referendo, as pesquisas antecipavam resultados muito mais favoráveis ​​a Sandu, com pelo menos 60% de apoio à consulta que decidiu convocar depois de um processo iniciado com a entrega da candidatura oficial, em 3 de março de 2022, acelerado pelos temores provocados pela invasão russa da Ucrânia.

“A Moldova enfrentou um ataque sem precedentes à liberdade e à democracia do nosso país, tanto hoje como nos últimos meses”, afirmou ainda a líder do partido pró-europeu Acção e Solidariedade anunciou a abertura de uma investigação sobre fraude eleitoral.

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Em uma seção eleitoral para moradores da região separatista da Transnístria, apoiada pela Rússia, um produtor da BBC ouviu uma mulher que acabara de votar perguntar a um observador eleitoral onde ela seria paga. Já do lado de fora, questionada se lhe havia sido “oferecido dinheiro para votar, ela admitiu sem hesitação”. “Ela estava com raiva porque o homem que a havia enviado para a seção eleitoral não estava mais respondendo às suas ligações. ‘Ele me enganou!’”, cita a emissora britânica em texto em seu site.

Sabe-se que a Rússia investiu recursos para tentar impedir que o “sim” à introdução da adesão à UE na Constituição vencesse o referendo e que Sandu não fosse reeleita. A inteligência moldava estimou que o Kremlin canalizou mais de cem milhões de euros para financiar a campanha contra a adesão e a polícia prendeu centenas de suspeitos de tentar perturbar o processo eleitoral a mando de Moscou, acusações que o Kremlin rejeita “categoricamente” .

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Em causa estaria um esquema de compra de votos “sem precedentes” para envolver até um quarto dos eleitores no país de 2,6 milhões de habitantes.

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Mesmo que o “sim” acabe por ganhar por uma margem estreita, este resultado, embora não ponha em causa as negociações de adesão com a UE, “enfraquece de certa forma a imagem pró-europeia da população e da liderança de Maia Sandu”, comentou o politólogo francês Florent Parmentier, especialista em Europa de Leste, em declarações à AFP.

Sandu, ex-conselheira do Banco Mundial eleita em Novembro de 2020 com uma agenda pró-europeia e um perfil reformista anticorrupção, obteve quase 42% dos votos. Na segunda volta, a 3 de Novembro, vai enfrentar Alexandr Stoianoglo, apoiado pelos socialistas pró-russos, que, segundo os resultados parciais, obteve mais de 26% dos votos.

Mas o principal rosto da oposição pró-Rússia é Ilan Shor, o oligarca alvo de sanções dos Estados Unidos e da UE que fugiu do país em 2019 após ser condenado por fraude bancária. Shor se ofereceu abertamente nas redes sociais para pagar os moldavos para convencer outros a votar de uma certa maneira, argumentando que era um uso legítimo do dinheiro que ele ganhou.

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