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Em Torres Novas, a população saiu à rua para se manifestar contra a vedação do entrada à nascente do rio Almonda. Um processo que se arrasta há anos, numa luta entre populares e a empresa Renova. O motivo é uma vedação que impede o entrada à nascente do rio Almonda, que os habitantes dizem ser de uso público.
A nascente do rio Almonda voltou a lucrar vida. Nas margens que foram fechadas há quatros anos, juntaram-se dezenas de moradores, que reivindicam o entrada livre a um espaço que dizem ter sido tirado à população.
“Já houve várias vedações, os locais foram retirando e a Renova voltava a pôr. Tem havido esta escaramuça que não beneficia ninguém”, diz Pedro Ferreira do Movimento “Um coletivo”.
Pretérito um ano, estas pessoas voltaram a manifestar-se, depois do Ministério Publico ter arquivado uma queixa da empresa Renova contra estes ambientalistas.
“Queremos mostrar que ninguém deve ter susto sobretudo agora que o caso foi arquivado. Temos todos os motivos para voltar cá”, afirma Pero Ferreira.
Voltam com um propósito, o de restaurar uma nascente que em tempos era de entrada livre.
“Há recordações deste espaço com vida, com uma atividade económica enquadrada com esta zona, com crianças ao banho, mesmo já com a Renova a laborar, com pessoas a lavar a roupa. Uma simetria que não é aquela que nós vemos agora”, explica o membro do Movimento “Um coletivo”.
António Correia, é o último proprietário de um terreno junto a esta nascente.
“Já tentaram negociar connosco, mas nós não vendemos. É uma questão de princípios. E também se vendêssemos, é o término disto tudo. Iam fechar, de certeza, e nunca mais ninguém vinha cá sem autorização de quem comprasse”, diz Antónia Correia, proprietário de um terreno na zona.
A população tentou ainda chegar a um consenso com a fábrica de papel, mas sem sucesso.
“Não se mostrou disponível para negociar grande coisa. Disseram, até, que iam unicamente repensar a remoção da vedação. Até agora não obtivemos resposta”, explica Pedro Ferreira.
Há dois anos a população apresentou uma petição à Câmara Municipal para ter entrada livre à nascente. No entanto, pretérito um ano o problema persiste.
“Interessa unicamente o interesse poupado (…) Se há alguma coisa que implica a Renova, a câmara não faz. Dizem-nos que o último contacto, na tentativa de negociação, que fizeram com a Renova foi em agosto do ano pretérito e, até portanto, não voltaram a tentar contactá-los, nem tiveram uma resposta”, acrescenta Pedro Ferreira.
A SIC tentou contactar com o Município de Torres Novas mas até ao fecho desta reportagem não recebemos qualquer resposta. Já a empresa defende que:
“Desde há várias décadas que a Renova tem a preocupação ordenado de proteger a nascente do Almonda de qualquer ação humana”, diz a empresa em enviado
A produtora de papel alega ainda que não existem condições de segurança para que o espaço seja utilizado pela população, com exceção de quem visitar a fábrica da Renova.