Março 19, 2025
Quando o desporto brinda ao talento na escrita e ao préstimo dos atletas

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Desporto

Comemorar o ‘percorrer da pena’, mas também o génio e a capacidade dos desportistas. A Gala do CNID decorreu em Viseu e prestou tributo a vários nomes do desporto português. Carlos Lopes, Paulo Sousa e Diogo Ribeiro foram três nomes lembrados pelos jornalistas desportivos portugueses na protocolo. Nove personalidades e projetos com ligações ao província foram premiados. O jornalismo também foi proeminente com distinções. Historiador do Jornal do Meio foi reconhecido

Fotógrafo: Jornal do Meio

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Há medalhas que os atletas ganham quando triunfam nas provas. E depois há as medalhas que a memória constrói e entrega. Estas últimas ajudam a perpetuar os heróis populares, a tal cobertura que os atletas vestem quando ficam na história. A última que Carlos Lopes conquistou foi atribuída em Viseu, durante a gala do Clube Pátrio da Prelo Desportiva (CNID). A sessão, organizada pela Associação dos Jornalistas de Desporto, que decorreu no Solar do Vinho do Dão, levou todos a doar ao préstimo de atletas, mas também de jornalistas.

Carlos Lopes, que ganhou a primeira medalha de ouro olímpica, nos Jogos de 1984, em Los Angeles, defendeu, no término de subir ao palco, que a melhor medalha que lhe podem atribuir é lembrar os feitos desportivos que alcançou com a camisola de Portugal. “Eu nunca pedi zero a ninguém. E continuo a não pedir”, começou por expressar. Quando lhe perguntamos sobre a homenagem que ainda gostava de receber, aquele que nasceu em Vildemoinhos em 1947, diz que tudo partirá da “boa vontade de cada um”. “Cada um deve sentir o que os outros fazem e não velar si, por uma questão de ego. É tão simples. Pelos portugueses fui sempre reconhecido, pela minha cidade natal foi aquilo que foi verosímil”, frisa.

O tempo corre e o calendário avança. Estão a passar quarenta anos desde que a Maratona dos Jogos Olímpicos de Los Angeles foi conquistada por Carlos Lopes, naquele agosto de 1984. “Quem é que, até àquele dia, tinha visto a bandeira portuguesa no pódio mais cimo, nuns Jogos Olímpicos? Isso marcou o desporto. E deu origem a que todos acreditassem cada vez mais que era verosímil”, vincou.

E sobre aquele dia, 12 de agosto de 1984, em que demorou duas horas, 9 minutos e 41 segundos a percorrer 42 quilómetros e 195 metros, o ouro olímpico garante ainda ter “memória para descrever o que me agradecem por tudo o que fiz pelo desporto”. “Isso há-de morrer comigo e fica escrito a letras de ouro”, atira. Carlos Lopes lembra que, enquanto desportista, recebeu bastantes prémios e que levante último entregue em Viseu “vale pela dimensão, pelo que representa ao término de quarenta anos”. “A Maratona faz secção da minha memória e deu outro valor ao desporto português”, defende.

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Puxando a fita detrás, Carlos Lopes garante que quando praticou desporto, o fez por livre vontade. “Foi uma dedicação tremenda. Às vezes a chorar, com amargos de boca muito grandes, quase a deitar sangue, mas nunca desisti. É isso que peço aos portugueses: nunca desistam”, acrescenta. Já a olhar para o horizonte, Carlos Lopes lembra as dificuldades que os jovens atletas atravessam no presente e pede que, no amanhã, o cenário se altere. “Há espaços que podem ser mais muito definidos para dar aos jovens a oportunidade de fazerem o que gostam. Sabemos que alguns espaços estão fechados e há dificuldade para aquiescer a eles. Os jovens merecem. Eles são o horizonte do desporto”, assinala.

“Maior prémio é reconhecimento dos alunos”, reconhece João Cavaleiro

As homenagens foram-se sucedendo. João Cavaleiro foi outro dos distinguidos. O professor, que também treinou clubes porquê Leccionando de Viseu, Tondela ou Sporting da Covilhã, foi um dos quatro homenageados com ligações ao província de Viseu. Além de Cavaleiro, foram atribuídos galardões a Fernando Seara, Paulo Sousa e Carlos Marta. “A elevação concretiza as memórias e os sonhos. Desde muito novos pensamos que no horizonte podemos ser isto ou aquilo. No meu caso faltou fazer muita coisa, mas não podemos ter tudo aquilo que sonhamos. De qualquer forma, o meu trajeto honra-me e faz com que tenha orgulho nele e isso é o mais importante”, explica Cavaleiro.

O técnico lembra um encontro que teve com alunos a quem deu aulas há quarenta anos. “Esse é, provavelmente, o meu maior prémio”, indica. Sobre o desporto, considera que é “determinante na vida das pessoas”. “Hoje há muitas divergências e em determinados momentos podemos ir por caminhos que podem não ser os melhores, mas o desporto ajuda-nos a fazer escolhas”, vinca.

Vítor Santos aplaude trabalho da prensa regional

O CNID evidenciou, também, o papel dos jornalistas, na Gala. O historiógrafo do Jornal do Meio, Vítor Santos, foi um dos nomes reconhecidos. O colunista venceu o primeiro prémio Projecto Pátrio de Moral no Desporto (PNED) na Prelo Regional. “A prensa tem um papel importantíssimo. É um parceiro fundamental. É através da prensa que conseguimos chegar a todos os agentes desportivos e promover as boas práticas. E denunciar casos. O desporto precisa muito de prensa regional. São mesmo parceiros. E têm muito a lucrar um com o outro. Estarei sempre disponível para colaborar com a prensa. Acho que o desporto precisa da visibilidade”, afirma Vítor Santos. A maioria dos trabalhos premiados denunciou casos de racismo e também agressões no desporto, nomeadamente a árbitros. “Magoa-me ainda ter a urgência de abordar estes casos. É preciso ter sensibilidade. É preciso quase trabalhar com pinças. E só podem ser abordados com essa sensibilidade na prensa. Não é através das redes sociais”, frisa.

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A Gala lembrou e premiou o nadador Diogo Ribeiro e o desportista paralímpico Miguel Monteiro. Foram, ambos, considerados atletas do ano. Diogo Ribeiro tem raízes no província de Viseu com os avós a viverem em Mortágua. Já Miguel Monteiro é originário de Mangualde. Os jornalistas de desporto portugueses decidiram também lembrar o legado do jornalista Silvino Cardoso, que conquistou o prémio de jornalista correspondente em Viseu e o trabalho de dois jornalistas regionais: Carlos Bergeron e José Alberto Marques. Os premiados com ligações à região não se ficaram por cá e na sessão foi distinguido e lembrado o projeto zerozero.pt fundado por Luís Rocha Rodrigues, originário de São Pedro do Sul.

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O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas defendeu que “Viseu só tem de testar grata por receber um evento porquê levante”. O autarca garante que a cidade e o concelho tudo farão para que “ninguém se arrependa de nos ter atribuído o título de cidade europeia do desporto”. “Que cheguemos ao término devidamente equipados e mais responsabilizados para que a cidade continue pujante a nível desportivo”, apela o presidente da autonomia viseense.

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  • Carlos Nogueira

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