Junho 17, 2025
Richard Serra, o gigante |  Opinião

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Na história da estátua contemporânea destaca-se, a meu ver, poucos artistas tão radicais, consequentes e influentes uma vez que Richard Serra. Zero ficou uma vez que era depois da obra deste gigante. Desde o emergência, a meio dos anos 60, de todo um conjunto de artistas norte-americanos (normalmente denominados pós-minimalistas) que as linguagens canónicas esculturais, sobretudo uma vez que que fizeram uso da verticalidade antropomórfica e hierárquica, não foram unicamente postas em culpa e destruídos uma vez que, simultaneamente, todo o seu campo de possibilidades foi expandido muito para além de qualquer teoria de forma enquanto objetivo final cristalizado em si mesmo. Diversa das linguagens “duchampianas”, a sua pesquisa dirigia-se sobretudo para uma teoria de antiforma (ou antiformalismo) “não escultural”, preferindo a horizontalidade, a sisudez, e o possibilidade uma vez que fator generativo e performativo das obras, em divergência com a teoria de “objeto específico” que as teorias do minimalismo preconizavam. A estátua passou a ser não unicamente a forma contida num material, uma vez que o próprio material em si mesmo (utilizando sobretudo produtos industriais, de uma forma direta e sem qualquer efabulação ou prestidigitação, “Isso é isso, isso não é isso”) e a ação e movimentos que dão origem a essa forma ou que se prolongam no espaço e no tempo. Reunir, vergar, amarrotar, trinchar, torcer, envolver, prensar, estribar, pisar, rasgar, percorrer, lançar… todas as forças que um corpo pode praticar sobre um material podem tornar-se a obra em si mesma, não no sentido performativo ( embora, muitas vezes, registrado em filmagens) mas, sobretudo, uma vez que vestígio material mais ou menos perene.

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