Depois da semana passada a versão de Sinéad O’Connor de Zero se compara a você ter sido reproduzido em quadrinhos de Donald Trump nos estados norte-americanos de Maryland e da Carolina do Setentrião, os gestores do legado do artista falecido em julho pretérito estão a exigir que o ex-presidente dos Estados Unidos e verosímil candidato do Partido Republicano nas eleições deste ano deixe de usar a música da cantora irlandesa.
“É sabido que, ao longo de sua vida, Sinéad viveu de convénio com um código moral feroz, definido pela honestidade, amabilidade, justiça e pudicícia para com os outros. Foi, portanto, com indignação que soubemos que Donald Trump tem usado a sua versão icónica de Zero se compara a você nos seus quadrinhos”, escrevem os representantes de Sinéad num enviado.
“Não é excesso manifestar que ela teria ficado enojada, magoada e insultada” com a utilização do seu trabalho por segmento de “alguém a quem ela própria se referiu porquê um ‘demónio bíblico’”, acrescenta. Foi em 2020, numa entrevista à revista irlandesa Prelo quenteque Sinéad descreveu Trump nesses termos.
Esta não é a primeira vez que artistas ou seus representantes condenam o uso de sua música por segmento de Trump. Há um ano, o guitarrista britânico Johnny Marr, co-fundador dos Smiths, manifestou o seu desagrado com a utilização de Por obséquio, por obséquio, por obséquio, deixe-me conseguir o que quero, tema da histórica filarmónica inglesa que escreveu com o vocalista Morrissey. Há quase 15 anos, Marr já havia despovoado anos de elogios de David Cameron, ex-líder do Partido Conservador Britânico (2005-2016) e primeiro-ministro (2010-2016). “Pare de manifestar que gosta dos Smiths. Não, não gosta. Eu proíbo-o de gostar”, escreveu numa publicação no macróbio Twitter (moderno X).
Tal como Johnny Marr, o também Bruce Springsteen já rejeitou associações indesejadas com Trump. Em 2016, na altura da primeira campanha presidencial de Trump, o emblemático músico norte-americano mostrou a sua oposição ao uso de Nascido nos EUA, quando apoiou a candidatura de Hillary Clinton após a comitiva de Trump ter reproduzido o tema clássico num comício. A música já foi muitas vezes considerada tragicamente mal interpretada: ouça-se o refrão fora de contexto e não se compreenderá que a melodia é uma reflexão sátira sobre as dificuldades enfrentadas pelos veteranos da guerra do Vietnã em seguida o seu revinda à morada. Springsteen também já se opôs à sua apropriação por segmento do conservador Ronald Reagan, em sua campanha presidencial de 1984.
Adele, a filarmónica Aerosmith, os Beatles, Elton John, os Guns n’ Roses, Neil Young, Phil Collins, Prince, os REM, Rihanna, os Rolling Stones ou os White Stripes também fazem segmento de uma lista razoável de artistas que contestaram (ou eles próprios ou, no caso de artistas já falecidos, os seus representantes) a utilização da sua música em quadrinhos de Trump.
Escrita originalmente por Prince e gravada pelo seu grupo paralelo The Family em 1985, Zero se compara a você tornou-se popular com Sinéad O’Connor, que registou a sua versão em 1990. O tema tornar-se-ia a música mais emblemática do repertório da artista irlandesa, que se notabilizou também pela sua denúncia calorosa dos crimes da Igreja Católica.
A cantora, compositora e ativista foi encontrada sem vida em sua residência em Londres em 26 de julho de 2023. Tinha 56 anos. A necropsia declarou que morreu de causas naturais.
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