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O Parlamento catalão iniciou, esta quinta-feira, o plenário de investidura do novo governo regional, como previsto. Uma hora antes do início da sessão, o deputado regional independentista Carles Puigdemont, que voltou a Espanha esta quinta-feira após anos no estrangeiro para fugir à justiça, fez um discurso à porta do edifício que aloja o poder legislativo. Em seguida, desapareceu sem deixar rasto.
O independentista e antigo presidente do governo regional (2016-17) anunciara na véspera o regresso a Espanha. Esteve nas ruas de Barcelona, poucos minutos antes das 9h locais (9h em Portugal Continental), numa concentração em que estavam mais de duas mil pessoas e que foi convocada pelo partido que chefia, Juntos pela Catalunha (JxC).
Puigdemont falou durante menos de um quarto de hora aos apoiantes que estavam numa praça nas imediações do Parlamento catalão. Desceu depois do palco instalado no local e caminhou alguns metros, rodeado por dirigentes do seu partido e centenas de outras pessoas, que levavam cartazes e bandeiras independentistas.
Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont parecia dirigir-se para a entrada do Parque da Cidadela, onde está localizado o edifício do Parlamento catalão. Ali arrancou, às 10h locais (9h em Portugal Continental), a sessão de investidura do socialista Salvador Illa como novo presidente do governo regional (conhecido como Generalitat).
O acesso ao Parlamento está blindado e controlado por uma barreira policial desde a madrugada, mas Puigdemont não chegou a este local, onde poderia ser detido. O separatista desapareceu, aparentemente, entre a multidão de apoiantes e o seu paradeiro é neste momento desconhecido. Está lançada uma operação de busca e detenção, suspeitando-se que se desloque numa viatura branca.
“Não temos o direito de renunciar”
Nas breves palavras que dirigiu aos apoiantes que o receberam em Barcelona, após quase sete anos fugido, Puigdemont condenou a “politização da justiça” espanhola, que lhe recusa a amnistia aprovada pelo Parlamento de Espanha. Isto porque está acusado de delitos de desvio de fundos públicos que, segundo a interpretação de alguns tribunais, não estão cobertos pela lei da amnistia.
“Não nos interessa estar num país em que as leis de amnistia não amnistiam”, afirmou Puigdemont, que lamentou a “repressão feroz” do movimento independentista catalão pelas autoridades espanholas, após a tentativa de autodeterminação de 2017. Foi ele o seu protagonista, tendo convocado um referendo ilegal e proclamado a independência, que suspendeu segundos depois e que a justiça espanhola considerou sem efeito.
Na sequência da intentona, o Governo espanhol suspendeu a autonomia da regiõa e Puigdemont abandonou Espanha no porta-bagagens de um carro, sendo ainda hoje alvo de uma mandado de detenção em território espanhol. “Vim para lembrar que ainda estamos aqui, porque não temos o direito de renunciar”, afirmou o ex-governante, depois de insistir que todos os povos têm o direito à autodeterminação.
Puigdemont anunciou, quarta-feira, que pretendia estar hoje na sessão parlamentar convocada para votar a investidura de Illa como presidente da Generalitat. Num vídeo que divulgou nas redes sociais, admitiu que arrisca ser detido, com este regresso a Espanha, e considerou que a sua detenção seria “arbitrária e ilegal”, por estar já em vigor a lei de amnistia para separatistas da região.
O Tribunal Supremo espanhol recusou, num primeiro parecer, aplicar a amnistia a Puigdemont, que apresentou recurso desta decisão e aguarda resposta. O “desafio” do Tribunal Supremo “tem de ter resposta e de ser confrontado” em nome da democracia, disse Puigedemont, para justificar o regresso a Espanha.
Governo ancorado à esquerda
O Partido Socialista da Catalunha (PSC, ramo regional do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE) foi o mais votado nas últimas eleições catalãs, em que as forças independentistas perderam a maioria absoluta que nos últimos 14 anos garantiu sempre executivos separatistas na região.
Illa negociou o apoio da independentista Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que foi o terceiro partido mais votado e é rival do JxC de Puigdemont, para ser investido presidente da Generalitat. Terá também como interlocutor privilegiado o partido de esquerda radical Em Comum Somar. Este é o ramo catalão do Somar, que partilha o Governo espanhol com o PSOE, apoiado por nacionalistas de várias regiões.
O JxC de Puigdemont foi o segundo mais votado. Este partido condena a ERC por estar disposta a acabar com a frente separatista catalã e viabilizar um governo “espanholista” para a região.
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