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Como taxas Euribor estão caindo há vários meses, refletindo em baixa nas prestações da casa. E, agora, o índice tem novo impulso para continuar caindo nos próximos meses, já que o Banco Central Europeu (BCE) avançou com o terceiro corte de juros diretores nesta quinta-feira, 17 de outubro. Essa decisão impacta os novos empréstimos para habitação a taxa variável, que ficarão mais baratos. É nesse contexto que os bancos vão se sentir pressionados em melhorar as condições dos créditos habitação para atrair clientes, antecipam analistas ouvidos pelo idealista/news.
Desde o início do ano, as taxas Euribor têm seguido uma trajetória de queda, antecipando os cortes de juros do BC, em junho e em setembro. E o mesmo aconteceu no último mês. A queda do índice seguiu rumo não apenas motivada pelo afrouxamento da política monetária de setembro, mas também antecipando um novo corte dos juros do BCE na reunião de outubro, que acabou se confirmando nesta quinta-feira, 17 de outubro. Com essa redução, a taxa de refinanciamento ficou em 3,4%.
Esta trajetória de queda das taxas Euribor é espelhada nas taxas médias mensais de setembro para todos os prazos, com destaque para o prazo mais longo que ficou mesmo abaixo de 3%:
- Euribor a 12 meses: a média mensal de setembro foi de 2,936%, a menor desde dezembro de 2022. A taxa no maior prazo ficou 0,23 ponto percentual (pp) abaixo da registrada em agosto (3,166%);
- Euribor a 6 meses: essa taxa mensal caiu para 3,258% em setembro, 0,167 pp a menos que no mês anterior (3,425%);
- Euribor a 3 meses: a taxa do menor prazo passou ficou em 3,434%, menos 0,114 pp em relação a agosto (3,548%).
Esta tem sido uma boa notícia para as famílias que querem comprar casa, uma vez que as recentes quedas da Selic refletiram em baixa nas prestações dos créditos habitação (a taxa variável) contratados em outubro, como revelam essas simulações. Quem já está pagando um empréstimo imobiliário também vai sentir um alívio na prestação, se for revista neste mês.
Ofertas de crédito habitação deverão melhorar
Ao que tudo indica, esse terceiro corte dos juros do BCE vai dar um novo estímulo à queda das taxas Euribor, reduzindo ainda mais as prestações da casa. “As boas notícias para o mercado hipotecário continuam, porque continuaremos a ver como as renovações anuais de créditos habitação a taxa variável trazem grandes economias para as famílias”, comenta Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal.
Além disso, esta decisão do BCE também poderá representar uma mudança na oferta de créditos habitaçãoporque os bancos vão tentar competir para ter as melhores condições dos empréstimos a fim de atrair clientes. “A batalha de fim de ano entre os bancos garante que os empréstimos hipotecários poderão ser contratados nas melhores condições já vimos nos últimos dois anos”, acrescenta ainda Miguel Cabrita.
Também Julián Salcedo, presidente do espanhol Fórum dos Economistas Imobiliários, reconhece que se “abriu a guerra hipotecária entre entidades com taxas descendentes muito agressivas para atrair os melhores clientes e com bónus (mediante agregação de salários, seguros, etc)”.
O economista e consultor imobiliário Gonzalo Bernardos é outra voz que prevê uma nova guerra nos créditos habitaçãocom as novas reduções de juros. Para o especialista, esse cenário significa duas coisas: “A primeira é que muitas pessoas de classe média baixa que não tiveram acesso a um financiamento imobiliário em 2023, vão poder ter acesso agora. E a segunda é que os bancos, para compensar o menos que ganham por cada euro emprestado, emprestarão muito mais. Veremos uma guerra hipotecária”, antecipa.
Agora, o que tem se sentido em Portugal é uma avalanche de novas ofertas de crédito habitação a taxa mista, o tipo mais contratado atualmente. “Enquanto houver uma perspectiva de queda de taxas, as ofertas de taxa mista continuarão a ter peso nas ofertas dos bancos, uma vez que os clientes podem se beneficiar imediatamente da tendência de queda dos indexadores”, indica ainda Miguel Cabrita.
Quanto aos critérios de concessão dos créditos habitaçãoo Banco de Portugal concluiu que eles permanecerão “praticamente inalterados” até o final do ano, lê-se no mais recente Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito.
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Novas quedas da Euribor à vista: como ficam as prestações da casa?
Esse novo corte de juros do BCE deve dar, portanto, um novo impulso à queda das taxas Euribor até o final de 2024. Essa é a convicção da própria Christine Lagarde, presidente do BCE: “Esperamos ver uma folga […]não parando uma descida das taxas hipotecárias [Euribor] à medida que as taxas de juros continuam a cair nos próximos meses”, disse ele no final de setembro.
Os analistas de mercado também têm revisto em baixa as suas previsões para as quedas da Euribor nos próximos meses, admitindo que vão ficar em torno de 3% ou até abaixo desse patamar até o fim do ano (como já se vê no caso da Euribor a 12 meses). “Embora a incerteza sobre a situação do indicador no final do ano seja alta, mantemos nossa previsão de que a Euribor ficará em torno de 3% no final de 2024”, dizem os especialistas da Ebury Portugal ao idealista/news.
A estimativa do Bankinter é que a Euribor a 12 meses se fixar em 2,75% em dezembro de 2024 e a Euribor a 3 meses em 3,25%. E, para o ano que vem, admitem que o índice no prazo mais longo deve cair para 2,5% em 2025 e que a Euribor a 3 meses fique em 2,75%.
Se essas projeções para a queda da Euribor se confirmarem, significa que as prestações da casa vão ficar mais baratas, tal como mostram as simulações do idealista/créditohabitação, tendo em conta novos empréstimos habitação a taxa variável de 150.000 euros (com spread de 0,7% e prazo de 30 anos):
- ser para Euribor a 6 meses cair dos atuais 3,258% (média mensal de setembro) para 3% significa que as prestações mensais cairão dos atuais R$ 712 para R$ 690 (menos R$ 22);
- se a Euribor a 6 meses cair para 2,75%, as prestações da casa serão de 669 euros, uma redução de 43 euros em relação a quem contratou o crédito em outubro (que usa a taxa média mensal de setembro);
- se a Euribor a 6 meses cair para 2,5%, as prestações da casa vão fixar-se em 648 euros durante um semestre, menos 64 euros do quem contratou o empréstimo em outubro.
Enquanto os novos créditos habitação de taxa variável vão logo refletir as menores taxas Euribor, nos empréstimos existentes a descida deste indexante vai ser sentida só quando as prestações da casa forem atualizadas trimestral, semestral ou anualmente. E a redução das parcelas não será tão linear, já que depende do ano do contrato e do valor devido.
O que se antecipa também é que os créditos habitação mais baratos vão ser um novo incentivo à busca de casas à vendao que vai pressionar ainda mais o aumento dos preços das casas em Portugal, se a oferta de habitação não acompanhar essa evolução, como anteciparam vários especialistas ouvidos pelo idealista/news em setembro.
E isso já está a ser visível no nosso país: o número de casas vendidas em Portugal aumentou pela primeira vez em dois anos na primavera deste ano (+10,4%), segundo revelou o Instituto Nacional de Estatística (INE) em setembro. E a retomada das transações acabou mesmo acelerando os preços das casastendo subido 7,8% em termos homólogos.
Além disso, importa destacar que a procura de casas para comprar em Portugal – e de crédito imobiliário para financiar a aquisição – também já ganha novo estímulo com a isenção do IMT Jovem. E poderá aumentar ainda mais assim que a garantia públicaque possibilita o acesso a financiamento a 100%, ficar operacional, o que está previsto para o final do ano ou início de 2025.
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