Setembro 28, 2024
Retorno da mineração de cobre na Argentina gera tensões

Retorno da mineração de cobre na Argentina gera tensões

O trecho das Cordilheiras dos Andes que abrange o sul do Peru, o setentrião do Chile e o noroeste da Argentina está entre as regiões mais ricas em minerais do mundo, incluindo vastos depósitos de cobre, necessário à transição energética global.

Porém, enquanto Chile e Peru estão entre os principais produtores de cobre no mundo, a Argentina desenvolveu pouco esse setor e não tem nenhuma mina ativa. A última mina a operar, a Bajo de la Alumbrera, na província de Catamarca, foi fechada em 2018. 

A construção de minas de cobre normalmente requer bilhões de dólares em investimentos, alguma coisa que não ocorreu na Argentina. Ou por outra, as empresas são frequentemente questionadas por organizações socioambientais quanto ao potencial de contaminação, às disputas sobre o uso da chuva e a outros conflitos nas áreas próximas às minas. 

Mas o desenvolvimento do setor é um objetivo do novo presidente prateado, Javier Milei, que propôs a flexibilização de normas ambientais na tentativa de incentivar sua exploração e atrair investimentos. Entre seus planos, está o extenuação da lei que protege as geleiras do país — importantes fontes de chuva e que podem ser afetadas pelas minas de cobre. 

Embora o governo prateado tenha aparentemente recuado da proposta, um pacote legislativo confirmado pelo Senado — publicado uma vez que Lei de Bases — pode resultar em uma ampla desregulamentação ambiental.

Até 2031, quando todos os projetos de cobre entrarem em operação, a Argentina poderá se tornar o sexto maior produtor do metal no mundo, com uma exportação média anual de US$ 8,4 bilhões, segundo a Câmara Argentina de Empresários de Mineração (CAEM). 

Oito projetos já estão em período avançada de desenvolvimento. Se pelo menos três deles entrarem em operação, a mineração poderia se tornar o terceiro setor prateado com mais exportações, diz Victor Delbuono, pesquisador do think tank prateado Fundar. 

“Isso permitiria lastrar o padrão de desenvolvimento historicamente centrado no setor agrícola e dinamizar outras áreas onde há poucas alternativas”, acrescentou Delbuono.

Cobre para a transição energética

O cobre é usado na fabricação de veículos elétricos, baterias, painéis solares e turbinas eólicas. Também é vital para integrar as redes elétricas que conectam as fontes de energias renováveis a casas e empresas.

Trabalhadores instalam painéis solares em usina fotovoltaica em Cafayate, Argentina

Trabalhadores instalam painéis solares em usina fotovoltaica em Cafayate, província de Salta, Argentina. Conforme a Sucursal Internacional de Virilidade, a expansão prevista da robustez solar poderia triplicar a demanda de cobre no setor (Imagem: Martin Zabala / Alamy)

A Sucursal Internacional de Virilidade informa que a demanda universal por cobre aumentará em 40% nas próximas duas décadas, caso seja cumprida a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C até o término do século. 

A demanda de cobre pressiona sua produção e eleva seus preços no mercado global. Em maio, o metal bateu o recorde de US$ 11 milénio por tonelada nos EUA e, segundo um relatório do banco Citi publicado em dezembro, pode chegar a US$ 12 milénio por tonelada em 2025.

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O Chile é o líder mundial na produção de cobre e, em 2023, foi responsável por 24% da oferta global do mineral. O Peru e a República Democrática do Congo vêm na sequência, com 10% cada. Pelas projeções do CAEM, a Argentina poderia responder por 5% da produção mundial até 2031. 

Apesar da grande demanda, entraves regulatórios podem atrasar o provimento. “As condições para a implementação de projetos são desafiadoras, com obstáculos políticos, sociais e ambientais maiores do que nunca”, observou Eleni Joannides, diretora de pesquisa da consultoria de mineração Wood Mackenzie. Ela destacou os exemplos de Chile e Peru, países produtores onde novas licenças socioambientais são difíceis de serem obtidas.

Ou por outra, a graduação de tempo também representa um enorme duelo: cada projeto leva, em média, 16 anos, desde a invenção das reservas até o início da exploração.

Exploração de cobre na Argentina

A próxima mina de cobre a ser inaugurada na Argentina é a Josemaría, na província de San Juan, em período de pré-construção. Seu proprietário, o Lundin Group, dos EUA, pretende colocá-la em operação entre 2026 e 2027. Com um dispêndio estimado de US$ 4 a 5 bilhões, a mina teria uma vida útil de 19 anos e exportações anuais projetadas em US$ 1,1 bilhão.

Também em San Juan está a mina Los Azules, da mineradora canadense McEwen Mining. Graças à sua localização privilegiada em termos logísticos, espera-se que ela exija metade do volume de investimentos da mina Josemaría — além de dez milénio toneladas anuais de cobre e oito anos de vida útil a mais em relação ao outro projeto.

“Estamos estrategicamente localizados a exclusivamente alguns quilômetros da rede elétrica e em uma altitude relativamente baixa em verificação com a média da região, reduzindo os custos de transporte”, disse o presidente da mina, Michael Meding. Ele acrescentou que, quando principiar a produção, Los Azules seria responsável por tapume de 35% do resultado interno bruto da província. 

Os demais projetos de exploração de cobre na Argentina, que estão em diferentes estágios de desenvolvimento, incluem El Pachón, Filo del Sol e Altar, também em San Juan; Taca-Taca, na província de Salta; Mara, em Catamarca; e San Jorge, em Mendoza. 

A crise econômica e as incertezas legais da Argentina dificultam o progresso do setor, segundo Juan Pablo Perea, secretário de Mineração da província de San Juan. Ao Dialogue Earth, ele afirmou: “Os fatores macroeconômicos do país e suas políticas regulatórias devem fornecer uma estrutura de previsibilidade e competitividade para atrair os investimentos necessários”.

Ameaço às geleiras

As geleiras são a principal natividade de chuva para tapume de 70% dos argentinos. A Lei de Geleiras da Argentina estipula que os poços escavados para a mineração não podem estar em um envolvente periglacial — ou seja, a extensão na borda de uma geleira, com solos frequentemente congelados, que atua uma vez que um regulador da chuva.

Geleira Perito Moreno na província de Santa Cruz, na Patagônia argentina
Geleira Perito Mulato na província de Santa Cruz, na Patagônia argentina. As geleiras são protegidas pela legislação argentina, mas o governo Milei procura alterá-la para permitir a mineração próxima a elas (Imagem: Linda De Volder / Flickr, CC BY-NC-ND)

Mas a Instauração Envolvente e Recursos Naturais (Farn) diz que a construção da mina Josemaría violaria essa lei. Em um transmitido, a organização diz que o estudo de impacto ambiental realizado pela mina e relatórios técnicos independentes mostram que o projeto a firmamento simples poderia passar uma geleira rochosa e que um dos locais de armazenamento de rejeitos da mina estaria em uma extensão periglacial.  

Embora o secretário Perea acredite que as geleiras “sejam intocáveis” e protegidas por lei, o governo de Milei já tentou modificá-la, sem sucesso, para permitir a mineração em áreas periglaciais. 

Outra grande preocupação de ambientalistas é o consumo de recursos hídricos pela mineração de cobre. A Farn identificou que, antes de ser fechada, a mina Bajo de la Alumbrera consumiu mais de 25 bilhões de litros de chuva por ano. 

“Isso equivale a 34% da chuva consumida por todos os habitantes da província de Catamarca”, disse Leandro Gómez, coordenador de políticas ambientais da organização. “O impacto do estresse hídrico tem se refletido ao longo dos anos na redução das áreas cultivadas, na menor produção agrícola e na perda da qualidade das colheitas”. 

Em seu site, a CAEM afirma que a mineração na Argentina representa menos de 1% do consumo de chuva do país e que, desse totalidade, a grande maioria é recirculada por meio de circuitos fechados nas operações de mineração. Meding, presidente da mina Los Azules, disse que as instalações consumirão entre 150 e 250 litros de chuva por segundo. “Isso é o mesmo que um vinhedo médio em San Juan, que emprega exclusivamente 20 pessoas”, afirmou.

Da mesma forma, a mina Josemaría afirma em seu site que seus circuitos fechados recuperarão o supremo de chuva verosímil. “A chuva subterrânea será usada uma vez que principal suprimento, proveniente de poços próximos à usina”, disse a empresa. Ela ressaltou que a aprovação de seu relatório de impacto ambiental em abril de 2022 comprova o cumprimento dos padrões exigidos.

River running through canyon

Cânion do rio Jáchal, em meio às montanhas da província de San Juan, Argentina. A contaminação por mercúrio foi detectada no rio em seguida o vazamento de uma mina de ouro da canadense Barrick Gold em 2015 (Imagem: Jon G. Fuller / Alamy)

Apesar das promessas por empresa de adotar práticas menos nocivas ao meio envolvente, comunidades próximas não estão convencidas. O uso excessivo de chuva pelas minas é a “preocupação mais séria” para Domingo Jofré, membro do coletivo Jáchal No Se Toca, criado em 2015, em seguida um vazamento de mercúrio e cianeto no rio Jáchal, em San Juan. O efusão tóxico foi provocado por uma mina de ouro da canadense Barrick Gold. 

“Nosso rio Jáchal contribui com três metros cúbicos [de água por segundo] para a hidrelétrica Cuesta del Viento, a mesma quantidade que a Josemaría consumirá”, afirmou Jofré.

‘Cobre virente’ ganha espaço

As mineradoras presentes na Argentina dizem trabalhar em toda a cárcere de produção para exportar o que chamam de cobre virente — com uma pegada de carbono supostamente menor — em resposta às demandas ambientais dos mercados internacionais. Essa forma de produção do metal faz um uso mais eficiente da chuva e emprega maquinário elétrico ou caminhões movidos a hidrogênio virente para reduzir as emissões de CO₂, explicou Victor Delbuono, do think tank Fundar.

Na mais recente edição de um dos maiores eventos de mineração do mundo, a cúpula da Prospectors & Developers Association of Canada, o subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Virilidade do Departamento de Estado dos EUA, José Fernández, ofereceu financiamento para o desenvolvimento do “cobre virente” na Argentina, com a requisito de que as empresas trabalhem para corrobar sua sustentabilidade ambiental.

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O legado prateado na Alemanha, Fernando Brun, acrescentou que o Banco Germânico de Desenvolvimento poderá oferecer crédito à construção de linhas de transmissão para transportar a eletricidade produzida por fontes renováveis até os projetos de mineração na Argentina. “O objetivo é que os minerais necessários para a transição energética, uma vez que o lítio e o cobre, tenham uma pegada de carbono muito baixa”, disse Brun ao Dialogue Earth

O Lundin Group, responsável pela mina Josemaría, anunciou que construirá uma risco de subida tensão de 300 quilômetros para eletrificar toda a operação. Ou por outra, a produção seria abastecida por robustez renovável, minimizando o consumo de diesel. 

Já a McEwen Mining, da mina Los Azules, afirmou que espera obter a neutralidade de carbono até 2038 “por meio do uso de tecnologias emergentes e compensações”. Ela planeja extrair cobre por meio de lixiviação em rima, método de produção que consome menos robustez e tem um impacto ambiental menor do que as técnicas tradicionais. 

No Chile, onde o cobre representa 11% do PIB, o país quer ocupar um nicho no “cobre virente”. A estatal chilena Codelco disse ter apanhado 100% de rastreabilidade na produção de cobre em 2021 e, até 2030, espera reduzir suas emissões em 70%, o consumo de chuva em 60% e os resíduos industriais em 65%. 

“Os países mineradores que não conseguirem progredir rumo à mineração [mais verde] poderão enfrentar uma redução na produção, já que os mercados diferenciarão os minerais com essas características dos demais”, alertou um relatório do Senado do Chile em 2022, com contribuições de mais de 150 pesquisadores, representantes do setor e cidadãos.

Não achamos que seja verosímil falar em mineração ‘sustentável’ ou cobre ‘virente’

Leandro Gómez, coordenador de política ambiental da Farn

Apesar do crescente compromisso ambiental pelo setor, a Farn critica o uso do termo “cobre virente”, que, para a entidade, não passa de greenwashing. “Eles continuam promovendo uma atividade que, por definição, envolve a extração de minerais finitos. Não acreditamos que seja verosímil falar em mineração ‘sustentável’ ou cobre ‘virente’”, disse Leandro Gómez.

“A extração em larga graduação tem uma série de impactos ambientais e sociais que, dependendo do método, tendem a consumir grandes quantidades de chuva e robustez”, acrescentou Gómez. À medida que os projetos de “cobre virente” avancem, ambientalistas temem que eles repitam os problemas das minas tradicionais. 

Tanto os ambientalistas quanto o setor de mineração aguardam definições do Congresso prateado: aprovada pelo Senado, a Lei de Bases passará por uma novidade votação na Câmara de Deputados.

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