Pedro Chagas Freitas partilhou uma reflexão, esta terça-feira, nas redes sociais, sobre ter alguém que se nutriz internado no hospital.
“‘Pai, até é bom estar no Hospital’. É, meu fruto. É. No Hospital pediátrico, todos os adultos são felizes. Não são zero, mas parecem. Cá, todos os adultos têm de parecer felizes. Pelos corredores, há uma alegria que, mesmo que seja uma máscara, não deixa de ser alegria. Para esconderem a sua dor das crianças, os adultos salvam-se da dor quando estão com elas”começou por referir o plumitivo no Instagram.
“Aos poucos, de tanto querer fingir que está feliz, o adulto corre mesmo o risco de permanecer feliz, nem que por instantes, nem que por momentos. Depois, a sós, choram muito, sofrem muito, abraçam-se muito, dão-se muito pescoço, descansam as lâmpadas com que de manhã terão de iluminar o dia. A diferença entre um hospital de crianças e um de adultos está no tamanho da máscara”explicou Pedro Chagas Freitas.
“Perante as crianças, o adulto inventa felicidade onde só há dor e, às tantas, já há mesmo um naco de felicidade onde antes só havia dor. Há mentiras que podem salvar a vida, ou pelo menos a esperança, que em muitos casos são exatamente a mesma coisa. A diferença entre um hospital de crianças e um de adultos está no tamanho da originalidade”continuou Pedro Chagas Freitas.
“Cá, entre as crianças, os adultos são crianças também. Brincam, fazem figuras parvas e ficam com isso muito menos parvos do que lá fora, perdem o pânico do ridículo e deixam de ser os ridículos sempre a pensar em trabalho que são lá fora. As crianças estão fartas de saber (sabem tudo, sentem tudo, percebem tudo) que os adultos que lhes mostram o riso só querem esconder as lágrimas, mas alinham naquele jogo”acredita Pedro Chagas Freitas.
“Pelo menos, assim, conseguem, também elas, edificar um dia mais infantil, menos sério, mais desprendido. Vistos ao longe, são todos felizes. Esquecem o que lá fora teria de ser, deixam as máscaras sorumbáticas, resignadas, conformadas e vão buscar as máscaras que já não usavam desde os tempos em que eles mesmos eram crianças. As aparências são de uma profundidade que só os mais superficiais não entendem. É muitas vezes a premência de mostrar alegria que nos deixa mesmo alegres, que nos tira do beco pútrido da desesperança”considerou Pedro Chagas Freitas.
“Aprendi cá, enfim, que o otimista não é o que vê o copo meio referto; é o que está sempre a encher o copo”afirmou.
Noutra publicação, Pedro Chagas Freitas refletiu: “Quando tens alguém que amas internado, sabes enfim quando é o dia perfeito”.
“Sabes que o dia perfeito é quando os que amas estão muito. Sabes que o dia perfeito é quando tens quem amas contigo, a rir contigo, a partilhar contigo, a sentir contigo. Sabes que o dia perfeito é quando as tuas maiores preocupações são coisas do trabalho, ou coisas de contas, e sabes mais ainda que isso não são enfim preocupações nenhumas”descreveu Pedro Chagas Freitas.
“Sabes que o dia perfeito é quando quem amas não tem uma recaída da doença, ou uma queixa da doença, ou quando as análises que fez estão todas normais. Sabes que andaste dias de mais a perder tempo de mais com questões de menos. Sabes que a partir dali, se quem amas transpor finalmente do internamento, terás um dia feliz a cada dia que tu e os que amas não tiverem de tornar ali”acrescentou Pedro Chagas Freitas.
“Quando tens alguém que amas internado, sabes enfim quando é o dia perfeito. É hoje, por exemplo. Aproveita-o”finalizado